Primeiro explicações, depois movimentos simples apoiados em objectos do dia-a-dia, como garrafas e paus que poderiam ser de vassoura, e, no fim, um pezinho de dança para quem quis. “A dança faz mexer tudo”, explicam as enfermeiras do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) aos cerca de 40 utentes da Associação para o Desenvolvimento Integral de Lordelo (ADIL) que fizeram, durante cerca de uma hora, exercícios físicos que são importantes para potenciar o fortalecimento muscular, o equilíbrio e a flexibilidade. “O objectivo é mexerem-se e não ficarem parados. Quanto mais se mexerem menos dores vão ter”, garantem as enfermeiras aos seniores.

O projecto “Promover o Envelhecimento Activo”, dirigido à população idosa da área de influência do centro hospitalar, teve, esta quarta-feira, a segunda sessão em Paredes. A meta é aumentar a qualidade de vida dos seniores e diminuir a taxa de internamento por quedas.

“Em 2018, tivemos 2.700 internamentos na Ortopedia e 40% dos utentes têm acima de 65 anos. Dão entrada, a maior parte das vezes, por fracturas causadas por quedas devido à perda de mobilidade. Com esta iniciativa tentamos que se mantenham o mais activos possível e evitar a taxa de internamento por quedas. Isto aumenta a qualidade de vida e o nosso objectivo não é só prevenir a queda e a fractura. Mesmo que isso aconteça, depois de uma cirurgia isto vai facilitar, e muito, o processo de recuperação, o que vai dar mais qualidade de vida”, garante Carla Sousa, uma das três enfermeiras responsáveis pelo projecto.

Garrafas e vassouras, tudo serve para fazer exercício, mesmo que seja sentado

Uma a uma, as enfermeiras Carla Sousa, Joana Rocha e Paula Neto explicam aos idosos os pequenos gestos, simples, que podem ter, mesmo sentados e a ver televisão, que lhes vão dar mais força muscular nos braços e pernas. São incentivados a repetir em casa os movimentos que aprenderam.

De garrafas ou paus na mão, os utentes da ADIL repetem os exercícios e reconhecem a importância do exercício físico.

Antes, ouviram conselhos. Primeiro do presidente do conselho de administração do CHTS, que acompanhou a sessão. “Isto é para terem energia e mais genica. Se vocês não tiverem de ir para o hospital é melhor. Tudo o que puderem fazer para melhorar a vossa qualidade de vida é bom para todos”, garantiu Carlos Alberto.

Depois foi a vez de Carla Sousa explicar ao que vieram. “Estes são exercícios que achamos importantes para que o vosso dia-a-dia seja mais fácil. Exercícios muito simples que vocês podem fazer com objectos que têm em casa, para manter as vossas articulações mais activas e força muscular, para que consigam ser o mais autónomos possível dentro das vossas limitações”, disse. Falando das quedas, que afectam muitos dos utentes do serviço de Ortopedia, a enfermeira salientou que às vezes são causadas por coisas simples, como tropeçar num tapete ou degrau, coisas que se podem prevenir.

“Mas se essas quedas acontecerem, os doentes com mais mobilidade facilmente recuperam. Quando têm mobilidade e força muscular ao outro dia já os conseguimos levantar. Se não tiverem força muscular é mais difícil e aumenta o tempo de internamento, o que é mau para vocês e para nós e aumenta os custos do Serviço Nacional de Saúde”, sustentou Carla Sousa.

Em grupo, é mais fácil para os seniores desenvolverem esta actividade, reconhecem as enfermeiras e também a directora técnica da ADIL, que tem 44 utentes em lar, 25 em centro de dia e 30 em serviço de apoio domiciliário. Na instituição faz-se exercício físico com regularidade. “Temos um professor de manutenção física que vem cá uma vez por semana e um ginásio na instituição e participamos nas aulas do Movimento Sénior, fazemos hidroginástica e as animadoras vão tentando trabalhar a motricidade fina”, adianta Mónica Santos. “Temos a preocupação em mantê-los activos. Para além de gostarem, por serem aulas em grupo, noto que a degradação em termos motores é mais retardada e alguns deles melhoram quando vêm do hospital devido ao exercício”, acrescenta.

Os seniores também dizem gostar. “Gostei desta ginástica, já de manhã tínhamos feito. Vou fazer exercícios destes em casa. O exercício físico é muito importante para a saúde. Fico mais forte quando faço exercício. Tenho um braço esquerdo malandro e a perna na mesma. Preciso realmente destes exercícios para melhorar”, explica Maria Margarida Machado, utente da ADIL.  “Em casa tenho um aparelho e quando chego a casa vou lá fazer exercício e dar aos pedais. E a dança animou mais isto. Ainda conduzo bem, as pernas é que são mais teimosas para andar”, explica José Augusto Santos, outro utente.

As próximas sessões do programa “Promover o Envelhecimento Activo” acontecem em Penafiel e no Marco de Canaveses.