O deputado da Coligação Penafiel Quer, Joaquim Lindoro, defendeu, esta sexta-feira, na Assembleia Municipal de Penafiel, a necessidade de o Centro Hospitalar do Vale do Sousa, que integra a segunda maior urgência hospitalar do norte e a quarta maior do país, dispor de um equipamento de ressonância magnética.

“A ressonância magnética, um equipamento pesado, faz falta ao Hospital Padre Américo. É importante que todos saibamos que desde a construção do hospital, portanto, há vinte anos, desde a sua inauguração, existe uma sala fechada preparada para receber a ressonância magnética nuclear. Os exames de ressonância são actualmente os mais perfumantes da medicina moderna e o hospital e o Serviço Nacional de Saúde não se isenta a que os médicos solicitem a realização destes exames, mas pagam balúrdios e estão sujeitos às contingências do “outsourcing” dos privados, contingências de atrasos, de técnicos que os médicos que pedem os exames desconhecem, técnicos que variam de qualidade. Quero lembrar aqui que o hospital padre Américo necessita desta tecnologia e não posso deixar de alertar aqui as antenas do Governo que, porventura, aqui estejam”, disse, sustentando que esta é uma tecnologia fundamental para que um hospital desde nível, um hospital médio, possa ter um padrão de qualidade internamente que seja de nível aceitável para os padrões modernos de prática médica.

“A Universidade de Harvard que é a primeira universidade do mundo, a semana passada editou um artigo justamente a defender o hospital distrital. Os Estados Unidos têm tido um modelo de desenvolvimento de grandes hospitais. Estão a reconhecer que o seu sistema de saúde está mal e que é necessário dotar os hospitais distritais de bons equipamentos, bons técnicos para que as populações mais carenciadas tenham boa assistência. Estou crente que o Governo do Partido Socialista sempre atento às condições do país, apesar das cativações, terá em conta esta necessidade de uma população de mais de meio milhão de habitantes”, expressou.

O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, alinhou pela mesma bitola quanto à necessidade do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa dispor desta tecnologia, recordando que foi o próprio presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Carlos Alberto, que aquando da visita recente da ministra da Saúde, alertou para o problema, que continua por solucionar.

“Está lá o espaço e se o espaço foi lá colocado para o equipamento é porque é necessário. Se era necessário há vinte anos atrás por maioria de razão é necessário agora. Tivemos recentemente a visita da ministra da Saúde que veio inaugurar o hospital de dia e ouvi o presidente do Conselho de Administração dizer de forma desassombrada à ministra que era uma lacuna. Mais um momento que valeu a pena porque às vezes a subserviência impede a frontalidade. O presidente do Conselho de Administração disse-o com toda a objectividade que este equipamento era preciso e precisamos que o ministério e a tutela tenha isso em atenção e acredito que há-de chegar o dia em que o equipamento há de vir”, afirmou.

A Assembleia Municipal de Penafiel ficou também marcada pela questão da adjudicação do IC35, com alguns deputados municipais a não evitarem a habitual troca de galhardetes quanto à “paternidade” de uma infra-estrutura há muito reivindicada.

Joaquim Lindoro relevou o trabalho do actual presidente da Câmara de Penafiel neste processo assim como a forma como geriu este dossier.

“As minhas palavras vão para todos os penafidelenses que lutaram que o IC35 fosse uma realidade…Claro que há um  homem que representa todos os penafidelense e que deu o corpo ao manifesto e representa todos os penafidelenses, que é Antonino de Sousa. Foi um homem que merecidamente teve as luzes da ribalta  todas dirigidas para ele, foi um homem que soube estar, soube ter uma postura elegantíssima, soube reconhecer que outros, apesar de adversários políticos, também estiveram bem”, adiantou.

Quanto ao IC 35, o presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa, declarou que  anúncio da adjudicação foi um dos momentos mais importantes da sua vida política.

“O momento em que pude partilhar publicamente a notícia da adjudicação do IC35 foi dos momentos mais felizes que me aconteceu, pela obra, mas não apenas pela obra também por perceber que há gente na política que é séria e honra a sua palavra. Foi muito gratificante, eu disse neste mesmo púlpito que tinha estado em Lisboa numa reunião com o presidente da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, Armando Mourisco, com o ministro Pedro Nuno Santos, aquando daquela reestruturação do Governo. Disse que a reunião tinha sido positiva e tinha ficado muito bem impressionado com a forma como o ministro tinha acolhido as nossas palavras e destacou a importância da obra. Fiquei genuinamente feliz por verificar que não foram apenas palavras, apenas a circunstância, apenas a retórica. Aquilo que assumiu, cumpriu e tanto cumpriu que fez a adjudicação num prazo que não foi longo. Foi um momento daqueles que vale a pena viver na política” atalhou, sustentando que independentemente dos altos e baixos que a obra teve em Lisboa, no concelho nunca houve divergências.

“Tivemos sempre esta preocupação de que a obra avançasse e por isso todos partilhamos desta alegria de ver que a obra foi adjudicada e há de ser iniciada em breve”, concretizou.

“No PS não há antenas, há pessoas que pensam pela sua cabeça”

Já José Macedo, do PS, reconheceu a importância da adjudicação, mas devolveu as criticas feitas pelo deputado municipal Joaquim Lindoro.

“Penafiel e os penafidelenses têm uma virtude, respeitam e quando toca a defender a sua terra unem-se e quando o fazem não precisam da arrogância, da sobranceria. Os penafidelenses quando tocam a unir, elevam-se. No PS não há antenas, há pessoas que pensam pela sua cabeça. Um caso mais premente da influência que esta união teve retratou-se no IC 35. Foi com a união de todos que ela foi concebida e se calhar até com algumas antenas”, avançou.

Agostinho Gonçalves, ex-presidente da Câmara de Penafiel, referiu-se à intervenção de Joaquim LIndoro como sendo “fechada” e a do presidente da Câmara de Penafiel, como sendo “séria”.

“O IC35 começou como uma variante à Estrada Nacional 106, sendo uma via estruturante para o Vale do Sousa, conheceu várias vicissitudes, atraso e recuos, mas estamos todos felizes porque a obra vai começar. A obra é de todos. Posto isto, Penafiel está em festa e faria todo o sentido convidar o ministro para os 250 anos de elevação a cidade”, revelou, sublinhando ser vital os actores e agentes políticos do concelho estarem unidos na concretização de todo o trajecto.

“Estamos no começo e vamos ter muitas dificuldades em acabar a obra. Precisamos de todos. Aqui não interessa os partidos.Foi feita uma lei que poderá trazer complicações ao IC 35 que é a lei das pedreiras. temos de estar irmanados deste sentimento.Importa levantar bandeiras em torno desta obra e batermo-nos pela sua conclusão”, acrescentou.

Luís Guimarães recordou que houve outros protagonistas que deram também o seu contributo para esta obra.

“Não faz muito sentido que o IC 35 seja obra de um homem só. Louvo a sua honestidade em reconhecer como o ministro Pedro Nuno Santos esteve bem”, concretizou.

O mesmo deputado municipal questionou o executivo sobre o estacionamento à superfície e a cobrança coerciva do estacionamento na cidade de Penafiel.

“Muitos dos assuntos que trazemos cá são quase como as lampreias difíceis de agarrar pelo menos por parte da câmara, difíceis de esclarecer, mas é importante que vamos monitorizando os assuntos porque de facto os esclarecimentos ficam sempre por ser dados e já há vários anos que trazemos este assunto que diz respeito a cobrança coerciva do estacionamento na cidade de Penafiel. Muitos foram os desenvolvimentos pelo menos mediáticos no que diz respeito ao estacionamento e à cobrança coerciva, mas queria perceber qual o ponto da situação, se esta empresa já está legalizada por parte da Autoridade Rodoviária e se os funcionários, que já cobram coercivamente, têm as mesmas faculdades e competências para fazerem de facto coisa que até há bem pouco tempo não acontecia” afiançou.

Sobre o estacionamento à superfície, Couto Barbosa, do PS, recordou que em 2014 veio à Assembleia uma prorrogação por vinte anos dessa concessão que terminou em 2018/29.

“Cada um tem as suas responsabilidades. A concessão do estacionamento no espaço público já deveria ter terminado, foi prorrogada por esta assembleia”, atalhou.

“Não é preciso ter licença para se cobrar aquilo a que se tem direito. Não pode obviamente o concessionário aplicar nem cobrar multas, mas também não o tem feito”

Antonino de Sousa, na sua intervenção, esclareceu que aquilo que faz o concessionário não é mais nem menos do que cobrar aquilo a que tem direito que é a utilização de algo que lhe foi cedido pelo município para explorar.

“O estacionamento pago na cidade de Penafiel foi concessionado no longínquo ano em que o PS governava a câmara municipal e concessionou o estacionamento à superfície na cidade de Penafiel e nessa concessão passou para o concessionário o directo a cobrar a utilização do estacionamento. Portanto, aquilo que faz o concessionário não é mais nem menos do que cobrar aquilo a que tem direito que é a utilização de algo que lhe foi cedido pelo município para explorar. Aquilo que o concessionário tem feito é cobrar aquilo a que tem direito. Não é preciso ter licença para se cobrar aquilo a que se tem direito. Não pode obviamente o concessionário aplicar nem cobrar multas, mas também não o tem feito. Agora, cobrar o estacionamento a quem o utiliza é um direito que lhe assiste na medida em que também pagou a contrapartida que o contrato de concessão previa para esse efeito e, portanto, está a correr dentro da normalidade. Não há aqui nada de esguio, aqui não há lampreias, vai haver a partir do próximo dia 20 e o senhor deputado já recebeu esse convite. O concessionário tem direito a cobrar aquilo que lhe cabe, senão, então, de que forma é que seria compensado pelo investimento que fez no município como era seu dever e como de resto cumpriu? São as regras do jogo”, retorquiu.

“Sou um frequentador assíduo daquela estrada que dá para a autoestrada, todos os dias apanho o comboio em Novelas e todos os dias me deparo com uma circunstância que está a pior: o trânsito está com grandes dificuldades de ser regulado”

Já no período destinado ao público, um cidadão penafidelense, Paulo Ferrinho, defendeu a necessidade da câmara municipal pressionar as Infraestruturas de Portugal para a construção de uma rotunda na saída para a A4, quem vai para Novelas.

“Esta é um equipamento das Infraestruturas de Portugal, mas isto também não invalida que a Câmara de Penafiel tenha instrumentos de intervenção, nomeadamente instrumentos para a segurança pública e para a segurança rodoviária. Sou um frequentador assíduo daquela estrada que dá para a autoestrada, todos os dias apanho o comboio em Novelas e todos os dias me deparo com uma circunstância que está a pior: o trânsito está com grandes dificuldades de ser regulado e eu acho que poderia haver uma intervenção simples colocando um simulacro de rotunda para conseguir de alguma forma reduzir ao máximo a sinistralidade que cada vez é maior e com vítimas mais graves porque esta via tem cada vez mais trânsito. Os danos materiais  e os danos vida devem ser alvo de preocupação de quem tem a responsabilidade, das Infraestruturas de Portugal e da câmara municipal”, avisou.

Paulo Ferrinho referiu-se, ainda, à recomendação “aprovada por unanimidade na Câmara Municipal de Penafiel no dia 11 de Junho de 2018,  que considerou que esta obra representa uma necessidade urgente e deverá ser considerada pelas entidades responsáveis, designadamente as Infraestruturas de Portugal, I.P. e a Brisa, SA, como intervenção estrutural prioritária e que a mesma fosse enviada com urgência às Infraestruturas de Portugal, I.P. no sentido de proceder à sua calendarização com carácter de intervenção rodoviária prioritária”.