A população de Lustosa, em Lousada, compareceu em grande número à manifestação convocada para este sábado, para o local onde faleceu recentemente uma jovem de 17 anos, residente na freguesia, vítima de um atropelamento.

Inicialmente em cima dos passeios, os manifestantes acabaram por cortar a EN 106 entoando cânticos “Lustosa está de luto!” e “Queremos lombas”, numa referência ao que consideram ser a falta de condições de segurança existente no local.

Ao Verdadeiro Olhar, Sónia Mendes, da freguesia de Vilarinho, uma das manifestantes que se associou ao protesto, com um filho na Escola Básica 2/3 de Lustosa, afirmou estar deveras preocupada com a situação e a falta de medidas que já perdura há bastante tempo.

“Tenho um filho no ciclo e temo que lhe possa acontecer o mesmo. Verifico que os semáforos estão sistematicamente desligados, a passadeira que atravessa a EN 106 não está devidamente sinalizada nem existem lombas”, disse, afirmando que todos os pais estão preocupados com a falta de condições de segurança para os peões.

“Defendo a colocação de lombas porque isto é uma recta e a sua colocação evitaria excessos de velocidade”, adiantou, sustentando que a comunidade está revoltada e chocada com a morte da jovem e que se vai manter unida para lutar pela implementação de medidas.

“Há 21 anos morreu no mesmo local um rapaz, aluno da Escola Básica 2/3 de Lustosa e não queremos que estas situações se repitam mais. Tenho um neto que está prestes a vir para a EB 2,3 e como avó só quero o seu bem-estar”

Maria João, de Lustosa, afinou pelo mesmo tom e defendeu que a colocação de lombas no local faria abrandar o tráfego intenso que se faz sentir na EN106 que liga Vizela e Lousada.

“Queremos que a Infraestruturas de Portugal coloque lombas na via. Estamos a falar de uma via bastante movimentada que liga a Penafiel, Lousada e Vizela. Este foi o segundo acidente com um desfecho trágico. Há 21 anos morreu no mesmo local um rapaz, aluno da Escola Básica 2/3 de Lustosa e não queremos que estas situações se repitam mais. Tenho um neto que está prestes a vir para a EB 2,3 e como avó só quero o seu bem-estar. Os alunos e todas as pessoas que transitam diariamente nesta via têm de ter condições de segurança”, assegurou.

Luís Teixeira, de Lustosa, mostrou-se igualmente preocupado com a falta de condições na via.

“Como cidadão estou preocupado. Os semáforos estão sistematicamente avariados. Acho que a situação só se resolverá com a colocação de lombas”, acrescentou, reconhecendo que a morte de Sara Cunha foi sentida de forma profunda por toda a comunidade.

Irene Teixeira frisou estar também inquieta com toda esta situação.

“Não tenho filhos aqui, mas já tive, e como cidadã tenho de estar solidária. É uma via com muito trânsito e só com a colocação de lombas é que este problema se irá resolver”, manifestou.

Adriana Sousa, também da freguesia, confirmou estar chocada com tudo o que aconteceu.

“Toda a freguesia está em estado de choque. Os semáforos funcionam de vez em quando, estiveram a funcionar um mês, mas depois deixam de funcionar. Acho que as lombas iriam fazer abrandar o tráfego”, afiançou, esperando que as autoridades avancem rapidamente com medidas.

“Tenho filhos na escola, passo aqui todos os dias e dói-me o coração sempre que passo aqui”

Leonor Oliveira, de Lustosa, reconheceu, também, que urge avançar com medidas evitando futuras tragédia.

“Estamos a falar de uma via que tem um estabelecimento de ensino mesmo ao lado, todos os dias há crianças e pessoas a circularem nesta área, pelo que se nada for feito para minimizar a sinistralidade, outros acidentes podem vir a ocorrer. A comunidade local está unida. Tenho filhos na escola, passo aqui todos os dias e dói-me o coração sempre que passo aqui”, avançou.

Gonçalo Carneiro, aluno do 8.º ano da Escola Básica 2/3 de Lustosa, revelou ter receio de atravessar a EN 106.

“Os semáforos quando estão ligados não funcionam direito. Tenho receio de atravessar a estrada. Acho que as lombas eram a melhor solução”, declarou.

Gonçalo Bessa,  8.º ano, aluno na Escola Básica 2/3 de Lustosa, afinou pelo mesmo tom do colega  no que toca à perigosidade da via.

“É uma via com muito trânsito, tenho receio de atravessar a estrada. Acho que as lombas iam prevenir muitos acidentes”, asseverou.

Ana Líria, ex-aluna da Escola Básica 2/3 de Lustosa, confirmou que os semáforos estão sistematicamente avariados e urge implementar medidas.

“Estamos fartos de ter de parar nas passadeiras quando deveriam ser os automobilistas a fazê-lo. Temos de resolver este problema, pois é um assunto que diz respeito a toda a comunidade”,  confessou.

O presidente da União de Freguesias de Lustosa, Barrosas Santo Estêvão, Armando Silva, apelou à necessidade das entidades locais fazerem pressão junto da Infraestruturas de Portugal no sentido de minimizar esta situação que tantos problemas tem trazido à comunidade local.

“Como autarca não poderia deixar de me associar a este protesto e estar preocupado com o que se está a passar. Estamos de luto e queremos que as entidades responsáveis façam alguma coisa e resolvam esta situação. Se nada for feiro a comunidade terá que avançar com outras medidas. Esta manifestação é um grito de alerta. Os habitantes da freguesia são muito humildes, temos sido esquecidos, queremos medidas para garantir a segurança das pessoas e temo que estes acidentes possam voltar a acontecer”, concretizou, salientando que esta é a única via que liga a Vizela.

“Acrescente-se que, infelizmente, grande maioria destas situações resulta de actos de vandalismo que não podem ser detectados de imediato. Não obstante, a IP encontra-se a analisar várias soluções que possam ser implementadas neste local e contribuam para o reforço da segurança rodoviária”

Em nota enviada ao Verdadeiro Olhar, fonte da Infraestruturas de Portugal apresentou as mais sentidas condolências à família da jovem que no passado dia 28 de Janeiro foi vítima de atropelamento na passadeira localizada na EN 106, em frente à EB 2,3 de Lustosa, em Lousada.

A mesma fonte revelou que a Infraestruturas de Portugal aguarda pelas conclusões das autoridades no sentido de apurar as causas deste acidente.

Relativamente ao funcionamento dos equipamentos semafóricos, a Infraestruturas de Portugal confirmou que sempre que é detectada ou é alertada para a existência de avaria, procede à devida reparação.

“Acrescente-se que, infelizmente, grande maioria destas situações resulta de actos de vandalismo que não podem ser detectados de imediato. Não obstante, a IP encontra-se a analisar várias soluções que possam ser implementadas neste local e contribuam para o reforço da segurança rodoviária”, lê-se na nota remetida ao Verdadeiro Olhar.

A GNR conseguiu desmobilizar os manifestantes que cortaram temporariamente a EN 106 ao trânsito como forma de protesto.