Sindicato “não vai desistir” de lutar pela integração de carteiro de Ermesinde despedido pelos CTT

Advogada alerta que a empresa tem outros 768 trabalhadores na mesma situação

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O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações (SNTCT) diz que “não vai desistir” de lutar com os CTT para que readmitam um trabalhador, despedido em 2019, e cuja readmissão já foi solicitada pelo Tribunal de Valongo.

Maria Antónia Beleza, representante do SNTCT, explicou ao Verdadeiro Olhar, que além da reintegração do trabalhador, que operava em Ermesinde, concelho de Valongo, a sentença exige “respeito pela categoria e antiguidade” do carteiro, que ali trabalhava há “36 anos”.

A também advogada sublinhou que este despedimento “não tem direito a compensação ou subsídio de desemprego”, uma vez que o carteiro não estava afecto ao serviço de Segurança Social, mas, e como ex-funcionário público, era subscritor da Caixa Geral de Aposentações.

Por esse motivo, António Neto Cunha “não está a ter qualquer tipo de rendimento ou subsídio”, “tem grandes limitações, ao nível da saúde, e a mulher também se encontra numa situação de desemprego. Curiosamente, a pandemia acabou por ser benéfica, “devido às moratórias”, caso contrário, “já nem tinha casa”, realçou a advogada.

Ainda assim, e como tem problemas de saúde, “não consegue comprar medicação e tem recorrido à ajuda de instituições de solidariedade social para conseguir comer”, relatou.

Maria Antónia Beleza não se conforma com toda esta situação, “não só como advogada, mas como ser humano”, por isso, pede que “o trabalhador volte a ser integrado, até termos uma decisão judicial final”, porque “é uma questão de humanidade”.

Para além isso, “há outros 768 trabalhadores que estão na mesma situação” e não estamos a falar de uma empresa qualquer, mas sim de uma estrutura que presta serviço público”.

António da Cunha Neto trabalha para a empresa desde 1984. Mas os CTT despediram-no dia “23 de Agosto de 2019”, alegando “impossibilidade superveniente absoluta e definitiva de prestar trabalho’ e sem direito a compensação ou subsídio de desemprego”.

Segundo o sindicato, a empresa recusou reintegrar o trabalhador e ainda o tentou coagir, através da Direção de Recursos Humanos, “a aceitar uma indemnização”.

Além das necessidades básicas, este trabalhador “teve um acidente de serviço, há uns anos, e ficou com um problema de locomoção”, mas desempenhou sempre as suas funções, como também foi determinado “pelo juiz”, concluiu o sindicato.

Na próxima segunda-feira, o sindicato e o trabalhador vão estar, logo pela manhã, nos CTT de Ermesinde, para voltarem a “fazer força, de forma a que a empresa cumpra o seu papel. E para que, no dia seguinte, o carteiro regresse ao seu posto de trabalho”, avançou a advogada ao Verdadeiro Olhar.

Os CTT não comentam toda esta situação.