Uma das coisas que mais impressionam quem visita pela primeira vez a cidade de Roma é, para além dos imponentes edifícios históricos, o trânsito caótico. Para além da forma desordenada como se conduz na cidade, há avenidas que têm duas vias num sentido e outra no sentido inverso e que, passadas umas horas, as duas vias passam a uma e o sentido que só tinha uma via já está com duas.

Lembrei-me desta desordem romana a propósito das recentes alterações ao trânsito na cidade de Paredes. Entrar na cidade nunca foi fácil, mas, agora, por volta das 8h00 da manhã, é desesperante. Quem tem de entrar na cidade passando pela Rotunda de Jorge Malheiro, seja vindo da auto-estrada ou de qualquer outra das ruas, passa um mau bocado, ao ter de confrontar-se com o bloqueio das ruas secundárias que dão acesso à zona das escolas e que, consequentemente, acabam por bloquear as ruas principais.

O acesso à zona escolar na cidade de Paredes sempre foi demorado. Mas, desde que a Câmara Municipal decidiu mudar o sentido do trânsito, abrindo dois sentidos na avenida das escolas, fazer aquele percurso tornou-se uma tarefa penosa. Os autocarros bloqueiam o acesso, para poderem deixar os alunos; os pais fazem o mesmo porque têm de parar para que os filhos saiam e, enquanto isso, o trânsito não circula. No meio disto tudo, há buzinadelas, pessoas que acordaram maldispostas e por vezes insultos, como aconteceu na semana passada.

A gestão do trânsito na cidade de Paredes é, provavelmente, a mais evidente das trapalhadas criadas pelo actual executivo municipal. Para além deste exemplo de acesso à zona escolar, temos também a rotunda junto à estação de comboios que não serve a própria estação, mas que congestiona o trânsito, e os dois sentidos em metade da principal avenida da cidade, numa artéria com espaço apenas para uma via em que a “solução” encontrada foi pôr os carros a passar por cima da ciclovia. Como se tudo isto não fosse bastante, a Câmara Municipal parece querer licenciar um hipermercado junto ao restaurante Burger King, numa zona residencial e em frente ao Parque da Cidade, longe da zona onde estão todos os outros supermercados.

Fazer modificações no trânsito de uma cidade não se coaduna com experimentalismos nem intuições. Exige estudo de quem sabe do assunto e planeamento. Ora, parece que nada disto foi feito.