Fazer qualquer coisa de jeito

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Quem, à distância, vai olhando estes dois anos de representantes do PS no poder em Paredes, que é coisa bem diferente de uma gestão socialista, apercebe-se que, contrariamente ao que todos esperávamos, infelizmente, pouco ou nada mudou. Dizemos infelizmente porque somos dos que não conseguimos vislumbrar grandes virtudes nas gestões anteriores do PSD em Paredes. Aliás, achávamos mesmo que pior seria impossível e, por isso, demos a nossa opinião enquanto cidadãos ativos e interessados no desenvolvimento da terra onde nascemos e vivemos.

Conhecemos por dentro os 17 anos da gestão de Jorge Malheiro e do CDS. Temos, sobre os 24 anos no poder do PSD, no concelho de Paredes, as ideias que, sem medo e com convicção, expressamos. São pessoais, públicas e transmissíveis através das centenas de artigos que sobre esses tempos escrevemos. Nestes 24 anos dividem-se bem os 12 de Granja da Fonseca da outra dúzia de Celso Ferreira.

É, por isso que a chegada do PS ao poder, apesar de representado por eleitos que ou não couberam nas listas dos outros partidos ou, à pressa, se inscreveram como socialistas, apesar disso, ainda vislumbramos alguma esperança porque, para nós, em democracia, mudar pode ser virtuoso, se e quando a mudança se revela boa alternativa.

Não precisamos de muito tempo para perceber que o actual presidente da câmara, apesar de ter estado 8 anos no órgão executivo a que preside há 2 anos (dez anos, portanto) não tinha mostrado qualquer rasgo ou iniciativa que nos fizesse reparar nele, afinal, também não tinha nada de muito novo para nos mostrar.

A culpa, claro, não é dele. A culpa reside, em primeiro lugar, nos dirigentes do PS/Paredes que todos os anos anunciavam que iam deixar a direcção do partido aos mais novos para “não se perpetuarem” no poder apesar de já lá se encontrarem há quase tanto tempo como Salazar durante o antigo regime. Estavam e estão.

Aliás, são esses “agarrados” que devem ao PS a falta de afirmação e implantação do partido no concelho, durante os tempos do CDS, por se contentarem com uns “taxitos” que davam umas coroas no tempo de Malheiro, de quem foram aliados. São esses “politico-dependentes do PS” que, durante os mandatos de Granja da Fonseca, se submeteram aos caprichos e às ordens da mediocridade de personagens políticas como Artur Penedos que, a todo o custo plantaram em Paredes, sabendo que mais do que um candidato à câmara estavam a ajudá-lo a garantir um lugar ao amigo no Parlamento como deputado. Foram também esses mesmos dirigentes que, por incompetência, permitiram que o ciclo de poder do PSD em Paredes se estendesse por mais 12 anos do que, normalmente, tem qualquer ciclo de poder autárquico.

Fica muito para dizer ainda e não faltará muito para se saber mais. Está na hora de chamarmos “os bois (boys) pelo nome”, como diz o povo. Assunto a que voltaremos brevemente.

Voltemos ao que nos trouxe aqui: a mudança.

Resumamos, então, por hoje, que não por fim, as diferenças que não vislumbramos.

O anterior presidente, Celso Ferreira, afirmava-se por “ fazer bem as coisas certas”. Não fez as coisas certas, acertou mais nas erradas e as que podiam vir a dar certo ficaram pelo caminho.

Alexandre Almeida, o atual presidente, quer afirmar-se pela mudança. Mas, afinal, mudou o quê? Nada. Copia o antecessor até na falta de respeito processual.

Este mandato ficará marcado por aquilo de quem ainda ninguém falou: a tentativa do atual presidente conseguir um mega-processo judicial contra Celso Ferreira e este, por sua vez, tentará mostrar que, no que houver de errado, teve a conivência política de Alexandre Almeida porque este participou, enquanto vereador da oposição, nas deliberações do executivo a que ambos pertenciam.

Não se pense, porém, que Celso Ferreira, ficará de mãos nos bolsos. Para o ex-presidente da câmara, Alexandre Almeida prega como Frei Tomás: olhai para o que ele diz, não olheis para o que ele faz. E não faltará muito para que o PSD, agora na oposição, faça o que o PS não soube fazer ao PSD: participar ao Ministério Público os desvios à lei que o PSD acha que Alexandre Almeida já fez.

E assim, mais hora menos hora, descobriremos que a gestão do município de Paredes se resumirá ao exacerbar das rivalidades ancestrais entre as freguesias de Rebordosa e Lordelo, sem se saber o que cada uma ganha ou perde nesta disputa, mas com a certeza de que todo o restante concelho sairá, mais uma vez, prejudicado.

 

O fascínio da imagem

Enquanto os autarcas se refastelam enchendo a pança em almoços e jantaradas, os trabalhadores da fábrica de cogumelos “Sousacamp” temem pela barriga vazia que resultará dos seus despedimentos.

Que fez a autarquia para salvar os postos de trabalho criados com a ajuda dos impostos dos paredenses? Onde param as fotografias com os autarcas da câmara e da junta de freguesia na defesa dos trabalhadores?