Quem são os TSDT e sua importância no SNS ?

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Mário Pires

Os Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) já existem profissionalmente desde 1977, ou seja, 41 anos. Inicialmente designados como Técnicos Auxiliares dos Serviços Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, a partir de 1985 como Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica e desde 2017 como TSDT, fazendo parte dos corpos especiais do Ministério da Saúde.

Os TSDT são profissionais altamente especializados e diferenciados, cuja carreira integra várias profissões (19 áreas profissionais), tendo como objetivo a promoção da saúde, a prevenção, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a reinserção dos pacientes. Utilizam equipamentos médicos tecnologicamente avançados, de última geração, que permitem a realização dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT).

Os TSDT tem formação ao nível da licenciatura e complexidade funcional grau 3. O seu trabalho é feito nas áreas da prestação de cuidados de saúde, nomeadamente, hospitalar, saúde pública, cuidados de saúde primários, continuados e paliativos, docência e investigação.

Numa organização privada ou estatal, são os TSDT que realizam grande parte dos MCDT. Ao nível dos exames de diagnóstico realizam: análises ao sangue/urina, eletrocardiogramas, ecocardiogramas, provas de esforço, espirometrias, estudo do sono, exames oftalmológicos, mamografias, preparação de unidades de sangue para transfusão, radiografias, rastreios e exames auditivos, TAC, ressonância magnética, entre outros. Ao nível do tratamento intervém: nas perturbações da comunicação humana (terapia da fala), na habilitação ou reabilitação de indivíduos com disfunção física, mental, de desenvolvimento, social ou outras, incluindo a dor (fisioterapia e terapia ocupacional), utilizam radiação ionizante para tratamentos principalmente oncológicos, entre outros.

Nas farmácias hospitalares são os TSDT de Farmácia que procedem à preparação de manipulados, à reembalagem e distribuição da medicação unidose. O TSDT Dietista desenvolve a sua acção na área clínica e saúde pública através da realização de consultas de dietética, nutrição comunitária, gestão e controlo da qualidade; ainda numa instituição hospitalar realiza consultas no internamento e na consulta externa, elabora as ementas das refeições, controla todo o processo da confecção, empratamento e distribuição das refeições, atestando a qualidade e higiene.

No Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, EPE (CHTS) os TSDT são responsáveis diretos ou participam na realização em média de aproximadamente 224.000 MCDT’s/mês. O total de MCDT’s realizados é o indicador por excelência para quantificar o trabalho realizado pelos TSDT, demonstrando assim a sua importância na prestação de cuidados de saúde.

Na saúde, o contrato-programa entre a tutela e as instituições públicas prevê apenas o financiamento pelas consultas médicas e cirurgias realizadas, não havendo qualquer pagamento/reconhecimento quanto ao número de MCDT’s realizados na instituição. É urgente rever o atual modelo de contrato-programa, passando a incluir os MCDT’s realizados, pois em 99% das consultas médicas são requisitados MCDT’s e as cirurgias não se podem realizar sem MCDT’s. A inclusão no contrato-programa do número de MCDT’s realizados permite valorizar o trabalho qualificado dos TSDT e demonstrar as necessidades de contratação de TSDT para reforçar as equipas existentes.

Segundo estimativas do governo, existirão 8592 TSDT no Serviço Nacional de Saúde (SNS) até Dezembro de 2018, o que corresponde a 8,6 TSDT por 1000 habitantes – número manifestamente insuficiente para fazer face às necessidades, cada vez maiores, da população Portuguesa.

Presentemente, grande parte dos TSDT já possui formação académica ao nível do Mestrado e Doutoramento, nomeadamente na área da Gestão e Administração de Unidades de Saúde, entre outras, pelo que é necessário que a tutela reconheça igualmente as competências dos TSDT na gestão de Unidades de Saúde, passando a incluir o TSDT Director nos órgãos executivos dos Conselhos de Administração das instituições do SNS, permitindo assim uma participação ativa dos TSDT na decisão e definição de políticas de saúde adequadas às exigências atuais, que as boas práticas de gestão recomendam.

Para concluir, os TSDT, quer na prestação de cuidados de saúde de excelência aos utentes, de forma isolada ou como parte de uma equipa multidisciplinar, quer na gestão de Unidades de Saúde, são elementos fundamentais para que o SNS cresça de forma sustentada e com “saúde”.

 

Mário Pires, TSDT membro do Departamento de Ambulatório e Ligação Funcional no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa