O país vai a votos eleger o próximo Presidente da República a 24 de Janeiro, num acto eleitoral que ficará marcado pela pandemia.

A Pordata reuniu alguns factos estatísticos sobre as eleições presidenciais em Portugal, incluindo dos municípios, que mostram um acentuar da abstenção ao longo dos últimos anos.

Em termos concelhios, Mação, Sardoal e Vila de Rei são os únicos municípios onde a taxa de abstenção foi inferior a 40% em qualquer das eleições presidenciais já realizadas no país.

Nos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo a abstenção atingiu recordes nos dois últimos actos eleitorais para a presidência da República, chegando a um máximo de 50,3% em Lousada, em 2011. As eleições presidenciais com abstenção mais baixa nestes concelhos remontam a 1980, quando variou entre os 11 e 13% nestes municípios.

Eleitores nas eleições para a Presidência da República: total, votantes e abstenção

Em 2016, praticamente metade dos eleitores de alguns destes concelhos não foram às urnas.

Em Lousada, foram votar 20.778 dos 40.470 eleitores inscritos, tendo a abstenção sido de 48,7%, a mais elevada dos cinco concelhos em análise, mas ainda assim inferior ao acto eleitoral anterior.

Em Paços de Ferreira, do total de eleitores – 47.894 – foram às urnas, nas últimas presidenciais, 24.761, subindo a abstenção para os 48,3%.

Ainda no Tâmega e Sousa, Penafiel teve uma abstenção de 41,3%, a mais baixa destes cinco municípios, tendo ido votar 36.708 eleitores.

Taxa de abstenção nas eleições para a Presidência da República

Na Área Metropolitana do Porto, Valongo, com 82.046 eleitores, registou uma taxa de abstenção de 46,5%, ligeiramente abaixo da atingida nas presidenciais de 2011. Já em Paredes 41.292 dos 73.021 eleitores com possibilidade de voto foram às urnas, ficando a abstenção nos 43,5%.

Apesar das elevadas taxas de abstenção, estes concelhos ficaram abaixo da média nacional que foi de 51,3%.

Devido à pandemia antecipa-se que a abstenção vá aumentar nestas presidenciais de 2021.

Sabia que

Foi em 1976 que Portugal elegeu o primeiro Presidente da República livremente, por sufrágio directo e universal. António Ramalho Eanes foi eleito Presidente da República, a 27 de Junho de 1976, com quase três milhões de votos.

Desde 1976, foram realizadas nove eleições presidenciais. No total, 45.671.767 votos entraram nas urnas para a eleição do Presidente da República Portuguesa, Chefe de Estado e o mais alto magistrado da Nação.

Os portugueses têm cada vez mais opções de escolha. A última eleição presidencial em 2016 contou com 10 candidatados à Presidência da República, quase o dobro dos candidatos da eleição anterior. Ao longo de quatro décadas de eleições livres (1976-2016), os portugueses escolheram entre 38 candidatos únicos.

Portugal teve a primeira mulher candidata à Presidência da República em 1986, com Maria de Lourdes Pintasilgo. Só 30 anos mais tarde volta a haver mulheres na corrida presidencial. Em 2016, entre os 10 candidatos concorreram duas mulheres – Maria de Belém Roseira e Marisa Matias. Em 2021 vão a votos Ana Gomes e Marisa Matias.

No total das nove eleições presidenciais, as de 1986 foram as que registaram o maior número de votantes (5.935.294) e as de 1980 foram as que alcançaram a maior percentagem de votantes face ao total de eleitores recenseados (84,2%).

Na última eleição presidencial, em 2016, o universo de eleitores recenseados era composto por 96,9% de cidadãos residentes em Portugal e por 3,1% de portugueses residentes no estrangeiro.

Desde 1976, a região dos Açores é a região do país (NUT II) com níveis de participação nas eleições presidenciais mais baixos. Em 1976, a taxa de abstenção na região foi de 32,2% e em 2016 de 69,1%.

A região Norte é a região em que se regista uma maior participação eleitoral nas eleições presidenciais, situando-se entre as regiões com menores taxas de abstenção desde 1976.

Apenas uma única eleição presidencial (1986) foi decidida numa segunda volta. Mário Soares é eleito na segunda volta (51,3%), vencendo Freitas do Amaral por uma diferença de 2,6 pontos percentuais, numa das eleições presidenciais mais participadas de sempre.

Desde a primeira eleição presidencial livre, todos os candidatos vencedores foram reeleitos para um segundo mandato.

Mário Soares foi o Presidente da República eleito com maior votação. Nas eleições de 1991, na sua segunda candidatura, Mário Soares recolheu 3.460.365 votos, correspondendo à escolha de 70,4% dos votantes.

Existem grandes variações na escolha de candidatos presidenciais entre municípios. Nas últimas eleições presidências, em 2016, Marcelo de Rebelo de Sousa reuniu entre 20% (Aljustrel) a 81,9% (Celorico de Basto) dos votos a nível municipal.

O maior número de votos em branco nas eleições presidenciais observou-se em 2011 (191.284, correspondendo a 4,3% dos votantes), ano em que também se registaram valores recordes de votos nulos (1,9%) em eleições presidenciais após o 25 de Abril.

Nas eleições presidenciais nas últimas quatro décadas, o número de votos nulos variou ente 34.729 (0,6%), em 1986, e 86.581 (1,9%), em 2011.