POLÍTICA PARA TOTÓS: Eu opino, tu opinas, ele opina

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O Pina, aquele senhor do Sporting, que aparece nas televisões e ainda não deu conta que não é humorista não tem nada a ver com isto.

Isto hoje tem a ver com quem opina e nada com o Pina.

Vivemos na época de maior liberdade de expressão de toda a História. Contudo, cada vez mais confundimos liberdade de expressão com liberdade de opinião. A segunda é mais exigente do que a primeira, mas como não distinguimos tomamo-las como iguais.

A latente e patente “rebelião de massas” encontrou nas redes sociais o campo fértil para se reproduzir de todas as formas e sem qualquer critério. Nunca tantos puderam expressar-se tanto e tão rapidamente, nem que o que tenham para dizer se sustente apenas no que ouviram dizer. Não restam dúvidas de que as redes sociais têm elementos positivos, mas permitem também a proliferação de opiniões, que não chegam a ser ideias, muitas vezes sem qualquer fundamento. Contudo, hoje, parece ser unanimemente aceite, até por especialistas, que foi esta “praga” por nós tão frequentada, que elegeu Bolsonaro, permitiu a “Primavera árabe” ou serve a Trump para difundir as suas “ideias”.

Paradoxalmente, este é o tempo em que aumenta o número dos que se queixam de não poderem ter opinião.

Conhecemo-los por intelectuais. Não conseguem aceitar a ideia, se calhar com razão, de serem confrontados, ao mesmo nível, com a opinião de qualquer idiota ou que qualquer mentecapto receba o mesmo estatuto. São os sinais dos tempos. Se por um lado esta massificação, como outras, levou à perda de qualidade e a outros prejuízos maiores, por outro, ofereceu-nos gratuitamente, esta possibilidade de sermos protagonistas em filmes onde, provavelmente, nem para figurantes seriamos escolhidos. É o tempo de os intelectuais jogarem à defesa.

As redes sociais trouxeram-nos “opiniões” para todos os gostos e “likes” para todas as “opiniões”. Basta “postar”! Confessamos, também nós, que chegamos a pensar que “postar” tinha mais a ver com a deliciosa “posta mirandesa” do que com estardalhar a torto e a direito, à esquerda e à direita, tudo o que nos vem à cabeça.

Aliás, começamos a duvidar que Portugal seja um país com problemas e em dificuldades. Para cada problema cada um de nós tem imediata “opinião” e nem prescindimos de acrescentar a “nossa solução”. Dito doutra forma: para cada problema existem tantas soluções quantos os portugueses, logo, para cada problema existem dez milhões de soluções.

Nada que nos espante. Já tínhamos descoberto que Portugal tinha muitos antifascistas depois do fascismo acabar. E continuemos a opinar. Muito.

MEL: Rali de Paredes

É certo e sabido que aquela coisa de “dar vida a Paredes” foi palavra de ordem do CDS. É certo e sabido que a maioria dos eventos ocorridos durante este ano no concelho resultaram de uma série de iniciativas avulsas e propostas, na maior parte dos casos, pelos próprios munícipes. Aliás, não constavam de qualquer plano para 2018 e não vem daí mal ao mundo. É certo e sabido que algumas devem repetir-se e outras evitar-se no futuro. O Rali de Paredes que, curiosamente ou não, é das poucas ideias surgidas no seio do executivo, na nossa modesta opinião, merece que nos empenhemos mais em ver repetida. Esta serve e suplanta o slogan: dar vida ao concelho!

FEL: Edifício da extinta ACICP em ruínas

A realização do rali também nos deu esta coisa de recuperarmos memórias que o tempo fez esquecer e a vegetação escondia. O edifício construído e abandonado junto à zona industrial de Baltar, custou, à época e em moeda atual, cerca de meio milhão de euros. Por birra do presidente da autarquia eleito em 1993, cuja obra se caracterizou por destruir tudo o que de bom o seu antecessor fizera, desperdiçou-se o dinheiro e desperdiçou-se sobretudo a possibilidade de vermos o concelho a crescer de forma descentralizada. Só faltava construir o acesso. O edifício até já estava equipado estava. Devia ser considerado crime. Grave, porque beneficiaria sobretudo as freguesias mais esquecidas do concelho. As do sul.