O PSD Lousada defendeu, esta segunda-feira, em conferência de imprensa, um reforço de investimento e dos profissionais de saúde no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) bem como a melhoria do acesso aos cuidados de saúde hospitalares por parte da população do Tâmega e Sousa.

O presidente da Comissão Política Concelhia do PSD Lousada e vereador no executivo municipal, Simão Ribeiro, adiantou que o grupo parlamentar do PSD na Assembleia da República, em articulação com os vereadores do PSD e os deputados da Assembleia Municipal de Lousada, vão apresentar, já esta quarta-feira, na Comissão de Saúde da Assembleia da República, um projecto de resolução que exige o reforço  do pessoal clínico e não clínico do Hospital Padre Américo, uma das duas unidades que integram o CHTS.

Segundo o também deputado do PSD, caso seja aprovado pelos restantes grupos parlamentares o projecto  de resolução passa a ter força vinculativa e obrigará o Governo a reflectir sobre a realidade do CHTS, que serve uma população de mais de 500 mil habitantes, distribuída por 12 concelhos e tem a segunda maior Urgência do Norte e a quarta maior do país.

Há “caos”, espera de “horas” e “falta de meios”

Falando da realidade do CHTS, e em concreto do Hospital Padre Américo, Simão Ribeiro classificou de “caos” a situação que se vive nas urgências desta unidade hospitalar, revelou que existem utentes que recorrem às urgências que esperam horas a fio para serem atendidos, que faltam meios e de recursos humanos e que existe o risco da situação “perigar” se nada for feito, entretanto.

Aos jornalistas, Simão Ribeiro recordou, também, que a situação não é mais gravosa nem atingiu já outras proporções devido à entrega, à abnegação e profissionalismo dos médicos, enfermeiros e auxiliares de acção médica que trabalham nesta unidade, que apesar da insuficiência e da exaustão que já atingiram têm conseguido minimizar muitos problemas identificados.

“O Hospital Padre Américo tem sido um exemplo positivo no que diz respeito à dedicação, ao empenho, ao elevado profissionalismo dos seus profissionais de saúde, desde médicos, enfermeiros e auxiliares, mas o que acontece de facto é que se vive uma situação de caos nas urgências do Hospital Padre Américo, que está claramente sub-dimensionada para fazer face às exigências que se lhe impõe, diga-se ao número de pessoas que ocorrem a este serviço de urgências”, disse, recordando que a falta de pessoal clínico é gritante e faz-se sentir mais nas especialidades de cardiologia e pneumologia.

Segundo o deputado, dados do portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS) demonstram que os tempos máximos de respostas garantidas ultrapassam claramente os recomendados, sendo que estes estão divididos em três escalões, o primeiro escalão, muito prioritário, em que o tempo médio de resposta garantida deveria ser de 30 dias para consultas, o prioritário de 60 dias e o normal de 150 dias.

“Neste momento, o tempo médio de resposta garantida situa-se 647 dias de espera para uma consulta de especialidade em pneumologia, 47 dias para a especialidade de otorrinolaringologia, 385 dias de espera para uma consulta de cirurgia geral o que demonstra que os tempos médios de resposta garantida estão a ser ultrapassados numa escala de extrema gravidade”, assegurou.

“vamos desafiar a Câmara de Lousada bem como os restantes municípios a associarem-se a esta iniciativa do PSD no sentido de pressionarem o exigirem às diversas bancadas dos diferentes grupos parlamentares na Assembleia da República que aprovem este projecto de resolução”

Na conferência de imprensa, Simão Ribeiro lançou, também, um repto aos dirigentes políticos do PS na região, presidentes das autarquias e em concreto ao presidente da Câmara de Lousada para que se associe a este apelo e através dos canais e da influência de que goza junto do Governo possa pressionar o mesmo e forçá-lo a desbloquear as verbas para que as exigências em termos de pessoal clínico nas urgências sejam atendidas.

O líder da concelhia do PSD Lousada avisou, por outro lado, que o seu partido apresentará, também, uma moção na Assembleia Municipal que pretende que o investimento no CHTS seja reforçado quer no que diz respeito à sub-dimensão do serviço de urgências quer à  contratação de pessoal nas várias especialidades, pessoal de enfermagem  e auxiliares de acção clínica.

“Queremos que se ponha um ponto final nesta forma duvidosa de  governar, nesta forma falaciosa de transmitir os dados aos portugueses. No que diz respeito à população do Vale do Sousa e do Baixo Tâmega vamos desafiar a Câmara de Lousada bem como os restantes municípios a associarem-se a esta iniciativa do PSD no sentido de pressionarem o exigirem às diversas bancadas dos diferentes grupos parlamentares na Assembleia da República que aprovem este projecto de resolução”, atestou, reconhecendo que é necessário que os municípios tenham uma tomada de posição intransigente no sentido de haver um reforço de investimento quer físico quer em termos de pessoal naquilo que diz respeito às urgências do Padre Américo, ao CHTS.

Simão Ribeiro concordou, por outro lado, que as obras de ampliação realizadas recentemente nas urgências do Hospital Padre Américo assim como o reforço de médicos especialistas anunciados, há pouco tempo, são insuficientes para dar resposta aos utentes dos 12 municípios.

O deputado assumiu ainda que é urgente fazer uma redistribuição estratégica da divisão de utentes em termos territoriais. “Existem relatos de serviços do Hospital Padre Américo que dão conta que ao nível do internamento existem doentes que não são internados no serviço onde deveriam ser porque não existe suficiência de camas”, afiançou.

“Se fizermos uma comparação entre 2017 e 2015, a dívida do SNS e dos hospitais EPE em concreto cresce a uma média, nestes 25 meses, de 25 milhões de euros mês”

Fazendo um retrato do investimento realizado no SNS e nos hospitais públicos, entidades públicas empresariais, o deputado social-democrata recordou que o actual Governo do PS apoiado pela esquerda parlamentar reduziu no investimento ao SNS em 27,5% quando comparado com o investimento realizado pelo seu antecessor.

“Em 2011 aquando da posse do Governo do PSD a dívida total do Serviço Nacional de Saúde (SNS) situava-se  em 3,7 mil milhões de euros. Em 2015, aquando da entrada em funções do Governo do PS esta mesma dívida global do SNS estava em 1,4 mil milhões de euros. Quer dizer que entre 2011 e 2015 foram pagos 2,3 mil milhões de euros em dívidas. Entre 2015 e 2017, isto é, entre o fim de funções do Governo PSD/CDS-PP e estes dias de governação do PS o investimento no sector da saúde caiu em média 27,5%. Quer isto dizer que estamos perante uma queda enorme que passa ao lado daquilo que é a percepção e o senso comum dos portugueses fruto daquilo que é a forma propagandista com que o Governo do PS tem governado Portugal com o apoio da esquerda parlamentar”, concretizou.

O líder da Comissão Política do PSD Lousada clarificou, também, que a falta de investimento além das implicações que tiveram ao nível da qualidade dos serviços fez disparar a dívida total do SNS que se situava em 1,4 mil milhões de euros em finais de 2015, ultrapassando já os dois mil milhões de euros.

“Se fizermos uma comparação entre 2017 e 2015, a dívida do SNS e dos hospitais EPE em concreto cresce a uma média, nestes 25 meses, de 25 milhões de euros mês. Significa que a cada dia que passa a dívida dos hospitais EPE será sensivelmente de quase mais um milhão de euros, ou seja, a cada dia que passa os hospitais se endividam aos fornecedores em cerca de mais de um milhão de euros. É esta a gravidade do cenário que temos hoje no sector da saúde em Portugal”, confessou.