O presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira voltou a defender, esta segunda-feira, durante a cerimónia onde foram distinguidas as 100 maiores empresas do concelho, a necessidade de trazer a linha ferroviária até Paços de Ferreira. Humberto Brito aproveitou a presença do ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, para lhe entregar um manifesto subscrito pelas maiores empresas com sede no município, nas quais trabalham cerca de 3000 pessoas, que geram um volume de negócios superior a 384 milhões de euros, dos quais mais de 280 milhões se referem a exportações, e apelando ao Governo que ajude o concelho a avançar com este projecto. O documento foi também subscrito pelo presidente da Câmara de Paredes, Celso Ferreira, pelo presidente da Junta de Freguesia de Lordelo, Nuno Serra, pelas direcções de todos os Agrupamentos de Escolas do concelho, pelos serviços prisionais de Paços de Ferreira e pela Associação Empresarial de Paços de Ferreira, informou o autarca.

“Este manifesto significa que, como nós, há instituições e entidades que acreditam ser possível investir na ferrovia. Solicitamos, senhor ministro, que considere nos investimentos um traçado que permita dotar o concelho de Paços de Ferreira de tal infra-estrutura, a bem da competitividade das suas empresas, da qualidade de vida das suas populações, da sustentabilidade do ambiente e da economia da região e do país”, apelou Humberto Brito, considerando esta uma “ânsia colectiva”.

Dizendo que o Governo a começar a perspectivar a mobilidade do país até 2030 para definir os grandes investimentos a realizar nessa área, o ministro do Planeamento e Infra-estruturas prometeu olhar para o documento. “Olharemos com muita atenção para o trabalho desenvolvido no concelho, para o que as forças económicas e políticas nos apresentam e olharemos de forma mais global para a mobilidade na região”, afirmou Pedro Marques.

“Paços de Ferreira não conseguirá ombrear com outras cidades enquanto não dirimir esta enorme lacuna da mobilidade”

Humberto Brito já tinha prometido, durante a apresentação da sua recandidatura à presidência da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, que ia abraçar a luta pela ferrovia no concelho.

Esta segunda-feira, o autarca deu mais um passo, lançando o apelo ao ministro do Planeamento e Infra-estuturas para que inclua essa obra nas prioridades do Governo.

O autarca começou por destacar a dinâmica do concelho que tem mais de 5.000 empresas que geram um volume de negócios superior a 1,1 mil milhões de euros anuais, dos quais 400 milhões correspondem a exportações.

“Depois de termos sido capazes de resolver os principais problemas, as grandes questões prioritárias, e de colocar as contas do município em ordem, é tempo de avançarmos para novos desafios”, defendeu.

E um desses desafios passa por resolver o problema da falta de mobilidade no concelho, tanto interna como externa. A A42 encarece os custos das empresas e dos cidadãos e já não é suficiente.

“Paços de Ferreira não conseguirá ombrear com outras cidades enquanto não dirimir esta enorme lacuna da mobilidade. Sabemos que o actual Governo tem como prioridade a aposta na ferrovia, tendo definido a estratégia da rede ferroviária 2014-2050. O território do Município de Paços de Ferreira e das freguesias adjacentes, bem como a sua componente populacional e empresarial, enquadram-se totalmente no foco da estratégia nacional para o desenvolvimento da ferrovia”, sustentou Humberto Brito, sobretudo para aproximar ainda mais o concelho e as suas empresas de importantes terminais de transportes de mercadorias aéreo, marítimo e ferroviário.

“O Governo está agora a fazer o trabalho de casa para saber que grandes investimentos irá apoiar”

Depois de elogiar as empresas e a pujança económica do concelho, Pedro Marques não fugiu à questão, mas também não deixou certezas nem promessas.

“Não posso deixar de responder ao desafio que me deixou. Com certeza que um concelho e uma região mais competitiva é uma região com maiores índices de mobilidade. O panorama económico deste concelho mudou profundamente, tem uma dinâmica económica assinalável e uma dimensão exportadora e uma mobilidade de pessoas e mercadorias muito mais forte, e é preciso revisitar a mobilidade”, sustentou o ministro.

O governante adiantou que, neste ano e no próximo, estará a ser elaborado o programa de mobilidade 20/30, que vai perspectivar toda a mobilidade do país até 2030, e que a mobilidade do concelho e da região será avaliada nesse âmbito.

“Há uma tendência de alteração brutal da mobilidade com a descarbonização, com o transporte colectivo com a mobilidade urbana e suave. Tudo isto nos obriga a repensar a mobilidade. O Governo está agora a fazer o trabalho de casa para saber que grandes investimentos irá apoiar num ciclo posterior ao Portugal 2020. Com certeza que a mobilidade metropolitana tem que ser pensada e discutida”, referiu Pedro Marques, garantindo que vai olhar para o projecto apresentado por Paços de Ferreira.