Tudo como dantes

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O governo decidiu reduzir o preço das portagens na A4. Nada a opor. Contudo, a A41, a verdadeira AE (auto-estrada) para o interior mantém os preços exorbitantes. Ficamos sem saber qual o critério que determina esta decisão. Teria, pensamos nós, toda a lógica estender a medida à A41. É que a A4 passa pelos municípios que, para além da rodovia, são bem servidos pela ferrovia, enquanto na zona norte do concelho de Paredes, Lousada, Paços de Ferreira e Felgueiras, as populações ou se deslocam em carro próprio ou só podem usar os transportes rodoviários cuja capacidade de servir as populações fica ao nível dos países subdesenvolvidos.

A haver critério o desconto até faria mais lógica na A41 do que na A4. Provavelmente, até seria possível fazer descontos em ambas. De certeza que a diminuição da receita ficaria sempre muitos anos atrás dos mais de 1.000.000 (mil milhões) de euros que o Estado vai, mais uma vez, injectar no Novo Banco. Entre dar aos bancos e banqueiros que destruíram a vida de milhões de portugueses e aliviar uns cêntimos na bolsa dos automobilistas sobrecarregados de impostos, não devia haver dúvidas.

Junte-se, ao fim de 20 anos, o início do troço do IC35 que ligará Penafiel a Entre-os Rios. É certo que se trata apenas de uns míseros três quilómetros do total, mas é um início. A este ritmo, nem no final do séc.XXI teremos os restantes 9 quilómetros concluídos.

Seja como for, Penafiel, rejubila, por ao fim de duas dezenas de anos haver um governo que dá o pontapé de saída nesta obra há muito necessária.

Chegamos, enfim, ao que nos levou a escrever estas palavra e que nos faz juntar a imagem ao texto.

Penafiel, sempre Penafiel, avança com um interface modal junto à estação ferroviária de Novelas. São poucos os que sabem que foi esta obra, também ela para nascer há mais de 20 anos, que ditou o atraso estrutural de que hoje os paredenses se queixam. Valorizará muito a região, mas adiantará mais ainda Penafiel.

Nada a opor, não fosse a incompetência, a negligência ou até a ignorância estratégica daqueles que, no poder, em Paredes, se interessaram mais pela especulação imobiliária que resultou no monstro urbanístico que é, hoje, a cidade de Paredes.

A história conta-se em poucas linhas. Na altura da duplicação e electrificação da via férrea, enquanto uns se preocuparam apenas com as passagens aéreas sobre a linha, outros tentavam convencer o presidente da câmara de Paredes, Granja da Fonseca, da possibilidade da estação de Paredes recuar cerca de 1.000 metros em relação à anterior e atual localização e construir, em simultâneo com a duplicação da via, um interface modal que serviria todo o concelho, com particular impacto na zona norte, para além do fator de desenvolvimento que se construía para o concelho de Paredes e para toda a região. Não se tratava da construção de megatérios encavalitados e, por isso, apenas mereceu o desprezo do presidente da câmara.

Nasce assim, e bem, hoje, em Penafiel, um interface modal que ligará todo o concelho entre si e toda a região a Penafiel.

Podia ter nascido em Paredes há mais de 20 anos. A sua construção podia até ter sido tentada durante este tempo todo. Mas não foi.

Sem bairrismos bacocos reconhecemos a importância deste equipamento feito em Novelas para servir a região, mas estamos também certos de que, ainda hoje, o interface modal serviria mais e melhor os interesses do concelho de Paredes e em nada prejudicaria os concelhos vizinhos. Depois disto, ninguém se deve atrever mais a dizer que “vai tudo para Penafiel” porque lá existem pessoas com influência e em Paredes não.

Neste caso, Penafiel vai beneficiar deste equipamento porque lutou por ele e Paredes não o tem porque não fez nada para ter.

Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes!