Com o concelho de Valongo, termino hoje este olhar sobre o ano político em cada um dos concelhos da região.

Depois de quatro anos a marcar passo, em posição minoritária e constantemente condicionado pela oposição (nem sempre da forma mais correcta), José Manuel Ribeiro conseguiu a ambicionada maioria nas eleições autárquicas. A oposição saiu fortemente penalizada.

A CDU, que até agora tinha neste concelho o único vereador eleito em toda a região, pagou caro os quatro anos de aliança com o PSD. Os eleitores de esquerda não perdoaram e os votos foram transferidos para os socialistas.

O PSD obteve a pior derrota em toda a região: perdeu as eleições de forma estrondosa, perdeu um vereador e não conseguiu eleger um único presidente de junta de freguesia.

Para a vitória do Partido Socialista contribuíram vários factores. O primeiro foi a situação financeira do Município. Se, há alguns anos, a Câmara Municipal de Valongo era o exemplo da má governação e das contas desgovernadas, agora é vista como sendo de boas contas e transparentes. É certo que o plano financeiro havia sido traçado por João Paulo Baltazar, mas quem o executou e beneficiou dele foi José Manuel Ribeiro.

Outro dos factores que também contribuíram para a vitória do PS foi o mal-estar do PSD nos últimos anos. Era por de mais evidente que o PSD que fazia oposição na Câmara Municipal não era o PSD da estrutura concelhia. Na realidade, havia duas facções que viviam numa guerra surda. Por isso, os próximos tempos serão difíceis para os sociais-democratas. Em três meses, Miguel Santos, o líder concelhio, perdeu as eleições autárquicas e as eleições internas para a eleição do líder nacional. Assim, ou o PSD se reorganiza ou irá fazer uma longa travessia do deserto.

Quanto ao PS, José Manuel Ribeiro ficou com margem de manobra mais do que suficiente para implementar o seu programa eleitoral. O mais interessante será perceber o percurso do novo vereador Paulo Esteves Ferreira, que durante quatro anos exerceu funções como adjunto do presidente da Câmara Municipal e que, mesmo sem visibilidade, era o homem forte e de confiança de José Manuel Ribeiro. Agora, sai da sombra do presidente para desempenhar as funções de vereador, tendo-lhe sido atribuídos alguns dos pelouros mais importantes da governação. Será interessante perceber se esta evolução significa o trilhar de um caminho com vista à sucessão.