O presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, defendeu, na passada sexta-feira, no âmbito da conferência EntreLinhas – Festa do Ferroviário, a concretização da ligação entre a Linha de Leixões e o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.

Em causa estão apenas 2,2 quilómetros de linha e a criação de uma estação que, segundo os responsáveis da Associação Comboios do Século XXI, que criou o projecto apresentado ao Plano Ferroviário Nacional, iam ligar este aeroporto a toda a rede ferroviária do país e Ibérica. É “inconcebível” a inexistência da ligação de 2,200 metros entre a linha de Leixões e o aeroporto, argumentou António Alves, no Fórum Cultural de Ermesinde.

“Num país que se bate como leão para defender o conceito de last mile na União Europeia, para haver dinheiro para ligações rodoviárias de curta distância, nunca ouvi falar do last mile na ferrovia. Não compreendo”, apontou José Manuel Ribeiro, durante as perguntas do público. “2,2 quilómetros, mais uma estação, com IVA, que sejam 30 milhões de euros. Em 10,5 mil milhões que estão apontados [para o plano ferroviário] são 0,2% a 0,3%. Não compreendo como cidadão e como político. Se fosse ministro decidia já”, apontou o edil de Valongo, relevando os impactos que isso teria para o aeroporto do Porto: “O que faria para a ferrovia ter pela primeira vez um comboio a chegar ao aeroporto neste país, mesmo que fosse uma coisa fraca”. “O dia em que conseguirmos ter um comboio no aeroporto o impacto será brutal e transformador”, garantiu.

O coordenador do Plano Ferroviário Nacional, presente no evento, referiu que não há “divergência quanto à necessidade, pertinência e prioridade” da ligação ferroviária ao Sé Carneiro, mas quanto à forma. “O estudo dessa ligação está no Plano Nacional de Investimentos 2030, mas não pode viver só por si”, ou tem de estar ligada à Linha de Leixões ou ao projecto de Alta Velocidade a partir de Campanhã, afirmou Frederico Francisco.

Estimou ainda que o comboio de passageiros deverá chegar à linha de Leixões, que poderá vir a servir o aeroporto Francisco Sá Carneiro, antes da ligação ao aeroporto. “Estamos a trabalhar para que possa haver passageiros na linha de Leixões muito antes de 2030. Há poucos meses, a IP – Infra-Estruturas de Portugal e a CP – Comboios de Portugal começaram, pela primeira vez em muito tempo, a trabalhar em conjunto e seriamente sobre a retoma do serviço de passageiros na linha de Leixões”, afiançou.