O Carnaval de Lordelo foi um enorme sucesso. Mais de 100 mil pessoas assistiram ao corso carnavalesco. É o maior evento do concelho de Paredes e da região. Nenhuma outra iniciativa consegue juntar tanta gente, num só território e num só dia, como esta”, afirmou o presidente da Junta de Lordelo, Nuno Serra, na Assembleia Municipal de Paredes, comparando a verba atribuída pela Câmara com a de outros carnavais a nível nacional que até atraem menos visitantes. Apelou, por isso, a “um maior e significativo aumento do apoio directo a este evento” e a uma maior aposta na comunicação do mesmo.

O presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, concordou com a importância do evento, mas sustentou que é preciso acabar com bairrismo e promover o concelho. “Se calhar estaria na altura de pensarmos em ter um só Carnaval e dizer que é o Carnaval de Paredes. Independentemente de ser realizado em Lordelo, chamar-lhe carnaval de Paredes, e promover o concelho, ganhando o concelho como um todo. Estou disponível para fazermos esse debate e juntarmos os carnavais todos num grande evento”, afirmou o edil. Poderia haver bancadas e entrada paga em Lordelo, se houvesse um só Carnaval, exemplificou.

“Isto não é só um grande espectáculo, não é só lazer, não é só cultura e diversão, é promoção do território”

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Foi Nuno Serra quem começou por pedir uma reflexão em torno do evento, organizado pela A2L e pela Junta de Lordelo, com apoio da Câmara de Paredes, com o apoio de empresas e de associações da freguesia. “Quanto vale em forma de retorno económico e social acolher mais de 100 mil pessoas no concelho? Quanto estaríamos dispostos a investir para acolher essas pessoas no nosso território?”, questionou.

Comparou depois os números do Carnaval de Lordelo que, este ano, afirmou, contou com 100 mil pessoas na assistência, com outros corsos carnavalescos do país, mais conhecidos. “Em Ovar, a Câmara de Ovar apoia o Carnaval com 207 mil euros e teve 20 mil pessoas este ano. Estarreja apoia com 112 mil euros e teve no público 120 mil pessoas, dois eventos com entrada paga”, deu como exemplo o presidente da junta. Já em Loulé, disse ainda, a câmara apoia o evento com cerca de 400 mil euros, sendo que “recebeu 80 mil pessoas em três dias de festa”, com entrada gratuita.

“O orçamento total do Carnaval de Lordelo ultrapassa, por pouco, os 30 mil euros e conta com apoio de 4.000 euros do município, apoio que tem aumentado de ano para ano”, assumiu. Mas que, ainda assim, não chega. “Sei que existem outros eventos no concelho e que também devem ser apoiados. Mas é importante tratar de forma diferente coisas diferentes”, defendeu o autarca de Lordelo, argumentando que não faz sentido perder “esta oportunidade única para promover melhor o nosso território”, apostando mais neste Carnaval. “Não falo só de um maior e significativo aumento do apoio directo a este evento, que será fundamental para melhorar a qualidade e dimensão. Falo também do apoio e investimento na comunicação social, como fazem outros municípios”, explicou Nuno Serra.

“Isto não é só um grande espectáculo, não é só lazer, não é só cultura e diversão, é promoção do território. Seria estupidez desperdiçar esta oportunidade. Temos de nos unir neste evento e aproveitar para promover Paredes”, concluiu.

Alexandre Almeida foi claro na resposta: “Concordo a 100% com aquilo que disse”. Mas, frisou, será preciso fazer “uma reflexão em torno do Carnaval” no concelho.

“Padecemos, em Paredes, de um problema que foi terem sido criadas quatro cidades. Não há mais nenhum concelho no país com quatro cidades. Loulé só tem uma cidade, Estarreja e Ovar só têm uma cidade. Quando se pensa fazer lá carnavais é o nome do concelho que se promove, independentemente do local onde é feito”, começou por afirmar o edil.

“Em Paredes ainda temos um certo bairrismo e, quando queremos que o projecto tenha uma dimensão maior, temos de pensar na forma de o fazer”, acrescentou, lembrando que foram dados realmente 4.000 euros ao Carnaval de Lordelo, assim como 2.500 euros ao de Gandra, outros 2.500 euros ao de Bitarães e, no passado, também já foi apoiado o Carnaval de Louredo.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Por isso, defendeu o presidente da Câmara de Paredes, “se calhar estaria na altura de pensarmos em ter um só Carnaval e dizer que é o Carnaval de Paredes”. “Independentemente de ser realizado em Lordelo, chamar-lhe carnaval de Paredes, e promover o concelho, ganhando o concelho como um todo. Estou disponível para fazermos esse debate e juntarmos os carnavais todos num grande evento”, frisou, acabando com a divisão de investimentos em eventos mais pequenos.

“Temos todas as condições para ter um Carnaval de Paredes feito em Lordelo e com muita força e promoção a sério e, se calhar, criar uma zona com bancadas, paga, e com outra espectacularidade”, referiu Alexandre Almeida, argumentando, no entanto, que esta discussão tem de ser feita com antecedência e não na altura do evento.