Escola de Segunda Oportunidade de Valongo arranca este ano lectivo com duas turmas

Concelho está entre os primeiros a avançar com um projecto que quer dar resposta a jovens que abandonaram a escola e não estudam nem trabalho. As primeiras duas turmas já estão criadas numa parceria entre o Centro Social de Ermesinde, a Câmara Municipal de Valongo e a Escola Secundária de Ermesinde

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O Governo acaba de reconhecer as Escolas de Segunda Oportunidade, que têm agora enquadramento legal, tornando Portugal pioneiro nesta oferta de combate ao abandono escolar junto de jovens sem emprego e sem qualificação. Este programa de intervenção destina-se a jovens que abandonaram o sistema educativo e estão em risco de exclusão social.

“O Ministério da Educação sabe que Portugal ainda apresenta um número significativo de alunos que abandona a escola sem concluir a escolaridade obrigatória. No sentido de responder a estes jovens, em regra, sinalizados no âmbito das comissões de protecção de crianças e jovens, pelas equipas multidisciplinares de apoio aos tribunais e por instituições de acolhimento de crianças e jovens, o Ministério entende intervir através de uma resposta sócio-educativa articulando iniciativas de entidades e instituições de natureza diversa. Na procura da reintegração escolar e sócio-profissional deste público é reconhecida a estratégia e o trabalho desenvolvido pelas Escolas de Segunda Oportunidade, através da adopção de um modelo pedagógico próprio e em articulação com a Rede Europeia de Escolas de Segunda Oportunidade”, explica o despacho do Governo.

Valongo está na linha da frente para a implementação deste projecto, juntamente com projectos como o da Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos, de Samora Correia, Maia ou o Arco Maior.

Segundo avançou o vereador da Educação da Câmara Municipal de Valongo ao Verdadeiro Olhar, arranca já este ano lectivo a Escola de Segunda Oportunidade de Valongo, numa parceria entre o município, o Centro Social de Ermesinde e a Escola Secundária de Ermesinde. Estão já constituídas duas turmas com cerca de 30 alunos.

“Estes alunos já desistiram e desistem com facilidade. Temos de os convencer a regressar e dar-lhes motivação. A oferta tem de ser atractiva”

Estas escolas estão vocacionadas para jovens com idade superior a 15 anos, sem qualificação profissional e sem emprego, em situação de abandono escolar há pelo menos um ano, replicando um modelo que já existe em Matosinhos há alguns anos.

A formação será enquadrada nos instrumentos de certificação já existentes, nomeadamente no programa integrado de educação e formação (PIEF) e os cursos de educação e formação para adultos (curso EFA).

A ideia de implementar uma Escola de Segunda Oportunidade em Valongo não é nova. “Foi uma longa jornada, a iniciada pela Escola Segunda Oportunidade de Matosinhos, e que o Centro Social de Ermesinde acompanha desde há cinco anos, com a manifesta vontade de se juntar ao combate do abandono escolar precoce. Uma problemática identificada no trabalho directo com os jovens do concelho e arredores, no âmbito dos projectos apoiados pelo programa Escolhas e que revelaram a necessidade de estruturar uma nova resposta socio-educativa para o território de Valongo”, explica o Centro Social de Ermesinde nas redes sociais, falando de um caminho longo, com várias reuniões e parcerias.

O vereador da Educação da Câmara de Valongo, também reconhece uma motivação antiga. “A Câmara tinha esta vontade de criar uma resposta para alunos em situação de abandono escolar. A ideia tem cerca de três anos. Fomos fazendo reuniões, nomeadamente com a Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos, e com o Centro Social de Ermesinde e a Escola Secundária de Ermesinde propusemos a criação ao Ministério. Vamos criar duas turmas, de equivalência ao 2.º ciclo e ao 9.º ano para jovens dos 15 aos 25 anos que tenham abandonado a escola e estejam em exclusão. Serão cerca de 30 alunos”, adianta Orlando Rodrigues.

As aulas, que arrancam já em Setembro, no início do ano lectivo, vão acontecer nas instalações do Centro Social de Ermesinde, onde já existiu um centro novas oportunidades.

O currículo, adaptado a estes alunos, está a ser ultimado, com o apoio da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, o CDI (Center of Digital Inclusion) uma organização não-governamental de inclusão e inovação social e digital, e a Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos. “Não interessa que estes alunos tenham Matemática como as outras turmas. As disciplinas curriculares, como Matemática, Português ou História serão leccionadas através de ofertas artísticas ou de competências digitais”, sustenta o autarca, referindo que os próprios alunos vão ajudar a construir o currículo. “Estes alunos já desistiram e desistem com facilidade. Temos de os convencer a regressar e dar-lhes motivação. A oferta tem de ser atractiva”, defende Orlando Rodrigues. “Queremos dar-lhes competências e habilitações académicas e integrá-los na sociedade”, acrescenta.

Segundo o vereador, ainda não há números sobre quantos jovens podem recorrer a este sistema de ensino. “Sabemos que temos muitos jovens que não estudam nem trabalham. Estamos a fazer esse levantamento”, diz, concluindo que para já vão avançar estas duas turmas com vagas já preenchidas.