Política para Totós: Sol na eira e chuva no nabal

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Durante o fim de semana passado decorreram várias iniciativas, com particular incidência em Paredes, Penafiel e Lousada, que movimentaram a região e trouxeram vida às pacatas localidades, atraindo milhares de pessoas que, seguramente e por razões diversas, não deram como perdido o tempo que por cá passaram.

Contudo, mesmo quando assim acontece, numa circunstância ou noutra, os organizadores acabam por ser alvos de criticas que, não retirando a razão a quem se queixa, nos fazem colocar no lugar de quem cria este tipo de ofertas com a intenção de proporcionar às populações dias diferentes e melhores formas de ocupar o tempo  e que vão além de forma proletária de trabalhar a semana inteira e só terem os supermercados como locais para passarem os seus fins de semana.

Vem isto a propósito da realização, pela segunda vez, da Handeball Cup que decorreu em Paredes. O evento mereceu o reconhecimento de quase todos, mas, ao mesmo tempo, fez com que uma minoria acabasse a queixar-se do barulho que o evento originou, noite dentro, sobretudo na zona envolvente do pavilhão municipal que é, seguramente, uma das de maior densidade populacional do concelho. Aceita-se que, do lado de quem organiza, se instale o raciocínio: se não fazemos somos culpados de não fazer nada, se fazemos queixam-se dos incómodos que se criamos.

Duma vez por todas precisamos de perceber que não é possível ter “sol na eira e chuva no nabal”. Independentemente das razões dos que se queixaram parece-nos evidente que será sempre melhor fazer do que continuar a obrigar as pessoas a meterem-se nas grandes superfícies à falta de melhores maneiras de ocupar o tempo.

Contudo, este tipo de experiências- que outra coisa não são – deviam obrigar também os promotores a algumas reflexões com vista a conjugar melhor o interesse de todos. Porventura, talvez mesmo, a corrigirem de forma radical as promessas eleitorais ou, no mínimo, a reformulá-las. É o caso da promessa de Alexandre Almeida de construir um Pavilhão Multiusos, no local onde agora se encontra o degradado pavilhão gimnodesportivo municipal.

Não conhecemos um concelho, no país inteiro, por muito grande que seja, que possua dois pavilhões multiusos. Paredes tem um. Bem ou mal localizado é outra questão. Se calhar até nem está tão mal situado como muitos insinuam. O problema de ter um equipamento destes não está na sua localização, mas sobretudo na capacidade de criar uma programação que justifique tamanho investimento. Se o multiusos Rota dos Móveis está longe de cumprir os objetivos para que foi construído que motivos terão levado Alexandre Almeida a prometer outro no centro da cidade de Paredes?

Só os excessos que sempre se cometem em campanhas eleitorais deixam perceber isso. A sede do concelho não precisa de outro multiusos. Paredes carece e muito de um pavilhão gimnodesportivo que cumpra, no mínimo as funções que o atual cumpria antes de o deixarem ao abandono.

Se o executivo municipal recuasse nos seus propósitos o concelho só teria a ganhar. Teria o gimnodesportivo que precisa, por custos incomparavelmente inferiores à construção de um multiusos. Tê-lo-ia brevemente porque demora muito menos tempo recuperar o atual do que a construir de raiz um novo porque, note-se bem, um multiusos exige uma série de condições que só construindo um novo se poderia fazer naquele local.

Por fim, mas talvez a razão mais importante. Não podemos, em tempo de eleições, andar a vender a ideia de que queremos um concelho unido e depois, para satisfazer clientelas eleitorais, contribuirmos para que as diferentes freguesias do concelho fiquem, cada vez mais, de costas voltadas.

Recupere-se o gimnodesportivo no centro da cidade, potencie-se o multiusos Rota dos Móveis e o dinheiro que sobra ainda chega para construir uma ecovia que ligue Paredes a Aguiar de Sousa, contribuindo, assim sim, para a unificação do concelho e, por uma vez, olhando para o sul do concelho como só se tem olhado para duas ou três freguesias.