Sensibilizar, informar e chamar a atenção dos mais jovens para temas como a violência doméstica e no namoro e os riscos que se correm na internet foi o objectivo da sessão que decorreu, esta quarta-feira, na Escola Secundária de Ermesinde, promovida pela Polícia de Segurança Pública (PSP).

Durante duas horas, três turmas do oitavo ano ouviram conselhos, viram vídeos e responderam a questões sobre estes temas. Falou-se de cyberbulling, de pirataria, exposição nas redes sociais, de predadores sexuais (online), de violência no namoro e de como reconhecer agressores e vítimas.

O agente António Bispo, responsável pela sessão, acredita que a sensibilização é a melhor forma de prevenção e que poderá, no futuro, reduzir o número de casos que chega à alçada da PSP.

“Os jovens conhecem bem a internet, mas desvalorizam os riscos”

Na acção, desenvolvida pela Esquadra de Ermesinde no âmbito do Modelo Integrado de Policiamento de Proximidade, estiveram o sub-comissário Joaquim Canário, comandante da Esquadra, e os agentes António Bispo e Luís Filipe.

“No início do ano lectivo são previstas as acções a realizar de forma a integrar o maior número de turmas. O objectivo é responsabilizar e informar para que o ano lectivo seja mais assertivo e com menos ilícitos. Depois vamos dando continuidade a esse trabalho”, explica o agente principal António Bispo.

Nas sessões são abordados vários temas problemáticos na comunidade educativa. Desta vez, foram os riscos da internet e a violência doméstica e no namoro. “Os jovens conhecem bem a internet, mas desvalorizam os riscos”, acredita o agente da PSP, lembrando que, frequentemente, falta em casa o controle parental devido, até por desconhecimento dos pais. “Usam a internet e vão descobrindo sozinhos e, muitas vezes, quando descobrem já caíram no erro e já foram vítimas ou então foram eles os agressores. É preciso que estejam informados e prevenidos”, defendeu.

Por isso, durante a acção, falou-se da responsabilidade criminal que já têm todos os maiores de 16 anos e deram-se exemplos de crimes que podem ocorrer no mundo online, como a pirataria ou o cyberbulling. Depois ficaram os alertas do costume: cuidado ao dar dados pessoais e com os amigos que são aceites nas redes sociais, que podem aparentar ser uma coisa mas que podem também ser predadores sexuais ou pertencer a redes de tráfico de seres humanos; com a partilha de fotografias e vídeos íntimos que podem cair nas mãos erradas e que, estando na internet, nunca mais serão apagados; com as pessoas com quem se joga online ou com o preenchimento de formulários apenas destinados a “roubar” dados pessoais.

Acima de tudo, o conselho foi para que os jovens não exponham moradas, identificações completas ou digam a escola onde estudam ou os locais que frequentam. “Cada vez é mais arriscado navegar na internet”, assegurou António Bispo, dando casos reais de pessoas que foram vítimas de crimes por parte de alegados “amigos” das redes sociais.

“Quem deve ter vergonha é o agressor e não a vítima”

Na segunda parte da sessão falou-se de violência no namoro, que “é frequente”. “Há muitos casos que não chegam ao nosso conhecimento”, refere o agente da PSP. Por outro lado, há uma tendência para começar a desvalorizar actos agressivos e a considera-los normais numa relação. “Uma estalada, berrar, chamar um nome feio ou faltar ao respeito não é normal, de todo. Temos que lhe explicar que o respeito pelo companheiro ou namorado é o mais importante”, defendeu António Bispo, até porque isso pode conduzir, no futuro, a violência doméstica e a mais vítimas, os filhos.

“Quando alguém vos chama nomes, vos empurra, é ciumento ou possessivo, vos dá ordens ou toma decisões por vocês, vos persegue ou vos humilha em frente aos amigos, tem comportamentos violentos, vos pressiona a ter relações sexuais ou não aceita o fim de uma relação e vos ameaça, isso é violência doméstica ou no namoro”, resumiu perante a plateia de jovens. Falou ainda dos sintomas que podem levar a identificar vítimas e que podem chegar, em casos extremos, a depressão, auto-mutilação e suicídio. “Quem deve ter vergonha é o agressor e não a vítima”, acrescentou.

Nesses casos, salientou António Bispo, o melhor a fazer é não intervir directamente ajuda a adultos ou às forças de segurança, como a PSP.

Perante uma plateia, por vezes, ruidosa, um último vídeo mostrado, apenas com uma imagem de fundo em que uma mulher, que começa com algumas nódoas negras e a aceitar as desculpas para todos os comportamentos agressivos do companheiro, acaba morta, quase conseguiu calar os jovens.

Para o agente António Bispo, estas sessões permitem mostrar a proximidade das forças de segurança que estão ali para “ajudar e proteger mas também responsabilizar, se for preciso, e levar às instâncias que os possam punir”.

“Acha que esta informação fica e que, no dia-a-dia, vão reflectindo sobre estes temas e corrigindo alguns comportamentos”, conclui.