Nem o calor intenso que se faz sentir esta terça-feira assustou os mais de 6.000 avós que invadiram o Parque da Cidade de Penafiel com chapéus, mantas, merendeiros e boa disposição. Todos quiseram participar numa festa que lhes presta homenagem e que teve origem numa penafidelense: Ana Elisa Couto. Muitos vieram acompanhados pelos filhos ou netos.

O presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Antonino de Sousa, defende que esta é já uma festa da região, sendo Penafiel a “Capital do Dia dos Avós”. “Foi cá que tudo começou graças ao esforço de uma penafidelense”, salientou o autarca. “Este dia é de todos os avós, sendo de Penafiel ou não. Do concelho temos cá cerca de 5.000, mas estamos a receber excursões de toda a região e devemos ultrapassar os 6.000 avós”, explicou Antonino de Sousa, esta manhã, ainda antes da missa presidida pelo Bispo do Porto.

Durante a manhã, os avós puderam ainda participar em aulas de zumba, ginástica e dança; e assistir à apresentação do livro “Conta” de Cidália Fernandes, que retrata uma história de amor entre netos e avós. Seguiu-se o Mega Piquenique e, à tarde, há animação musical e será servido um bolo com 103 metros, representando a idade do avô mais velho do concelho.

 

“Ser avó é a melhor coisa que há na vida”

Debaixo de cada sombra havia, esta manhã, rostos cheios de história e muitas histórias para contar.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro olhar
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro olhar

Cruzamo-nos com três Marias, três irmãs de Lagares, todas avós. Eram de uma família com 12 irmãos, hoje restam quatro. Dedicaram a vida ao trabalho no campo, que ainda agora, diariamente, é o entretenimento destas mulheres de 87, 83 e 73 anos (Maria Celeste, Maria Coelho e Maria Rocha, respectivamente), todas viúvas. Têm vindo ao Dia dos Avós todos os anos, trazidas pelos netos. “Todas nós trabalhamos muito no campo, agora é tempo de festa. Gostamos da missa e do convívio”, contam. “Os filhos e os netos são muito nossos amigos”, garantem.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro olhar
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro olhar

Também Leonor Silva e Odete Costa, ambas de 77 anos, da freguesia da Eja, vieram, mais uma vez, a esta festa. “Adoro estas coisas. A minha paixão é cantar e dançar”, confessa Leonor, que tem 12 netos e cinco bisnetos. “Fiquei sem pais muito cedo e tive que lutar pela vida. Agora estou a viver a minha mocidade”, brinca. “Isto é uma coisa muito linda. Ser avó é a melhor coisa que há na vida”, assegura. Odete Costa concorda. Também ela já é avó duas vezes: tem 20 netos e cinco bisnetos. “Adoro isto e não falto a estas coisas. É importante mantermo-nos activos”, sustenta.

 

Homem de Paço de Sousa tem 44 netos e bisnetos

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro olhar
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro olhar

Só em netos (21) e bisnetos (23), Joaquim Silva, de Paço de Sousa, soma 44 membros da família. São muitos? Talvez. Foi preciso contar pelos dedos já que não os sabia de cor, mas este avô diz que não se importava de ter mais netos. Este pintor reformado acredita que os avós ainda têm muito que ensinar aos netos e, todos os anos, regressa a este convívio.

Este ano, veio acompanhado por uma das filhas, Ana Maria Silva, de 51 anos, também ela já avó. “Ser avó é gostar mais dos netos que dos filhos”, brinca. No caso desta paçosousense netos e filhos até se confundem, já que tem um filho e um neto com a mesma idade. Mostra-se feliz porque passa muito tempo com os netos.

 

O Dia dos Avós

Recorde-se que a mentora do Dia dos Avós foi Ana Elisa de Couto, natural de Penafiel, que quis dedicar um dia a todos os avós, homenageando-os enquanto transmissores de cultura, história e sabedoria e enfatizando o vínculo que representam entre as antigas e novas gerações.

O Dia Nacional dos Avós foi instituído pela Assembleia da República, em Junho de 2003, após inúmeros contactos de Ana Elisa de Couto, que reclamava desde 1986 a oficialização daquele dia, refere a autarquia.