POLÍTICA PARA TOTÓS: Para acabar de vez com esta treta

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Depois das notícias dos últimos dias sobre esta treta das SAD`s em clubes amadores, sobretudo aberta a porta ao Aliados de Lordelo poder vir também a constituir-se como SAD, sinceramente, dá-nos uma única vontade e que se devia expressar em termos próximos do “eles lá sabem, depois não digam que não foram avisados”. Por nós, concluído este texto o assunto ficará encerrado.

Sim, somos absolutamente contra a possibilidade de o U.S.C. Paredes vir a constituir-se como SAD. Porquê?

– O clube é amador. Enquanto assim for não poderá constituir-se em SAD.

– O U.S.C. de Paredes nem sequer dispõe de condições físicas para ser uma SAD. Não tem, por exemplo, um espaço seu que possa disponibilizar para que, uma vez transformado em SAD, pudesse obrigar a nova estrutura a jogar ali. Ou seja, depois de se constituir em SAD tanto pode ir jogar para Freixo de Espada à Cinta como para Freixo de Metralhadora às Costas. Para os acionistas é a mesma coisa. Não lhes interessa o desporto, o clube ou os adeptos. Só o negócio.

Sabemos que, apesar da impossibilidade legal de alugar instalações que não são suas, isso tem vindo a acontecer na chamada “cidade desportiva”. Basta que a dona do estádio, a autarquia, feche os olhos a esta evidência. Nada que se condene se quem paga o aluguer estiver dentro da lei. Contudo, uma vez transformado em SAD, o USCP deixaria de ser uma colectividade concelhia para ser uma outra coisa qualquer. Nesse caso, a autarquia não poderia permitir-se à cegueira de beneficiar uma empresa com fins lucrativos em prejuízo das colectividades que proliferam e bem por todo o concelho. Seria, para além de tudo mais, o contributo para uma concorrência desleal e ilegal.

– As Sociedades Anónimas Desportivas ( SAD`s) tal como as conhecemos, não defendem os interesses dos clubes ou dos seus associados. Apenas se preocupam com os lucros, se os houver, e com os acionistas. Os sócios não contam nestas contas. Não é por acaso que os interessados nunca apresentam propostas em que a maioria do capital fica nos clubes. O máximo que os “acionistas” aceitam é 49% para os clubes e 51% para eles. Ou seja, o clube e os seus associados deixam de intervir em qualquer ação lhes que diga respeito. Aqui não conta o clube, o seu nome, o seu passado, os seus sócios. Nem o seu futuro, porque esgotada a breve “gestão de interesses” qualquer SAD se pode apresentar insolvente. Nem que seja apenas por conveniência dos acionistas.

– Dos clubes que escolheram este caminho, em Portugal, exceptuando os três grandes,  pela sua dimensão física e importância social, económica e cultural, todas as SAD`s constituídas serviram apenas para a “lavagem de dinheiro”, para corredor de interesses financeiros externos que se servem destes clubes como plataforma de acesso à Europa. Neste caso, por duas ou três épocas, os clubes até conseguem resultados desportivos, mas depois disso colapsam. Uma terceira via é a de legalizarem estrangeiros, de fora da europa, que dessa forma transitam para outros países. Isto acontece só em alguns casos porque, na sua maioria, a intervenção do SEF (Serviços de Estrangeiros e Fronteiras) acaba por detetar as ilegalidades e devolver esses cidadãos à sua proveniência.

– Temos como exemplo todos os casos de situações idênticas de clubes que escolheram esse caminho. Desde o Alverca, que chegou à primeira divisão, ao Leixões, ao Estoril e a tantos outros, culminando sempre da mesma maneira. Na desgraça e nos distritais. Para não falar no histórico Belenenses que não pode jogar no Restelo. Nem o símbolo do clube pode usar. O verdadeiro Belenenses joga nos distritais.

Apesar de darmos como certas, até prova em contrário, as boas vontades dos dirigentes executivos do USCP, sabemos também que há situações em que nunca deveriam ter “embarcado”. Esta seria, provavelmente, a próxima viagem. Tememos que só consigam comprar o bilhete para a ida.

Assim como assim, em tempos de experimentalismos, deixemos o Aliados de Lordelo avançar primeiro. Tem património e os “acionistas” nem precisam de ir à China para comprar o clube. Já lá estão. Esses, pelo menos, têm dinheiro.

Quanto ao facto de o presidente da câmara de Paredes não se ter deixado impressionar pelo “projecto”, apesar dos interessados na compra do Aliados de Lordelo serem o alter ego de Bruce Banner, não é mau sinal. Pelo contrário.

Que nunca a autarquia caminhe dentro destes turbilhões de interesses que ninguém sabe como começam, mas todos adivinham como acabam.

Por último, a minha declaração de interesses. Só pensamos assim em relação ao Aliados de Lordelo porque nisto do futebol cada um é por quem é. Como somos do União queremos lá saber do que aconteceria ao Aliados se viesse a ser vendido ao Hulk. Mesmo a esse.

Aliás, pode até servir de pretexto para os lordelenses darem mais um passo que os leve à “independência” por que lutam, umas vezes mais às claras e outras tantas mais silenciosamente, desde o início do século XX. O povo é soberano.