Sete anos depois de ter encerrado o serviço de urgência básica no pólo de Valongo do Centro Hospitalar e Universitário de São João (CHUSJ), foi cumprida a promessa. Foi inaugurado, hoje, o Centro de Hemodiálise com capacidade para 140 utentes e que deverá realizar até 70 tratamentos a doentes renais crónicos por dia. Começa a funcionar na segunda-feira.

Resultou de um investimento de 900 mil euros e foi apresentado como um serviço “de vanguarda” e, sobretudo, de proximidade, que vai permitir aos doentes de Valongo realizar o tratamento sem sair do concelho. Ali serão tratados também utentes de Maia, Gondomar e Porto.

Dedicado a utentes de ambulatório o centro de hemodiálise vai funcionar com um modelo de gestão de Centro de Responsabilidade Integrado “que lhe confere maior flexibilidade e autonomia”. Contará com as técnicas mais avançadas.

De olhos postos no futuro, o director do Serviço de Nefrologia do CHUSJ, Manuel Pestana, falou no desejo de virem a ser disponibilizadas também as modalidades de hemodiálise nocturna, de auto-diálise e, mais tarde, hemodiálise domiciliária.

“Prevê-se que sejam tratados aqui entre 120 e 140 doentes renais crónicos com as técnicas mais eficientes”

“Hoje é um dia de festa. Há sete anos havia aqui um serviço de urgência básico que foi encerrado e foi prometido abrirmos uma unidade de diálise. Sete anos depois cumprimos com a promessa”, começou por apontar Fernando Araújo, presidente do conselho de administração do CHUSJ, apontando este novo centro com 24 postos, distribuídos por duas salas, como “de excelência”. “É a primeira unidade em Valongo, o que é importante quando se fala de proximidade, mas que servirá também utentes da Maia, Gondomar e Porto. Ainda ontem a autoridade da concorrência apelava a essa necessidade para que a distância e o tempo de transporte dos doentes fosse reduzido”, referiu.

A unidade funcionará como uma extensão do Serviço de Nefrologia do CHUSJ, que é um Centro de Elevada Diferenciação em Nefrologia reconhecido pela Direcção-Geral da Saúde desde 2008. Já nessa altura, referiu Manuel Pestana, se previa a construção de um centro de hemodiálise para doentes ambulatórios. “Este é um centro dotado com as melhores condições em termos de infra-estruturas e equipamentos, mas também em termos de recursos humanos” e capaz de “uma assistência da máxima qualidade”, disse o director do Serviço de Nefrologia.

“Prevê-se que sejam tratados aqui entre 120 e 140 doentes renais crónicos com as técnicas mais eficientes”, adiantou, acrescentando que haverá seis turnos em dias alternados da semana, de manhã, à tarde e à noite.

Manuel Pestana não deixou de antecipar projectos de futuro. “Desejamos que venham a ser disponibilizadas e oferecidas aos doentes, num futuro próximo, também modalidades de hemodiálise nocturna, de auto-diálise e, quem sabe, mais tarde, hemodiálise domiciliária”, apelou, concordando que este não é um projecto acabado. “A sala mais pequena já foi projectada para que com mais privacidade se possa fazer auto-diálise e diálise nocturna”, afirmou, apontando como grande mais-valia da unidade a proximidade ao utente.

Ao funcionar como extensão do centro hospitalar, este novo centro “vai permitir melhorar o desempenho do Centro de Nefrologia enquanto centro académico clínico, não só na formação profissional, mas também na vertente científica”, defendeu.

“Continuo a achar que o encerramento do serviço de urgência básica não foi uma decisão correcta”

O presidente da Câmara de Valongo não deixou de salientar as promessas feitas no passado e o tempo decorrido. “Fui um dos actores que, há sete anos, contestou a decisão de encerramento do serviço de urgência básica. Continuo a achar que não foi uma decisão correcta”, disse José Manuel Ribeiro, referindo que a criação de um centro de hemodiálise foi a alternativa dada à época. “Foi cumprido. Dar um passo destes é sempre positivo porque é um serviço diferenciador, ganha o hospital e o território”, referiu.

O autarca destacou ainda a importância do Serviço Nacional de Saúde e o difícil que é fazer concorrência aos privados. “Talvez tenha demorado sete anos a abrir um centro público desta natureza porque ele vem concorrer com o privado. Neste país, tipicamente, é complicado abrir serviços públicos quando concorrem com o privado”, frisou, dando este como um exemplo da capacidade do SNS.

“A área de hemodiálise é uma área particular. Uma área de poucos operadores privados e na qual o SNS tem pouca presença. Não fazendo qualificações sobre o modelo é obviamente desejável que o SNS tenha mais capacidade de resposta para doentes que necessitam de hemodiálise”, concordou o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, que inaugurou o equipamento. Classificou-o como “um centro de vanguarda na tecnologia e prática de gestão” e uma boa resposta para a população.

Sobre o alargamento a serviço nocturno, respondeu que primeiro é preciso abrir o espaço e depois avaliar.

O secretário de Estado disse ainda aos jornalistas que o ritmo de vacinação Covid-19 vai acelerar no país, à medida que começam a estar disponíveis mais vacinas, sendo também para isso importante o programa e auto-agendamento criado.

Diogo Serras Lopes apelou ainda a que se mantenham as medidas de protecção, mesmo com o “cansaço existente” e a “esperança” na imunidade gerada pela vacinação. “Não nos esqueçamos de Janeiro” e dos “números que foram avassaladores”, afirmou.