Francisco Coelho da RochaForam mais de mil os militantes que, no sábado passado, votaram na eleição do novo presidente da Comissão Política Concelhia de Paredes do PSD, números de que não há memória, em toda a região, num acto eleitoral semelhante. O que se manteve foi a inevitabilidade de haver vencedores e vencidos nestas eleições a que se apresentaram apenas duas listas, uma encabeçada por Rui Moutinho e a outra por Joaquim Neves.

O grande vencedor é Rui Moutinho, uma vez que ao facto de ter sido o mais votado conseguiu juntar um número de votos superior ao que tinha recebido o anterior presidente (Pedro Mendes), nas eleições de Março último. Venceu três candidatos potenciais ao lugar em disputa reunidos na lista adversária (Joaquim Neves, Raquel Moreira da Silva e Conceição Ruão) e a oposição interna e intensa de Pedro Mendes, o presidente demissionário. Apresentou-se aos militantes com a intenção anunciada de que, caso vencesse, seria o candidato do partido à presidência da Câmara Municipal de Paredes e sai deste acto eleitoral mais do que legitimado para o ser. Deste modo, parece ficar resolvido este assunto no PSD.

Mais do que o próprio Joaquim Neves – candidato alternativo a Rui Moutinho – o grande derrotado neste processo é o vice-presidente da Câmara Municipal e ex-presidente da Concelhia Pedro Mendes. O seu desaire começou quando ignorou o sinal que a sua Comissão Política lhe deu para iniciar o processo de escolha do candidato às autárquicas, prosseguiu quando fez de conta que não viu todos os presidentes de Junta, toda a sua Comissão Política, o presidente da Câmara Municipal e os membros da Assembleia Municipal todos juntos no apoio à candidatura de Rui Moutinho e concluiu-se quando, a dez minutos da abertura das urnas, enviou a todos os militantes uma mensagem de apoio à candidatura de Joaquim Neves e de ataque desesperado a Rui Moutinho.

Derrotada foi também Raquel Moreira da Silva, que apostou todas as suas “fichas” na sua participação na lista de Joaquim Neves. Ainda faltavam três dias para as eleições e já a ex-vereadora dizia aos microfones de uma rádio para os lados de Coimbra que era ela que estava em melhores condições para ser a candidata à Câmara Municipal. Questionada sobre o eventual interesse de um hipotético movimento independente, lá foi dizendo que, se fosse a candidata, não poria de fora essa hipótese, declarações que criam dúvidas à real motivação de fazer parte de uma lista que não encabeçou e até de lealdade ao cabeça de lista efectivo.

Quanto à ex-deputada Conceição Ruão, parece ter saído deste processo com uma imagem de uma certa irrelevância política no que diz respeito ao PSD local.

Por fim, Joaquim Neves, o único verdadeiro candidato alternativo a Rui Moutinho que se apresentou a  eleições, é tecnicamente derrotado porque teve menos votos do que a lista adversária, mas não o é politicamente. Na verdade, conseguiu provar que vale mais votos do que Pedro Mendes, Raquel Moreira da Silva e Conceição Ruão juntos. Provavelmente, até conseguiria a mesma votação caso tivesse concorrido sozinho. Para além disso, mostrou ao partido que representa uma significativa parte deste que não pode nem deve ser ignorada daqui para a frente. Se souber livrar-se dos que se juntaram a ele por motivos de vingança política ao adversário eleitoral, poderá ter um papel a desempenhar no futuro do PSD.