Um estudo encomendado pela Recivalongo à empresa Biota concluiu que a actividade do aterro em Sobrado não gera insectos prejudiciais à saúde pública.

“Com base nos dados recolhidos não foram encontradas evidências de que a actividade da Recivalongo possa ter um papel de promoção de comunidades de insectos que sejam prejudiciais para a saúde pública, ou mesmo potenciadoras de incomodidades para as populações”, refere o documento, apresentado aos jornalistas em conferência de imprensa.

Recorde-se que têm sido constantes as queixas sobre pragas de mosquitos e baratas. Recentemente a Associação Jornada Principal, que luta pelo encerramento do aterro, trouxe a público imagens de dezenas de populares afectados por picadas de insectos que atribuem à proximidade do aterro às habitações.

“A única espécie que representa um risco para a saúde pública detectada foi a espécie exótica e invasora da vespa asiática”

O estudo da Biota foi feito com base em levantamentos de campo realizados entre Julho e Novembro de 2019 e Março e Junho de 2020. Foram recolhidas amostras de insectos mensalmente, quer no aterro da Recivalongo e zona envolvente quer numa zona de controlo, para comparação, a 1,5 quilómetros de distância, uma área rural junto ao cemitério de Sobrado, explicaram os técnicos da consultora que realizou o trabalho.

Os espécimes de insectos registados eram, na maioria dos casos, “característicos das zonas rurais” e “inofensivos”.

“A única espécie que representa um risco para a saúde pública detectada foi a espécie exótica e invasora da vespa asiática cuja presença não pode ser relacionada com a actividade da Recivalongo, que foi comunicada à GNR”, referiu Catarina Azinheira, coordenadora do estudo, que vai ser desenvolvido por mais anos. “O resto dos animais identificados não apresenta problemas em termos de saúde pública ou incomodidades”, salientou.

Também Pedro Henriques, técnico que andou no terreno, referiu que “a maior parte dos insectos eram moscas que se alimentam de néctar e não de sangue”. Foi ele que definiu a zona de comparação, tendo o objectivo sido o de “escolher uma área perto das zonas urbanas, com uma vegetação como a que existe na envolvente ao aterro, mas que estivesse junto das zonas críticas”.

Questionado sobre as imagens divulgadas pela Associação Jornada Principal, sobre as picadas de insectos registadas e denunciadas às autoridades de saúde, Pedro Henriques sustentou que “as picadas podem ser de vespas parasitóides”, sendo que os efeitos dependem “da quantidade de veneno injectado, do estado de saúde da pessoa, da sensibilidade ao próprio veneno”. “Trata-se de vespas que existem em todo o lado”, salientou, garantindo que “não foram detectados mosquitos preocupantes para a saúde pública como os que transportam malária ou dengue”.

Já sobre as alegadas pragas de baratas, confirmou terem “sido encontrados três animais na zona de controlo e dois na Recivalongo”. “Acredito que se fizéssemos um estudo dirigido para a ordem das baratas, com certeza que com armadilhas específicas para esse tipo de animal iríamos ter resultados com mais abundância”, referiu quando confrontado com as queixas da população.

Ao Verdadeiro Olhar, a Recivalongo volta a frisar que o aterro em Sobrado cumpre toda a legislação e é alvo de monitorizações regulares para controlar todos os possíveis impactos. Deste estudo foi dado conhecimento a todas as entidades fiscalizadoras e licenciadoras e a todas as que pertencem à comissão de acompanhamento ao aterro criada. “Há desinformação da população e uma utilização de argumentos errados. Ninguém quer uma infra-estrutura destas por perto, mas os aterros são necessários”, referiu Marco Marques, do apoio à administração da Recivalongo, falando em “fake news” e argumentos “exacerbados” pela aproximação das eleições.

Recorde-se que, recentemente, a Associação Jornada Principal denunciou a existência de pragas de baratas e de ratos de dezenas de pessoas afectadas por picadas de insectos. Foi também já interposta uma acção popular que visa encerrar o aterro.