A questão da dívida da câmara voltou a dominar a última Assembleia Municipal de Paredes, com as bancadas do PS e PSD a esgrimirem argumentos sobre a situação das contas.

O deputado municipal do PSD, Soares Carneiro, desafiou o executivo municipal a corrigir o valor que tem sido veiculado publicamente pelo actual chefe do executivo paredense, Alexandre Almeida, que situa a dívida nos 100 milhões de euros.

Fazendo jus nos números do auditor externo, Soares Carneiro recordou que no final de 2017, o valor total da dívida se situava nos 50, 6 milhões de euros e não nos 100 milhões.

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Na sua intervenção, o deputado municipal laranja foi mais longe e avançou mesmo que Paredes saiu do espartilho financeiro em que se encontrava.

“Paredes saiu do Plano de Apoio Municipal, significa isso que saímos desse espartilho tão falado do saneamento financeiro e das regras apertadas por via do empréstimo que em Março todos aprovamos. O município saiu desse espartilho e já não é esse espartilho desculpa para mais coisa alguma. Daqui a mais três anos faremos as contas. O auditor externo, um seu colega de profissão, situa a dívida nos 50, 6 milhões de euros, em 31/12/2017. A partir daqui tudo o que vier é da sua responsabilidade”, disse,  salientando que foi essa capacidade de endividamento que permitiu contrair um empréstimo de 9, 6 milhões de euros que libertou o município do espartilho do apoio financeiro.

Soares Carneiro recordou, também, que foi, também, essa folga financeira de endividamento que irá permitir aprovar um empréstimo de mais de 850 mil euros.

“Não deixe para mais tarde, ponha a auditoria cá fora, traga-a à Assembleia Municipal, que o PSD votará a favor”

Na sua intervenção, o membro da bancada laranja desafiou o chefe do executivo, a avançar com a auditoria às contas da câmara.

“Senhor presidente, vamos de uma vez por todas encerrar essa sua vontade de dizer ao paredenses que a câmara deve 100 milhões de euros quando a dívida real do município certificado pelo revisor de contas em Dezembro de 2017 era de 50, 6 milhões de euros  Se acha que estes números fornecidos pelo seu colega não são verdadeiros, já o desafiei aqui publicamente e volto a desafiá-lo vamos à tal auditoria que já passou muito tempo. Não deixe para mais tarde, ponha a auditoria cá fora, traga-a à Assembleia Municipal, que o PSD votará a favor”, frisou.

Rui Silva, da bancada socialista, em defesa do executivo municipal, recordou que a situação das alegadas irregularidades nos cadernos de encargos das obras dos centros escolares representa um sério revês  para Paredes e deve ser denunciada às entidades competentes.

“A Câmara Municipal  está em risco de ter mais 1,4 milhões de euros cativos de fundos comunitários ao abrigo do famoso OLAF, processo do Organismo Europeu Anti-fraude.  Cheguei a comparar isto a um boneco de neve,  mas, agora, infelizmente, já comparo isto a uma bola de neve. Quanto mais vai andando mais vai piorando. É impressionante que venham agora falar de dívidas. Eu falei sempre em passivo, quando falava nos 100 milhões de euros, mas esta herança pode-se transformar em cerca de quatro milhões de euros em cativação de fundos comunitários”, disse.

“Isto tem sido uma pescadinha de rabo na boca e espero sinceramente que o executivo municipal denuncie isto junto das entidades competentes”

Referindo-se às alegadas irregularidades nos cadernos de encargos das obras dos centros escolares, Rui Silva lamentou que as “melhores escolas do mundo” passassem a ter necessidade de fazer obras em alpendres, tendo sido gastos mais meio milhão de euros.

“Isto tem sido uma pescadinha de rabo na boca e espero sinceramente que o executivo municipal denuncie isto junto das entidades competentes. A culpa não pode morrer solteira porque este dinheiro foi parar a algum lado. Segundo aquilo que li, a diferença dos materiais aplicados é muito significativa e mais significativa ainda quando essas correcções têm de ser feitas a expensas do município, podendo a câmara ficar com 7, 4 milhões de euros de fundos comunitários cativos. Isto é uma herança que vai perdurar”, sublinhou, sustentando que os paredenses não podem ser penalizados com estas alegadas irregularidades.

“Espero sinceramente que sejam apuradas responsabilidades, que sejam responsabilizados os culpados e que paguem por isso porque quem não deve pagar são as pessoas que habitam neste concelho, os paredenses que poderiam ter melhores condições e não as têm”, adiantou, acrescentando que  “antes haviam ilusionistas, mas, agora, não há trapezistas nem malabaristas”

Já o presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, voltou a insistir na diferença entre dívida e passivo e confirmou que o passivo da Câmara de Paredes não irá aumentar nos próximos três anos.

O autarca admitiu que houve constrangimentos no ano transacto que impediram que o executivo avançasse com a descida do IMI, o que deverá acontecer já no próximo ano.

Falando das contas da câmara, o chefe do executivo declarou que a auditoria por si proposta e que a oposição vem, agora, insistir para que seja apresentada, está já em marcha.

O chefe do executivo anunciou que já esta segunda-feira, de manhã, o seu executivo vai realizar uma conferência de imprensa em que irá dar explicações cabais sobre as alegadas irregularidades registadas nos cadernos de encargos das obras nos centros escolares.