Uma recriação histórica da “Primeira reunião da vereação de 3 de Março de 1837”, pelos Cabeças no Ar e Pés na Terra – Associação Cultural, com “liberdade criativa”, assinalou os 182 anos da elevação de Valongo a concelho. Na sessão evocativa, realizada, esta quinta-feira, no Museu Municipal, foi ainda lançado um livro sobre as comemorações dos 180 anos e as várias iniciativas realizadas. Antes, o executivo inaugurou a Casa-Museu Dias de Oliveira, um espaço que será dedicado a eventos culturais e exposições.

“Há 182 anos há-de ter sido deste género a conversa do nascimento do concelho, uma conversa de sonhadores com ambição”, afirmou o presidente da Câmara, José Manuel Ribeiro.

“Ninguém vai longe se não respeitar a memória”

As comemorações começaram pela inauguração da Casa-Museu Dias de Oliveira, localizada na zona antiga de Valongo. Trata-se do edifício “onde em tempos habitou este ilustre valonguense cuja influência junto da rainha D. Maria II viria a contribuir decisivamente para que Valongo fosse elevado à categoria de concelho”, explica o município. Em permanência, estará patente uma exposição biográfica sobre Dias de Oliveira. Foi ainda inaugurada exposição “Negro-Azul”, de Domingos Loureiro, a primeira iniciativa temporária a ser acolhida por este novo espaço cultural que pretende ser palco de eventos e mostras. “Será uma casa ao serviço da cultura e da comunidade fazendo justiça a uma figura que nos ajudou a ser concelho”, disse José Manuel Ribeiro.

Seguiu-se uma cerimónia no Museu Municipal de Valongo, onde foi realizada a recriação histórica e apresentado o livro “Valongo – Desde 1836 a Caminhar para o Futuro | Comemorações dos 180 Anos”. Do livro constam registos, sobretudo fotográficos, das inúmeras actividades realizadas nesse ano.

“Um concelho que está longe do centro tem sempre muitas dificuldades. Temos que trabalhar todos os dias para não sermos condenados a ser periféricos”, salientou o presidente da autarquia, num discurso voltado para as mais-valias do concelho. “Valongo é parte do Grande Porto e devemos assumi-lo com tranquilidade. O que não pode acontecer é perder identidade”, defendeu.

Estando na periferia do Porto, Valongo tem uma “riqueza patrimonial invulgar”, salientou o autarca, dando como exemplo as Bugiadas e Mouriscadas, a maior festa de máscaras do país e do mundo católico; o facto de ser o maior centro de extracção de ardósia do país; os brinquedos tradicionais de Alfena e Ermesinde, uma história com mais de 100 anos; a Santa Rita, o maior santuário diocesano do Porto; o pão e o biscoito, tradições com mais de 400 anos; e a existência do maior complexo mineiro subterrâneo de extracção de ouro do império romano com mais de dois mil anos. “Foi com base nesta história que quisemos fazer as comemorações dos 180 anos de elevação a concelho. Se queremos ter presente e futuro temos que respeitar o passado. Ninguém vai longe se não respeitar a memória”, defendeu José Manuel Ribeiro.

“Quais são os concelhos aqui à volta que têm tanto para oferecer?”, questionou o edil, argumentando que é preciso tirar partido destas potencialidades, um trabalho que não é dos autarcas, mas sobretudo das pessoas.