É habitual na última edição do ano se façam desejos para o próximo ano. Por isso, faço minhas as palavras de Gonçalo Portocarrero de Almada.

“É da praxe que, ao finalizar Dezembro, se façam contas ao ano transacto. Jornais, rádios e televisões fazem as suas selecções dos eventos e das personagens que, no seu entender, mais marcaram os últimos doze meses. Essas sínteses, sobretudo quando incidem sobre os factos mais dramáticos, ressumam um travo amargo sobre o desarranjo do mundo e a nossa impotência para o consertar.

Também no âmbito das nações, das empresas e das famílias se procura fazer um apanhado das mais marcantes datas do nosso passado colectivo recente, nacional e familiar. Estes factos, embora mais prosaicos, como nos são mais próximos, são também os que mais nos tocam, porque acontecidos na nossa terra, trabalho ou família.

É verdade que a doença da vizinha nos afecta mais do que uma tragédia asiática, mas é natural que, não podendo prestar a todos a mesma atenção, nos centremos naqueles que, por estarem mais perto, são o nosso próximo mais próximo. Só por seu intermédio se pode chegar, afinal, ao todo universal. Um amor a todos, que o não seja a alguém, não é caridade, mas uma vã utopia filantrópica.

A nível individual, este tempo de final de ano também convida a uma mais profunda reflexão. Nada se altera apenas porque a terminação do ano se modifica: só há verdadeira mudança se houver uma autêntica conversão pessoal. Acreditar que o novo ano é mesmo um ano novo é mera superstição: só a realidade de um novo coração pode renovar a vida e o mundo.

Ninguém pode, sozinho, mudar todo o mundo, mas há algo que todos podemos e devemos mudar: a nossa vida. Como ensinava São Josemaria: ano novo, luta nova! Se cada um der, agora, esse salto de qualidade, teremos, famílias mais felizes, empresas mais produtivas, um país renovado e um mundo melhor!”