Vários nomes sonantes da Nyckelharpa, instrumento de cordas parecido com um violino, como Marco Ambrosini e Eva-Maria Rusche, vão estar no primeiro Paredes Nyckelharpa Meeting, cuja apresentação decorreu, esta manhã, no salão nobre dos Paços do Concelho.

O professor de filosofia, um dos oito executantes deste instrumento no país, Aires Montenegro realçou que a realização deste evento vinha sendo pensada há já algum tempo, sendo uma oportunidade para dar a conhecer um instrumento que já tem muitos executantes no estrangeiro, que se distingue pela sua sonoridade e pode ser usado em diferentes estilos musicais.

Falando do Centro Português de Nyckelharpa que se pretende criar no concelho, Aires Montenegro, confirmou que este equipamento será uma realidade já no próximo ano, funcionará no Conservatório de Música de Paredes como um pólo formador e um centro difusor deste instrumento.

“Queremos transformar este centro como um espaço de aprendizagem ao longo da vida que pretende dar a conhecer o instrumento às crianças e às escolas, que são os futuros executantes da Nyckelharpa, e que está, também, direccionado para o ensino de adultos, como eu, que aprendi a tocar o instrumento já numa fase mais adiantada da minha vida. Há pessoas a aprenderem a tocar Nyckelharpa depois dos 60 anos”, disse, salientando que os vários actores que vão integrar este projecto e que mantiveram já uma reunião, estando a ser elaborado um protocolo com a colaboração da Associação José Guilherme Pacheco – Conservatório de Música de Paredes e outras entidades europeias.

“Vamos trabalhar em articulação com todos estes actores e agentes, passando Paredes a ser um dos pólos de divulgação e ensino da Nyckelharpa na Europa”

“Vamos trabalhar em articulação com todos estes actores e agentes, passando Paredes a ser um dos pólos de divulgação e ensino da Nyckelharpa na Europa”, avançou, acrescentando que o Centro Português de Nyckelharpa funcionará em estreita articulação com a Câmara de Paredes e a Associação José Guilherme Pacheco – Conservatório de Música de Paredes.

“O mais difícil foi termos conseguido chegar até aqui, foi um longo processo, mas acredito que vamos finalmente conseguir os nossos intentos. Quero agradecer deste já à vereadora da Cultura que foi uma peça determinante neste processo”, destacou.

Aires Montenegro defendeu, também, que este centro terá uma ligação forte às escolas e visa potenciar a realização de um encontro internacional anual. Além disso, é meta criar um ensemble e trazer para Portugal o terceiro pólo do European Nyckelharpa Training, o curso oficial do instrumento, agora apenas ministrado na Itália e na Alemanha. “Queremos poder leccionar cá daqui a dois anos. Vou começar o curso em Itália e quero terminá-lo em Portugal”, referiu.

Referindo-se à Nyckelharpa, o professor realçou que este é um instrumento com teclas de corda friccionada, equipado com teclas e cordas de ressonância, que lhe conferem uma sonoridade característica.

“Enquanto no violino, o som sai puro na  Nyckelharpa não. Quando se toca uma corda ressonam todas as outras 12. Isto é que lhe dá um enquanto especial”

“O grande problema num instrumento de cordas é a afinação. Num violino quando se começa tarde é muito difícil afinar. Este instrumento é um violino de facto, mas  tem teclas e isso facilita a sua afinação, basta estar com ela afinada”, acrescentou, sublinhando  que o instrumento tem 16 cordas, quatro melódicas, como o violino e o violoncelo e a viola de arco, mais 12 cordas.

“Enquanto no violino, o som sai puro na  Nyckelharpa não. Quando se toca uma corda ressonam todas as outras 12. Isto é que lhe dá um enquanto especial”, afiançou, manifestando que as duas vertentes fundamentais deste instrumento, de origem medieval sueca, que está presente em iluminuras e capitéis no Norte de Itália, assenta no eixo Suécia, Alemanha e Itália.

“Com a criação deste centro queremos precisamente estendê-lo para o ocidente da Europa, dando-o a conhecer, também, em Portugal e assumindo Paredes um papel relevante”, explicitou, concretizando que o Centro Português de Nyckelharpa já está em gestação.

A vereadora da Cultura da Câmara de Paredes, Beatriz Meireles, mostrou-se expectante quando à realização deste primeiro Meeting de Nyckelharpa em Paredes e à criação de um Centro em Paredes.

“É um projecto que conta com o apoio de vários actores e parceiros ligados ao mundo da música. Já esta sexta-feira reunimos com os representantes de escolas, quer da Alemanha quer de Itália, onde este instrumento é profusamente conhecido, e que vão estar durante o fim-de-semana em Paredes para acompanharem o Meeting de Nyckelharpa, tendo debatido os termos do protocolo para implementar o Centro Português de Nyckelharpa”, asseverou.

“O concelho dispõe de um território diversificado e que vale a pena usufruir e este tipo de encontros é uma oportunidade para usufruir desse património”

Beatriz Meireles ressalvou que a par da divulgação, este Meeting tem como propósito dar a conhecer o património histórico-cultural do concelho, esclarecendo que Casa da Cultura e o Conservatório de Música de Paredes vão acolher a realização de várias actividades, tais como Nyckelharpa Masterclass, com Marco Ambrosini, de uma conferência com o Luthier Alex Pilz e de uma exposição de Nyckelharpa.

A autarca declarou, também, que a Capela da Quintã e o Mosteiro de Cete, que vai acolher um concerto, com a participação do Conservatório de Música de Paredes e dos artistas Marco Ambrosini e Eva-Maria Rusche, são outros locais envolvidos.

“O concelho dispõe de um território diversificado e que vale a pena usufruir e este tipo de encontros é uma oportunidade para usufruir desse património. Contamos, igualmente, com o apoio da Rota do Românico que é parceira neste projecto que tem características medievais ”, declarou, reconhecendo que o Conservatório de Música de Paredes será o elemento-chave deste projecto e a âncora para potenciar e disseminar este instrumento.

“Quando nos apresentaram a Nyckelharpa não poderíamos ficar indiferentes, sobretudo, quando estamos a falar de um instrumento que é uma novidade”

Paulo Rocha, representante da Associação José Guilherme Pacheco – Conservatório de Música de Paredes, ressalvou  a importância de Paredes acolher este evento.

“A associação que tutela o Conservatório de Música tem todo o interesse neste evento, sendo seu propósito a divulgação e promoção de todas as artes. Quando nos apresentaram a Nyckelharpa não poderíamos ficar indiferentes, sobretudo, quando estamos a falar de um instrumento que é uma novidade. Além do mais, somos a única instituição que tem um professor, o único habilitado para leccionar e ensinar esse instrumento, que é o professor Sérgio Calisto. Queremos divulgar este instrumento único e reconhecer a Nyckelharpa como instrumento de ensino no Conservatório de Música”, expressou.

Paulo Rocha manifestou, também, que a Nyckelharpa é um instrumento que ainda não é reconhecido no país.

“Esse será o próximo passo, tentar junto do Ministério, tratar de todo o processo para proceder ao seu reconhecimento”, atalhou, confirmando que o Conservatório dispõe de todas as valências para disseminar o instrumento.

“Paredes não é conhecido apenas pelo mobiliário, o concelho tem tradição na música, tem excelentes bandas de música, tem escolas de música, dispõe de um Conservatório de Música de excelência”

O presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, relevou a importância de Paredes acolher um evento internacional, com a presença de alguns dos melhores instrumentistas da Nyckelharpa, decorrendo este encontro em diferentes locais do município, com workshops e masterclass.

“Paredes não é conhecido apenas pelo mobiliário, o concelho tem tradição na música, tem excelentes bandas de música, tem escolas de música, dispõe de um Conservatório de Música de excelência, centenas de alunos interessados pela disciplina e pela área da música”, asseverou, recordando que este evento existe em parceria com a plataforma Nyckelharpa Portugal, com o Conservatório de Música de Paredes e a Rota do Românico.

Além da Nyckelharpa Masterclass, com Marco Ambrosini, o Paredes Nyckelharpa Meeting vai integrar uma conferência com o Luthier Alex Pilz, uma exposição de Nyckelharpa e um workshop para Iniciantes com Sérgio Calisto.