Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Numa semana, os concelhos de Lousada e Paços de Ferreira somaram 789 novos casos confirmados de infecção por Covid-19: 229 em Lousada e 560 em Paços de Ferreira, segundo dados divulgados hoje.

Os presidentes de Câmara de Lousada, Pedro Machado, e Paços de Ferreira, Humberto Brito, emitiram comunicados alertando para o impacto que isso tem nos cuidados de saúde na região.

“Tal situação tem-se traduzido num aumento muito grande na prestação de cuidados saúde, sobretudo no avolumar de internamentos no Hospital de Penafiel. A sobrecarga sobre os profissionais de saúde e os serviços de saúde deve deixar-nos a todos preocupados e solidários, razão pela qual os nossos comportamentos podem fazer a diferença”, escreveu Humberto Brito.

“A capacidade de resposta das diversas unidades de saúde está a atingir o seu máximo, assim como do próprio Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa”, salienta Pedro Machado, acrescentando que “após a testagem positiva dos casos, tem havido alguma demora no primeiro contacto com a saúde pública, dado o enorme aumento verificado no Agrupamento de Centros de Saúde Tâmega III Vale do Sousa Norte, que abrange Felgueiras, Paços de Ferreira e Lousada, com uma elevadíssima sobrecarga nos seus profissionais”.

Situação de Paços de Ferreira é “tremendamente difícil de ser controlado pela saúde pública local dado o avolumar de infectados”

Reconhecendo que o concelho vive “um momento complexo”, o autarca de Paços de Ferreira frisa que “nos últimos dias registou-se um crescimento exponencial do número de casos positivos da Covid-19, tremendamente difícil de ser controlado pela saúde pública local dado o avolumar de infectados”.

“Tal situação tem-se traduzido num aumento muito grande na prestação de cuidados saúde, sobretudo no avolumar de internamentos no Hospital de Penafiel. A sobrecarga sobre os profissionais de saúde e os serviços de saúde deve deixar-nos a todos preocupados e solidários, razão pela qual os nossos comportamentos podem fazer a diferença”, sustenta Humberto Brito, apelando à responsabilidade colectiva de forma a reduzir o número de casos. “Que cada um seja verdadeiro agente de saúde pública, na defesa e respeito pela própria vida e pela vida dos outros! Evitem-se todos os contactos, encontros e actividades não essenciais. As regras são conhecidas de todos. Que se cumpram escrupulosamente”, pede o presidente da Câmara.

Casos em Lousada crescem com “uma propagação mais rápida e relativamente uniforme pelas mais diversas freguesias”

“Em Lousada a situação está também em crescendo, com uma propagação mais rápida e relativamente uniforme pelas mais diversas freguesias”, aponta o presidente da Câmara lousadense.

Pedro Machado adianta ainda que tem feito pressão junto das entidades locais, regionais e nacionais “para que não se descure o atendimento e prestação de cuidados médicos à população e aos problemas de saúde que não se inserem na esfera da pandemia”. “Há mais situações a necessitarem de acompanhamento médico urgente e que têm que ser atendidas.

Sei que tem existido notórias dificuldades no atendimento nos centros de saúde, um pouco por todo o lado, fruto do aumento muito acentuado de casos, o que infelizmente tem infligido sérios danos no adequado atendimento à generalidade da população”, reconhece, dizendo que a autarquia tem procurado ajudar e colaborar em tudo o que possa “retirar trabalho aos profissionais de saúde locais”.

Entre outros, o município de Lousada duplicou a Linha de Apoio Municipal, criando novos números e com um horário de funcionamento alargado ao fim-de-semana, “para que todos os contactos de apoio social ao doente com Covid-19 tenham resposta atempada”; e colocou-se à disposição do centro de saúde para agilizar procedimentos de vacinação descentralizados, “passando a ser possível fazer nas farmácias de Lousada as administrações de vacinas contra a gripe a maiores de 65 anos, assumindo o município os custos financeiros relativos a esta operação”. Por outro lado, vai reforçar a oferta de máscaras comunitárias aos públicos mais desfavorecidos do concelho, fazendo ainda um reforço de equipamentos de protecção individual às instituições locais.

“Relativamente à testagem de novos casos, como informamos na semana passada, a capacidade do centro de testes, a funcionar no complexo desportivo de Lousada, foi consideravelmente aumentada, aliado a um aumento do horário de funcionamento a todos os dias, incluindo fim-de-semana”, lembra o edil. Mas, reconhece, “após a testagem positiva dos casos, tem havido alguma demora no primeiro contacto com a saúde pública, dado o enorme aumento verificado no Agrupamento de Centros de Saúde, com uma elevadíssima sobrecarga nos seus profissionais”. “Ainda assim, estes contactos estão a ser feitos e alertamos que as chamadas recebidas pelos utentes são maioritariamente realizadas através de números anónimos, e que há relatos de pessoas que aguardam contacto mas têm recusado as chamadas por não conhecerem o número”, alerta.

A Câmara de Lousada tem ainda feito um trabalho de proximidade junto dos mais idosos, com os técnicos sociais a procederem a telefonemas ou visitas domiciliárias regulares, devidamente protegidas, de modo a aferir as suas condições, dificuldades e necessidades, apoiados nos vários elementos dos Movimentos Seniores.

Pedro Machado afirma ainda que ontem enviou uma comunicação formal ao secretário de Estado da Saúde “reforçando as dificuldades dos utentes no acesso aos serviços de saúde e à interligação entre a Linha Saúde 24 e Autoridade de Saúde Local perante as recomendações/ordens de isolamento profiláctico e respectivas baixas para serem apresentadas nos empregos”.

“Ao final da tarde, em reunião com a Administração Regional de Saúde do Norte e restantes presidentes de câmara da região, foi traçado o diagnóstico epidemiológico da região, havendo evidências no aumento de casos em jovens e da situação crítica em que nos encontramos em termos genéricos. A capacidade de resposta das diversas Unidades de Saúde está a atingir o seu máximo, assim como do próprio Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa”, relata o presidente da autarquia lousadense.

Para que “a economia não pare, as empresas continuem a trabalhar e o dia-a-dia possa manter-se normalizado dentro dos possíveis” e que não seja colocada em causa a “sobrevivência económica do concelho, da região e do país”, Pedro Machado pede a todos que tomem medidas preventivas e evitem ajuntamentos, encontros alargados com familiares e amigos e comportamentos de risco.

O autarca termina a comunicação deixando “uma sincera palavra a todos os profissionais de saúde e demais intervenientes/instituições que estão completamente esgotados e assoberbados de trabalho”.