Rankings

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Fernando Sena Esteves

Certamente que em vez de “ranking” se poderia usar “classificação” ou “posicionamento” quando se trata de elaborar listas de pessoas ou instituições ordenadas por méritos. Estas listas tanto podem indicar ordenações por critérios mais ou menos subjetivos, como “As dez melhores praias” ou “Os dez melhores vinhos”. Ou então a classificação ou o posicionamento… ou o “ranking” determina-se por um valor numérico que resulta da aplicação de critérios mais ou menos objetivos.

A utilização de “ranking” em vez de “classificação” ou “posicionamento” vem, como de costume, da influência dos termos ingleses na comunicação de conceitos, acrescida da sua concisão: às duas sílabas de “ranking” correspondem as cinco de “classificação” e as sete de “posicionamento”. E que dizer dos “dez primeiros classificados” (nove sílabas) em vez do super-conciso “top ten” ou ainda do “correio eletrónico” que perde para o “e-mail” ou mesmo “email” por 8-2?!

Apreciei um ranking das universidades portuguesas que indica, para cada uma das várias matérias do saber, a de maior valia. E aparece a Universidade do Minho com duas, a Nova de Lisboa com oito, a de Coimbra e a de Lisboa com dez cada e a minha, a do Porto, com 15! E entre estas a que me diz mais, a das Ciências Farmacêuticas! Há várias organizações que a nível mundial estabelecem o ranking das universidades e entre os parâmetros escolhidos estão os artigos que os seus colaboradores publicam e as citações desses artigos nos de outros autores. Não abundam os artigos com centenas de citações e menos ainda os de milhares. Por isso é digno de nota um artigo para a determinação de proteínas da autoria do Prof. Oliver Lowry que tem o recorde de citações a nível mundial: mais de 300.000! Tive o privilégio de conhecer aquele professor, pois era o diretor do departamento de Farmacologia da Washington University de São Luís, nos EUA, onde preparei o meu doutoramento durante dois anos. Além das suas qualidades científicas era notável o seu trato acolhedor e sorridente que tinha para com todos.

Se há coisa que os rankings das escolas veio mostrar é a excelência do ensino privado em Portugal e a benemerência das famílias que o pagam: além de custearem diretamente o ensino dos seus filhos, suportam igualmente o dos restantes através dos impostos. De onde parece de justiça o estabelecimento do “cheque ensino” que daria, entre outros benefícios, a possibilidade do acesso ao ensino privados por parte das famílias de menores recursos económicos.

Depois não podia faltar o futebol. Começando pelos clubes, gostaria de ver na tabela da UEFA o meu F. C. do Porto em melhor posição que o 15º lugar, embora não pareça tão mau se comparado ao do Manchester United (20º) ou ao do A. C. Milan (25º). O Benfica (6º), Sporting (39º) e o Braga (45º) são os outros clubes portugueses mais bem colocados, mas ainda aparecem, entre o 108º lugar e o 132º, e por esta ordem: Estoril, Guimarães, Marítimo, Belenenses, Académica, Rio Ave, Nacional da Madeira e Paços de Ferreira. Nada nau para uma lista de 455 clubes!

Quanto à FIFA, Portugal aparece no oitavo lugar desta lista dos “top ten”: Argentina, Bélgica, Chile, Colômbia, Alemanha, Espanha, Brasil, Portugal, Uruguai e Inglaterra. Também aqui há ausências notáveis: Itália (15º), França (21º) e Grécia (37º). Esta última, a que nos venceu na final do Europeu de 2004… Entretanto, lembrei-me de dividir os pontos da FIFA atribuídos a cada país pelos números das respetivas populações por parecer razoável dar mérito aos países com menor base de recrutamento de jogadores. Este pequeno truque matemático coloca Portugal no terceiro desta lista rearranjada, com a surpreendente ascensão do Uruguai com os seus 3,5 milhões de habitantes. Que venceu o Brasil na final do Campeonato do Mundo em 1950 no estádio de Maracanã, inaugurado para o acontecimento no Rio de Janeiro. Cá vai a lista rearranjada: Uruguai, Bélgica, Portugal, Chile, Argentina, Espanha, Colômbia, Inglaterra, Alemanha e Brasil.

Quanto aos semanários portugueses, indico para já o primeiro lugar do ranking: “Verdadeiro Olhar”. Naturalmente.