Adriano RibeiroEm pleno mês de Julho e com o tempo a convidar, são noticiadas centenas, para não dizer milhares, de iniciativas que acontecem por todo o país. São desenvolvidas pelas colectividades espalhadas pelos quatro cantos do nosso mundo português, respeitando as mais profundas raízes e tradições populares, a par da organização de espectáculos de grande nível artístico, produzidos pelo Movimento Associativo Popular (MAP), especialmente aos fins-de-semana, aproveitando a presença dos nossos emigrantes que tanto os apreciam.

O MAP não é só folclore, mas é um pouco disso que quero falar.

É um autêntico rodopio o que se verifica, principalmente a nível do folclore, com os ranchos a participarem nos festivais de cada rancho e a convite de cada um.

É uma altura em que se pretendermos contactar este ou aquele rancho para este ou aquele espectáculo que se quer, neste momento, organizar, se recebe como resposta: “agora não, porque sábado vamos para a região de Trás os Montes e no domingo temos de sair de manhã cedo para a região Centro; e no próximo fim-de-semana temos de estar no Alentejo” e por aí adiante.

O mesmo, mas no sentido inverso, acontece com visitas às nossas terras, de ranchos das mais diversas regiões do país, a participar nos festivais dos ranchos das nossas redondezas.

É tremendo o esforço desenvolvido pelos dirigentes do MAP, para manterem nesta altura, este constante rodopio.

Mas é preciso também reconhecer que, sem o apoio (tantas vezes insuficiente) das autarquias, este esforço seria muito maior.

E quase todas as autarquias, para não dizer todas, aproveitam esse apoio para publicamente o anunciar, em reforço da sua própria imagem.

Mas há coisas que não se podem esquecer e, por isso, é necessário relembrar.

Segundo a Constituição da República Portuguesa essencialmente no seu Artigo 78, n.º1 e 2, “Incumbe ao Estado, em colaboração com todos os agentes culturais: alínea a) Incentivar e assegurar o acesso de todos os cidadãos aos meios e instrumentos de acção cultural, bem como corrigir as assimetrias existentes no país em tal domínio”.

E ninguém se pode esquecer de que as autarquias também são Estado. E acima de tudo, que se não fossem as Associações Culturais e Recreativas deste país, integradas no MAP, que Cultura e Recreio é que poderíamos ter desfrutado proporcionada pelo «Estado-Autarquias» à imagem do que temos sido testemunhas? Os espectáculos de dezenas de milhares de euros, com um ou outro artista de “nome”, cujo dinheiro daria para dar uma enorme mais-valia ao MAP, ao envolver múltiplas camadas da nossa população, que dele usufruiria.

Não há nada que se compare ao Movimento Associativo Popular.

E sem este Movimento Associativo Popular Portugal seria, sem dúvida, um país muito mais pobre.