Beatriz Correia, de Paredes, conquistou o primeiro lugar no Concurso de Melão Casca de Carvalho. Praticamente toda a família está envolvida na produção num terreno com cerca de dois hectares, dividido por Joaquim Correia e a mulher, Isabel Correia, pelo filho e nora e pela filha mais nova.

“Todos nos inscrevemos porque temos vários meloais, mas todos por parcelas, ou seja, uns mais cedo outros mais tarde e outros mais para o final. Este é do meu filho e da minha nora e é dos mais tardeiros e de onde saiu o melão dos bons”, explica Joaquim Correia.

Os prémios já não são novidade para esta família de Bitarães que já venceu o primeiro, segundo e terceiro e ainda o de “melhor melão”. “Foi um gosto receber este primeiro prémio”, comenta Isabel Correia, que garante que “é preciso tratar bem” dos melões logo no início da produção.

Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

A tradição da produção deste fruto já vem dos pais de Joaquim Correia, há cerca de 30 anos. Tem agora 52 e diz que “desde muito novo” começou a lidar com esta área, mas que tem vindo a modernizar-se. “Hoje não utilizo nada do que os meus pais usavam porque isto está fora de moda devido às doenças novas que aparecem e não posso utilizar aqueles produtos que usavam porque se assim fosse eu hoje não tinha melões. Tenho que me actualizar conforme os tempos”, refere Joaquim Correia.

“É preciso uma exigência terrível, ou seja, uma cultura destas de melão como eu faço, que tem a rega gota a gota, que semeia tudo com plásticos para evitar ervas, bicharadas exige muito cuidado. Esta cultura eu acho que devia ser chamada uma cultura de sábios, porque não é qualquer pessoa que sabe fazer”, acredita. Aconselha ainda que “os melões devem ser divididos e estarem distantes uns dos outros para não haver doenças a pegar uns aos outros”.

Justifica o preço mais elevado deste tipo de fruto pela quantidade que é desperdiçada em todas as produções. “Só 30 por cento de uma produção é que é comestível por pessoas, o restante serve para os animais ou para deitar fora. Tem um preço elevado devido a pouco ser aproveitado porque senão andava ao preço do melão branco. Este ano, se calhar, só 20 por cento foi aproveitado”, acrescenta.

A produção dos melões para este concurso começou há cerca de quatro meses. Em Abril são plantados e no princípio de Agosto colhidos. Se o concurso tivesse sido há oito, quinze dias, Joaquim Correia acredita que havia “ainda melhores melões”.

O segredo para descobrir se o melão é bom ou não antes de o abrir não é fácil, mas este produtor garante que é preciso que tenha os pés verdes, ao tocar tem que se sentir que esteja “tão cheio como a palma da mão”, ou seja, não pode ser oco e, ao colocar em água, tem de ir ao fundo.

Foto: Agostinho Pinto, Isabel Correia e representante de Luís Silva | Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

O segundo e o terceiro prémios foram conquistados por Luís Silva, do Marco de Canaveses, e por Agostinho Pinto, de Lousada.

Neste concurso, participaram 19 produtores de cinco concelhos da região do Tâmega e Sousa e José Rocha, grão-mestre da Confraria do Melão Casca de Carvalho, acredita que foi um número “bastante superior ao habitual”.

Quanto ao júri, é composto por cinco elementos da confraria, ligados à investigação e também apreciadores do fruto. Avaliam o aspecto exterior do melão – que, de acordo com esta região (isto porque existem três variedades do melão casca de carvalho), deve ter umas manchas verdes na casca e a polpa deve ser da cor “salmão vivo” -, mas essencialmente o sabor.

Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

“Este ano, os sabores não eram fantásticos, mas tivemos melões razoáveis”, explica, referindo que as causas estão relacionadas com o clima: “Noites frias e temperaturas baixas”. “Foi mais difícil manter o meloal porque as condições foram más, mas os melões estão aqui, os produtores estão de parabéns”, acrescenta.

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