Francisco Coelho da RochaHá mais de 20 anos que os vários governos andam a prometer a construção do IC35, que há-de ligar Penafiel a Entre-os-Rios, passando a ser uma alternativa à EN106. São pouco mais de 13 quilómetros. Para se perceber a importância desta estrada, a EN106 tem uma média diária de circulação de 13 mil veículos, sendo que uma grande parte são pesados de mercadorias. Se tivermos em conta que nestes 20 anos se construíram auto-estradas onde passam menos de três mil carros por dia, tornam-se ainda mais incompreensíveis os sucessivos adiamentos da construção do IC35.

Um Julho do ano passado, o Governo avançou com a adjudicação da construção do primeiro troço do IC35. Seriam 2,5 quilómetros que iriam ligar Penafiel a Rans. À primeira vista, podia até parecer pouco, podia parecer até ridículo lançar a concurso um troço com meia dúzia de metros de alcatrão. Mas a verdade é que foi a primeira vez que, em mais de 20 anos, havia algum avanço real neste projecto. Na altura, todos queriam ouvir o secretário de Estado das Infra-estruturas, Transportes e Comunicações a prometer a construção integral da estrada, mas este, de forma honesta, disse que seria aquele bocadinho porque “o Governo só se pode comprometer com as obras que pode pagar”. O certo é que em Setembro foi publicado, no “Diário da República”, o lançamento da obra.

Menos de um ano depois de apresentado e oficializado a empreitada desta 1ª fase do IC35, o novo Governo socialista decidiu adiar, mais uma vez, a construção do IC35. Desta vez para 2017.

Que os políticos não cumpram o que prometem em campanha eleitoral, já damos de barato. O que não estávamos  à espera era que não cumprissem o que está escrito em documento oficial e publicado em Diário da República.