Informar as autoridades de que o presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira violou o isolamento profiláctico era “uma obrigação” para os Bombeiros Voluntários de Paços de Ferreira, defende comunicado da associação humanitária.

“A associação humanitária lamenta que a Autoridade Máxima de Protecção Civil do Município de Paços de Ferreira coloque em dúvida o zelo, diligência e empenho dos bombeiros que se sacrificam todos os dias para garantir o socorro ao próximo. É lamentável que a associação humanitária e a corporação estejam a ser julgadas por cumprir ordens e procedimentos só porque a pessoa visada é o presidente da Câmara”, criticam em comunicado.

O esclarecimento a esta polémica surge depois de Humberto Brito ter vindo a público lamentar a postura da instituição e acusá-la de que querer denegrir a sua imagem por ter apresentado queixa na GNR contra si por não estar a respeitar o confinamento obrigatório.

Recorde-se que, na semana passada, Humberto Brito teve um teste positivo à COVID-19. O autarca defende-se dizendo que entretanto já teve dois testes negativos e que a saída foi justificada pela necessidade de prestar auxílio ao pai doente.

No documento enviado à comunicação social, um comunicado conjunto da direcção e do comando dos Bombeiros, a instituição salienta que “apesar de voluntários os bombeiros têm de cumprir ordens e respeitar procedimentos”.

Neste tempo de pandemia isso passa por “colaborar com as demais instituições para assegurar o cumprimento das regras determinadas pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Governo para proteger a saúde pública”, alegam.

“De entre as ordens e a obrigação está a obrigação de comunicar às forças de segurança todas e quaisquer situações de violação do dever de confinamento profiláctico”, sustentam ainda. Ora, foi o que fizeram os bombeiros que estavam ao serviço no domingo e que responderam ao pedido de socorro envolvendo o pai de Humberto Brito quando “verificaram que estava a violar as normas da DGS” que estabelecem que “o doente positivo que se mantenha assintomático durante o seguimento, repete o exame laboratorial após 14 dias da data de realização do primeiro teste” e que “a cura é determinada pela existência de um teste negativo após 14 dias de vigilância sem sintomas”. Além de estar em casa dos pais aquando da chegada da equipa de socorro, o presidente da Câmara ainda foi ao Hospital Padre Américo, situação confirmada pelo próprio. Por isso, os bombeiros comunicaram a situação à GNR.

Os Bombeiros dizem ainda que é “inaceitável a baixeza” do presidente da Câmara face à comunicação por ter violado o seu confinamento obrigatório, pondo em causa a honorabilidade de uma instituição com 89 anos.

O comunicado assinado por Zeferino Barbosa, presidente da direcção, argumenta que apesar de ferida na sua dignidade, a associação humanitária prosseguirá o seu trabalho fiel aos seus valores.