A deputada do Bloco de Esquerda, Maria Manuel Rola, reuniu, esta segunda-feira, com a direcção da Ambisousa, empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos, e defendeu o encerramento do aterro de Rio Mau pelo esgotamento da capacidade do equipamento.

Aos jornalistas a deputada bloquista manifestou a discordância do partido face à posição da Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos, responsável pelo tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) do Vale do Sousa em prolongar a vida útil do equipamento por mais três ou quatro anos .

“Solicitámos esta reunião por causa das denunciadas situações relativamente ao aterro de Rio Mau e vincamos a necessidade de encerrar aquele aterro. Sabemos que a licença que está atribuída vigora até 2021, no entanto, aquilo que nos foi referido é que a vida útil do aterro pode prolongar-se por mais três ou quatro anos. Manifestamos a nossa discordância relativamente a esta opção, não obstante o investimento que aqui nos foi referido relativamente a outras tecnologias. O que nos parece essencial é que um aterro de funciona desde 1999 e que está a ser prolongado há vários anos não terá as condições para continuar a sua actividade para além daquilo que foi  licenciado. Parece-nos importante que a solução comece a ser trabalhada desde já que o licenciamento deste aterro não seja prolongado para além de 2021 e que se encontre uma solução que vá de encontro às necessidades que temos hoje de tratamento de lixo. A Serra da boneca já não permite receber mais resíduos”, disse.

“Quer ao nível dos lixiviados quer ao nível das gaivotas que têm vindo a aceder àquela zona, claramente que tem de haver outras práticas”

Maria Manuel Rola destacou que têm de ser encontradas outras práticas que não coloquem em causa aquela área.

“Quer ao nível dos lixiviados quer ao nível das gaivotas que têm vindo a aceder àquela zona, claramente que tem de haver outras práticas. Se estas são as melhores práticas actuais, outras práticas terão de existir para garantir que estas aves não coloquem em causa a saúde pública porque acabam por espalhar os resíduos e passamos a ter um problema de espalhamento do que está em aterro. Terá que haver um outro aterro. A verdade é que existem muitos resíduos que estão a  ser direccionados para a Serra da Boneca e se queremos que deixe de ser direccionado em 2021 teremos de pensar numa outra localização com todas as condições necessárias, com todas as impermeabilizações, com todas as garantias de encaminhamento das águas para que o problema fica contido”, expressou.

Referindo-se à colocação de falcões para afastar as gaivotas destes dispositivos, Maria Manuel Rola sustentou a situação está longe de ficar resolvida.

“Ao Bloco de Esquerda não parece que esta solução resolva o problema como tem de ser resolvido e garanta que o tratamento dos resíduos. Defendemos que a Agência Portuguesa do Ambiente deve ter uma visão mais concertada e estratégica porque vamos sempre, como vemos nesses dois casos, empurrando o encerramento dos aterros, a fiscalização, e não existe nenhuma autoridade que quando um aterro chega ao limite que garanta que esse limite não é ultrapassado, que a fiscalização desses resíduos é feita e garantida a separação de acordo com a lei”, atalhou.

A deputada do Bloco de Esquerda realçou, também, que o seu partido está a acompanhar a situação do aterro de Lustosa.

“O aterro de Lustosa foi também discutido nesta reunião, sendo que as soluções que estão a ser pensadas para Rio Mau são também as soluções que estão a ser pensadas para Lustosa, ou seja o prolongamento para a existência deste aterro e a sua continuação por mais três ou quatro anos, podendo haver o início da selagem em breve. Ora, o início a selagem a curto prazo é uma boa notícia, o que não é uma boa notícia é o prolongamento por mais três ou quatro anos, que vai continuar a trazer resíduos para este aterro que também já está na sua capacidade máxima”, avançou, confirmando que nenhum dos presidentes de câmara que fazem parte da Ambisousa esteve presente neste encontro.

“A nível político não tivemos ninguém que nos pudesse mostrar a sua sensibilidade para com este problema. O atraso no encerramento do aterro pode denotar que não será a maior das prioridades”, assegurou.

Foto: Ambisousa

“Temos tido inspecções, foram sempre positivas e estamos a cumprir com as regras que nos são impostas. As circunstâncias têm de ser ponderadas neste contexto”

O director-geral da Ambisousa, Jorge Magalhães, recordou que este ano será lançado o concurso para a selagem do aterro de Rio Mau.

“O que foi dito é que a Ambisousa já há um ano a esta parte por decisão politica decidiu avançar com a selagem dos dois aterros. Essa questão está devidamente identificada e foi-nos entregue no final de 2019 o estudo prévio para a selagem. O estudo está a concluir-se e direi com alguma certeza provavelmente será lançado este ano o concurso para a selagem do aterro. Efectivamente estes aterros tiveram na sua construção um contexto que é totalmente diferente até pela abordagem, alterações supervenientes da tecnologia, da forma de tratamento e deposição que permitiram que o seu tempo de vida útil fosse aumentando. Aquilo que estamos a retirar de aterro não vai para lá e é normal que os aterros tenham maior capacidade de utilização. Se estes espaços estão devidamente capacitados para o fazer não seria minimamente razoável que não atingissem o termo da sua vida útil porque caso contrário há necessidade de fazer investimentos avultados pagos pelos nossos concidadãos”, sustentou, sublinhando a Ambisousa está operar de uma forma correta.

“Temos tido inspecções, foram sempre positivas e estamos a cumprir com as regras que nos são impostas. As circunstâncias têm de ser ponderadas neste contexto. Há uma licença ambiental  que termina em 2021 e esta licença já foi renovada mais do que uma vez e é provável que será permitida a prorrogação da mesma”, confessou, referindo, também que os presidentes da câmara já estão a trabalhar numa solução para a nova fase, existindo uma parceria na zona de Frankfurt com o Governo alemão, com as universidades locais e os investidores no sentido de encontrar soluções que vão ser úteis para a região.

“Estamos a tentar fazer o caminho que se mostra mais adequado para que tenhamos o menor impacto possível. Estamos empenhados que cada vez mais vá o menos possível para aterro. Queremos intervir no sentido de envolver os nossos concidadãos a retirar cada vez mais de aterro e de tratamento os resíduos que produzimos. É esta a nossa política e vamos conseguir com a ajuda de todos levar a bom porto esta nau”, asseverou, manifestando que neste encontro com o Bloco de Esquerda houve uma preocupação clara de esclarecer de uma forma objectiva todas as questões que foram levantadas.