Durante os três primeiros meses da pandemia foi produzido mais lixo, quer indiferenciado quer o enviado para a reciclagem. Há casos em que a subida é de 30% ou até 48%.

Os principais motivos, justificam as Câmaras de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel prendem-se com o facto de as pessoas estarem mais em casa, havendo mais consumo ou arrumações.

Valongo é excepção, já que teve apenas pequenas variações “pouco significativas” no volume de resíduos.

Houve municípios que, nesta fase, aumentaram a frequência de recolha e a desinfecção dos contentores.

Contentores lavados mensalmente em Lousada

Ao Verdadeiro Olhar, Manuel Nunes, vereador do Ambiente da Câmara de Lousada, adianta que houve “um aumento do volume total de resíduos urbanos produzidos no concelho de Lousada”. Juntando a recolha selectiva com os resíduos sólidos urbanos (RSU) a subida média dos três meses é de 14%.

Em Lousada houve também equipas específicas para recolher os resíduos das pessoas infectadas com COVID-19

Analisando os dois fluxos separadamente, o aumento no caso dos recicláveis chega a ser de 48%. Em 2019 foram recolhidas quase 259 toneladas de material para reciclar em Março, Abril e Maio, valor que sobe para 384 toneladas em 2020.

Nos resíduos indiferenciados, o aumento foi de 520 toneladas, comparando a soma desses três meses em período homólogo. No ano passado foram recolhidas 4432 toneladas de resíduos sólidos urbanos e este ano 4952, mais 12%. No que toca a monstros domésticos, o aumento foi de 48%.

“Julga-se que estes valores sejam justificados pela presença das populações nas suas residências durante o período de confinamento, havendo um maior consumo domiciliário e consequente aumento no volume de resíduos produzidos, bem como a maior disponibilidade de tempo durante a pandemia para a realização de tarefas de organização e limpeza das habitações”, acredita o autarca, sobre a justificação destes valores.

Por isso, a Câmara de Lousada aumentou, desde Fevereiro de 2020, em todo o território municipal, a frequência de recolha, assim como um aumento da frequência existente da lavagem e desinfecção dos equipamentos. “Até Fevereiro de 2020, a frequência de lavagem era bimestral, sendo actualmente realizada mensalmente. A limpeza é ainda verificada de imediato em situações imprevistas e de necessidade premente”, refere o vereador.

Novos turnos para recolha de resíduos em Paços de Ferreira

Em Paços de Ferreira registaram-se também aumentos. Nos recicláveis passou-se de 410 toneladas recolhidas nestes três meses em 2019 para 503 toneladas em 2020. São mais 23%.

Nos resíduos sólidos urbanos a subida foi de 7%, mais 407 toneladas. Foram 5506 nos meses de Março, Abril e Maio do ano passado e 5912 no mesmo período deste ano.

A justificação é a mesma: pessoas em casa produzem mais resíduos no concelho em que vivem.

No que toca à recolha de RSU, o município “teve de aumentar os turnos, colocando um turno novo às segundas-feiras de manhã para os centros das cidades de Paços e de Freamunde”. “Já aos sábados estamos a começar um serviço novo com a recolha junto dos cemitérios do concelho, mas querendo em breve efectuar essa recolha apenas de verdes para combustão e não para aterro”, explica a Câmara de Paços de Ferreira.

A autarquia adianta, sem precisar números, que nos monos e monstros também houve “um grande aumento”. “Em Março e Abril, o serviço foi suspenso devido ao estado de emergência. Este aumento deveu-se também às arrumações caseiras nesse mesmo período”, acredita o município.

Paredes com aumentos de 7% nos RSU e 28% nos recicláveis

No concelho de Paredes, também houve um aumento em praticamente todos os fluxos de resíduos.

No lixo indiferenciado a subida foi de 7% nesses primeiros três meses de pandemia. No ano passado tinham sido recolhidas 8617 toneladas de resíduos nesse período e, este ano, foram mais 607 toneladas: 9224.

O mesmo aconteceu nos materiais encaminhados para a reciclagem, onde o aumento foi de 28% em termos globais. Foram depositadas nos contentores 565 toneladas de papel, vidro e plástico em Março, Abril e Maio de 2019, número que subiu para as 721 toneladas nos meses homólogos de 2020. Se olharmos apenas ao fluxo do plástico, o aumento foi de 54%. Nos monstros o aumento foi de 7%.

Também o vice-presidente da Câmara de Paredes e vereador do Ambiente, Francisco Leal, encontra os mesmos motivos: pessoas confinadas em casa fazem mais arrumações.

Neste período, as rotas passaram a ser “constantemente monitorizadas”, “para garantir a segurança dos funcionários e evitar focos de contágio”.

“Relativamente à higienização e desinfecção dos equipamentos de deposição de resíduos os mesmos têm sido intervencionados com regularidade pelos serviços da câmara com a cooperação das cinco corporações de bombeiros voluntários, bem como as juntas de freguesia”, adianta o autarca.

Mais 30% de materiais encaminhados para reciclar em Penafiel

“Nos meses de Março, Abril e Maio houve um aumento considerável na recolha de lixo urbano, atingindo os 30% no lixo diferenciado, que se repercutiu em cerca de mais 136,7 toneladas relativamente ao período homólogo”, adianta a Câmara de Penafiel, sem concretizar os valores relativamente aos resíduos sólidos urbanos.

Em causa está um maior consumo de produtos por parte dos munícipes, maior disponibilidade para fazer a separação dos resíduos e o seu depósito nos ecopontos respectivos e maior regularidade de recolhas por parte dos serviços responsáveis, acredita a autarquia, referindo-se a esse aumento nos recicláveis.

Para fazer face à maior deposição de resíduos foram “incrementadas mais duas rotas aos actuais circuitos” de modo a evitar “a aglomeração de lixo no redor dos contentores”. “Houve inclusivamente necessidade de recorrer a colaboradores de outros serviços que prontamente acorreram a prestar serviço neste sector tão crucial”, adianta o município em resposta ao Verdadeiro Olhar.

A Câmara de Penafiel diz ter cedido desinfectante a todas as juntas de freguesia no sentido de existir “uma maior e frequente higienização de todos os equipamentos públicos da sua freguesia, nomeadamente papeleiras, bancos de jardim, paragens de autocarro, contentores”. A par disso todos os ecopontos foram também higienizados, refere a mesma fonte.

No que toca à recolha de monstros, foi reduzida durante a pandemia já que exigia um contacto maior entre pessoas. A quebra nos pedidos de recolha foi de 35%.

Equipa desinfectou contentores de dois em dois dias em Valongo

Valongo é a excepção. Os dados cedidos pela autarquia mostram que a comparação dos meses de Março, Abril e Maio de 2019 e 2020 “denota pequenas variações nas quantidades recolhidas, pouco significativas”.

No total, foram 10.538 as toneladas de resíduos produzidas nestes meses no ano passado e 10.310 este ano. Por isso, “não existiu necessidade de operar qualquer alteração nos circuitos e equipas de recolha estabelecidos”.

Quanto à desinfecção de contentores, “a empresa prestadora de serviços está obrigada a realizar a limpeza e desinfecção quinzenal”, adianta a Câmara de Valongo. “No entanto, entre 16 de Março e 30 de Maio, foi mantida uma equipa diariamente, de segunda a sábado, afecta exclusivamente à desinfecção de contentores e ecopontos instalados na via pública, tendo o parque de contentores sido desinfectado de dois em dois dias”, explica a mesma fonte.

No período em questão baixou ligeiramente o número de recolhas ao domicílio de “monstros” (-7%). “No entanto a quantidade de ‘monstros’ levados pelos munícipes aos Ecocentros ou abandonados na via pública, cresceu significativamente, pois no total desses quatro meses (Junho incluído), entregamos na LIPOR 251 toneladas de “monstros” em 2020, quando em 2019 entregamos 205 toneladas, registando-se pois um aumento de 20% em peso relativamente ao período homólogo”, salienta o município valonguense.