Habituado a fazer ultramaratonas, Augusto Oliveira, paredense de 47 anos, viu todas as provas serem canceladas este ano, devido à pandemia. A companheira Esmeralda Fiúza aceitou o desafio e resolveu lançar-se este ano à descoberta do país.

O percurso escolhido foi a Estrada Nacional 2, que liga Chaves a Faro. Ao todo percorreu 738,5 quilómetros de bicicleta. Foram cerca de 57 horas a pedalar, numa semana que permitiu conhecer várias cidades.

“Este ano ia fazer ultramaratonas de 250 quilómetros à Jordânia e Sirilanka, mas foram canceladas e decidi fazer este percurso. Como a pé exigia mais dias, resolvi fazê-lo a pedalar”, conta Augusto Oliveira, que promete continuar a explorar Portugal enquanto as provas não forem reactivadas.

“A EN 2 é espectacular e o ideal é fazê-la de bicicleta pois de carro ou mota perdem-se muitos pormenores”, acredita o funcionário dos CTT.  “Adorei o percurso e será para repetir, desta vez a correr”, promete.

Recorde-se que Augusto Oliveira não foi sempre um atleta e que foi o desporto que lhe mudou a vida. Depois de uma vida marcada pelo consumo de drogas e álcool, o paredense esteve um mês em coma, enfrentou duas tromboses venosas profundas e duas intervenções cirúrgicas, com os médicos a darem-lhe poucas hipóteses de sobrevivência e de regressar a uma vida normal. “A ultramaratona foi o desporto que me devolveu a alegria, a felicidade, o bem-estar físico, emocional e psicológico, que me fez voltar a traçar metas, definir objectivos”, refere. Nos últimos anos participou em mais de uma centena de provas e percorreu milhares de quilómetros.

Em 2017, concluiu uma das ultramaratonas mais difíceis do mundo: a BadWater 135, uma prova de 217 quilómetros, nos Estados Unidos da América.

O relato na primeira pessoa

Estrada Nacional 2 – 738 km em 57horas e 30 minutos

Da ideia à concretização foi um processo muito rápido e não foi necessário elaborar um mega plano, pois a ideia de fazer a N2 em autonomia, era o mais que suficiente, era o partir à aventura, sem precisar de ajudas externas. Só íamos com a ideia que tínhamos de realizar esta viagem durante uma semana, pois era esse o tempo disponível.

O único planeamento possível foi, um mapa com as distâncias entre aldeias, vilas e cidades, o objectivo era fazer pelo menos 100 km diários.

A Estrada Nacional 2 (N2) com 738,5 quilómetros é a terceira estrada nacional mais extensa do mundo, e por cruzar o país de uma ponta à outra, é usualmente comparada à norte-americana Route 66, que liga Chicago a Los Angeles (2900 km), e à Ruta 40 que atravessa a Argentina de norte a sul, desde a fronteira com a Bolívia até Ushuaia na ponta mais austral do continente americano (5200 km). Está a celebrar 75 anos, uma data especial para esta estrada única que liga Portugal continental de Norte a Sul, de Chaves a Faro, tornando-se na maior estrada do país. Passa por 11 distritos – Vila Real – Viseu – Coimbra – Leiria – Castelo Branco – Santarém – Portalegre – Évora – Setúbal – Beja e Faro e por quatro serras e 11 rios.

 

1.º Dia

Na 1.ª etapa, Chaves – Lamego, na minha opinião uma das etapas com mais beleza natural, onde a serra, o rio e as vinhas do Alto Douro Vinhateiro (Património da Humanidade) salpicam todo o percurso com a sua beleza. A cada aldeia, vila e cidade, sou surpreendido, com ruas históricas, com monumentos que se escondem nos mais recônditos lugares. As suas gentes sorriem à nossa passagem e um bom dia, uma boa tarde, são sempre anunciados a alto e bom som.

Chaves, uma cidade, que espalha a sua beleza por todas as ruas, com o seu imponente castelo que nos olha do alto, em que a modernidade se dilui na perfeição com a história, uma cidade, que soube evoluir sem perder a sua identidade. Estamos no KM 0. Na rotunda o marco icónico, que nos últimos tempos tem ganho mais visibilidade, onde os autocolantes dos diversos grupos que aí iniciam a N2 se vão acumulando e atropelando uns aos outros. É neste local que afloram constantemente várias pessoas que estão dispostas a iniciar os 738,5 quilómetros, maioritariamente pessoas de mota que fazem questão de registarem em fotografia o início da grande aventura.

Começamos a bom ritmo, pois o nosso objectivo era percorrer cerca de 100 quilómetros por dia, mas sem fazer disto um contra-relógio, nem uma prova de velocidade. O sol já estava bem alto e começava a irradiar um calor tórrido. O percurso não era muito complicado e as inclinações eram suaves, embora a minha bicicleta carregasse cerca de 10 quilos nos alforges, em que levava, uma tenda, saco de cama, fogão, botija de gás, alguns produtos de higiene pessoal e mudas de roupa, o necessário para uma travessia de Portugal lés-a-lés em autonomia total.

Em Pedras Salgadas conseguimos obter o Passaporte da Nacional 2, onde íamos colocando o carimbo nos vários locais que fomos passando. A partir desta localidade é sempre possível pedalar pela ecopista, que percorre lado a lado com a N2. É uma alternativa, pois evita-se o trânsito e é mais seguro viajar. Depois fomos passando por Vila Pouca de Aguiar e Vila Real, atravessando estas duas localidades com toda a calma e tranquilidade, desfrutando de toda a sua beleza arquitectónica e paisagística. É a partir da capital de distrito que o percurso começa a complicar-se, em que as grandes subidas e descidas vão tomando o lugar.

De Vila Real, passando por Santa Marta de Penaguião, na descida quase a pique que vai desaguar à cidade da Régua, em que durante largos quilómetros descíamos pela deslumbrante paisagem dos socalcos do Douro Vinhateiro, estava um calor abrasador, em que sentia os manípulos dos travões da bicicleta quentes, em que a água que trazia nos bidons aquecia rapidamente.

Na Régua mais um gelado e uma garrafa de água bem gelada, pois os quilómetros seguintes até Lamego iam ser complicados, esta parte do percurso é sempre a subir. Estava ansioso por “abraçar” o marco do quilómetro 100, mas até chegar a ele íamos ter que “penar” ainda durante algumas horas. No horizonte o céu começava a ficar carregado de nuvens negras, que se iam acumulando, na serra do Marão, e que a cada hora que passava, iam anunciando uma mudança drástica do tempo. Começava a sentir-se um grande acumular de energia estática e ao longe iam-se avistando alguns relâmpagos, embora a temperatura continuasse nos 30 e muitos graus.

O tão desejado marco do quilómetro 100 dá-nos as boas vindas, com ele vêm os primeiros chuviscos e grandes rajadas de vento, que levantam tudo à sua passagem. Fomos aumentando o ritmo para encontrarmos um pequeno abrigo, pois tínhamos que proteger a nossa preciosa “carga”. É neste momento que decidimos terminar a etapa por aqui e esperar o que o dia de amanhã nasça mais tranquilo e sem chuva.

2.º Dia

Lamego – Tondela, ou mais um bocado à frente, era o objectivo para o 2.º dia, e mais de 100 quilómetros. Com as magníficas e deslumbrantes escadas da Nossa Senhora dos Remédios em pano de fundo começamos a pedalar, e o percurso ia continuar em plena serra, em que as subidas iam largamente superar as descidas e os planos.

Empenhados em conseguir percorrer o maior número de quilómetros, seguíamos a bom ritmo, que logo foi interrompido pelo 1.º furo, na bicicleta da Esmeralda. Rapidamente, trocámos a câmara-de-ar e ainda aproveitamos uma fonte, onde verificamos onde era o furo e o remendamos. Tínhamos que ter sempre uma pronta para qualquer eventualidade.

A viagem prosseguia com a passagem por Castro Daire, onde íamos mantendo a nossa “dieta” matinal. Até darmos por terminado o dia, apenas comíamos umas sandes e uns enlatados, não esquecendo o consumo diário de água que eram cerca de cinco litros. À saída de Castro Daire, e com as obras que estão a fazer em fazer na N2, fomos seguindo as placas que assinalam o caminho alternativo. Fomos sempre pedalando, até que deixamos de ver placas, e decidimos seguir em direcção a São Pedro do Sul. Embora esta localidade esteja assinalada no mapa como local de recolha de um carimbo para o Passaporte, fica bastante longe da N2, estamos cerca de 20 quilómetros. Apesar disto, lá continuamos a pedalar até ao objectivo do dia, que seriam os 100 quilómetros ou mais que nos levariam a Tondela.

Após uma Cola bem gelada e um gelado, outro furo. A bicicleta da Esmeralda precisava novamente de ser consertada e, rapidamente, trocamos a câmara-de-ar e colámos o furo. Dois furos no mesmo dia e com algumas horas de diferença entre eles, começava a deixar-me preocupado a pensar que nem a meio da viagem estávamos. Subidas e mais subidas, com algumas descidas para me animar, lá chegámos a Tondela, onde demos por terminada mais uma etapa.

 

3.º Dia

Nas etapas seguintes íamos continuar embrenhados nas serras e nas longas subidas. Deixámos Tondela para trás e fomos mantendo e mesmo ritmo e a mesma ambição. Não queríamos largar a meta dos 100 ou mais quilómetros. Decidimos acordar mais cedo e aproveitar mais as manhãs, onde podíamos aproveitar o tempo mais fresco e tentar terminar o dia mais cedo.

De Tondela até Alvares onde ficava o marco dos 300 quilómetros, fomos passando por lugarejos, vilas e cidades que continuavam a surpreender-nos, desde Santa Comba Dão, onde nasceu o ditador que (des)governou este país durante demasiado tempo. À saída desta localidade, como noutras cidades de maior dimensão, é um bocado complicado retomar a N2, muitas vezes por falta de sinalização adequada, ou por a N2, ter sido englobada noutros troços de IP.

Com a Barragem da Aguieira como tela de cenário, fomos desfrutando e mergulhando nesta beleza natural, contornado toda a barragem com passagem por Mortágua, e com Penacova a querer abraçar-nos, onde fomos deslizando ao longo do Rio Mondego, onde íamos apanhando bastantes sombras e linhas de água que nos levavam a alma. O Hotel Rural Quinta da Conchada brindou-nos com uma água bem fresca e com a sua extrema simpatia. Fomos deixando para trás a Livraria do Mondego e Penacova, enquanto Vila Nova de Poiares nos acenava lá bem do alto, mas, para lá chegarmos, tínhamos ainda que trepar bem serra acima, um longo prémio de montanha de 1.ª categoria é o que nos separava desta bela vila.

Com Vila Nova de Poiares a ficar para trás e com algumas descidas que nos iam animando, o calor tórrido tornava-se sufocante, lembrando-me muitas vezes a BadWater no Vale da Morte na Califórnia. A descida prometia-nos uma visita a Góis, onde um rio serpenteava pelo meio do casario. Góis é uma vila pacata e calma, um local fantástico que merece sempre ser visitado. Uma breve passagem, com direito a um mergulho na praia fluvial da Peneda, que nos elevou os ânimos aos píncaros e recuperou as forças para uma longa subida que nos esperava.

Queria uma fotografia no marco do quilómetro 300, que ficava perto na aldeia de Alvares, que era abraçada por um riozinho com água transparente, onde uma pequena praia de relva verde – Praia Fluvial Alvares – proporcionava um local aprazível para o merecido descanso. Mas a noite fui abruptamente interrompida. Os aspersores accionaram automaticamente pelas 03:30 horas da manhã. O senhor do café restaurante, que comunga o espaço com o relvado verde que se estende até ao rio, tinha referido que a qualquer momento isso iria acontecer. Falava por experiência própria, pois na altura das festas da aldeia, quando toda a aldeia dançava noite adentro, acontecia isso. Até disse que o acontecimento era comemorado com mais alegria e entusiasmo e até acalmava os ânimos e ajudava a acalmar o efeito do álcool, que por essa hora já falava mais alto do que a razão.

 

4.º Dia

Começamos a pedalar bem cedo, por um lado pela força dos aspersores, por outro para não apanharmos muito calor, que já se adivinhava. A próxima etapa, como tínhamos feito anteriormente, tinha que ser sempre 100 quilómetros ou mais. Custasse o que custasse, era o nosso objectivo diário. No mínimo tinha de nos levar a Abrantes, mas até lá chegar estavam à nossa espera ainda longas e dolorosas subidas. Sem nunca esquecer que se quisesse ir até ao centro da cidade tinha que ser sempre a subir, pois esta cidade fica no topo de uma serra e para lá chegar não resta nenhuma alternativa, é subir e subir.

Esta parte do percurso, entre Góis e Sertã, já conhecíamos. Fizemo-lo há alguns anos atrás a acompanhar um amigo que fez a N2 a correr. As subidas e mais subidas continuavam lá e este troço é bastante agradável de fazer pela sua beleza paisagística. Sabia que hoje atingiríamos o KM 369, que fica mesmo no centro de Portugal, e também já tinha pesquisado e lido que o tipo de terreno a partir de Abrantes seria mais suave, em que as grandes rectas e os planos iam substituir as grandes subidas. Mas também tinha a noção que, nesta parte, o calor seria bem mais severo, e que a água já não iria ser em grande abundância, e que as aldeias, as vilas e as cidades estavam mais distantes umas das outras. Mas siga, que para a frente é que é caminho.

Deixámos Pedrogão Grande para trás e a Barragem do Cabril, um plano de água fantástico em que apetece dar um mergulho. Seguimos rumo à Sertã, que não fica atrás em relação à beleza da região que estávamos a deixar para trás. Para nós a partir desta cidade era tudo desconhecido.

KM 369, Vila de Rei – Centro de Portugal. Não queríamos passar por aqui sem visitar o Centro Geodésico de Portugal Continental, na Serra da Melriça. No alto desta serra, encontra-se construído um marco com cerca de 20 metros de altura, denominado de “Picoto”, marcando assim o Centro a nível de coordenadas geodésicas.

Atingimos a tão ansiada metade da N2 e siga, mas com a aproximação a Abrantes as coisas começam a complicar e, mesmo antes de atingirmos a nossa meta diária, somos presenteados com um grande prémio de montanha de primeira categoria. Quando finalmente avistamos a cidade, lá pendurada na serra, sentimos um grande alívio. Decidimos subir à parte velha de Abrantes, mas para conhecer esta cidade é preciso serrar bem os dentes. Valeu o esforço, pois é um local muito acolhedor. O dia estava terminado e amanhã estamos de volta à estrada.

 

5.º Dia

A partir de Abrantes aplanaram as estradas. As curvas foram esticadas e transformaram-se em rectas. A água que brotava em diversas fontes espalhadas ao longo da N2, que me davam as boas-vindas à entrada nas aldeias e vilas, secou com o tórrido calor. As estradas verdejantes deram lugar às planícies de palha seca e pó.

A estrada não era muito sinuosa e estávamos a rolar relativamente bem, embora o sol já estivesse a queimar. À medida que o dia avançava e ele ficava mais empinado, mais calor ficava e o calor do sol e do alcatrão faziam uma autêntica sauna ao ar livre.

Uma tentativa de voltar a colocar a corrente da bicicleta sem parar resultou num cabo partido, e ter que continuar a viagem numa só velocidade levou-nos a procurar ajuda em Ponte de Sor. Um pequeno desvio de alguns quilómetros e de quase duas horas levou-nos a uma oficina de bicicletas que, prontamente se disponibilizou, com um custo de 1,50€ e uma simpatia e disponibilidade incrível, a resolver o problema. Este foi o único contra tempo que tive na minha bicicleta.

O tipo de paisagem a partir de Ponte de Sor, e durante alguns quilómetros, ganha outra alegria. É pedalar ao lado da Barragem de Montargil, onde ainda aproveitamos para tomar um banho numas águas tépidas.

Estávamos a caminho de Mora e as paisagens agrestes do Alentejo profundo davam lugar a algumas sombras e a pequenos cursos de água. Antes de entrares na cidade é como se de repente estivesses a entrar num oásis, és presenteado pelo Fluviário de Mora.

O calor começa logo a apertar desde o raiar do dia e vai aumentado de intensidade à medida que as horas passam. A nossa jornada deve terminar em Ciborro, mas muitos e muitos quilómetros ainda temos pela frente e as longas rectas sem fim teimam em não terminar. As pequenas subidas começam a parecer prémios de montanha de primeira categoria. Isto é o Alentejo profundo.

500 KM. Chegamos à pequena aldeia de Ciborro onde registamos com umas fotos aquele marco da N2. O que inicialmente nos parecia uma missão muito difícil ao longo dos dias vai-se tornando mais simples, pois temos sabido lidar com as contrariedades desta viagem em que todos os dias nos vamos adaptando e nos moldando ao que nos atravessa no caminho. A 200 e poucos quilómetros do fim, em que o traçado mais complicado e com mais relevo foi deixado para trás, vamos agora enfrentado as adversidades do calor sufocante e da pouca abundância de água.

Ferreira do Alentejo está quase a cruzar-se no nosso caminho mas, antes de lá chegarmos, passamos por Montemor-o-Novo, com o seu imponente castelo. Ao longo destes extensos quilómetros tínhamos de parar mais vezes para abastecer, pois a água dos bidons ficava bastante quente ao fim de alguns minutos, tornando-se quase intragável. Numa certa ocasião, decidimos, e bem, comprar um saco de gelo numas bombas de gasolina e, durante algum tempo, isto fez as nossas delícias. É nestes momentos e são estas pequenas coisas que nos dão prazer: uma água bem fresca, uma pequena sombra, um riacho ou uma pequena brisa. Dão-nos mais prazer e conforto do que um bom jantar ou um bom hotel.

O terreno plano continuava a pautar os nossos dias, e as subidas eram pouco acentuadas, mas já obrigavam um esforço redobrado, os quilómetros iam-se acumulando, mas ainda tínhamos uma ideia em mente, ainda nos faltava ultrapassar uma serra, a Serra do Caldeirão. Daí até ao objectivo final seria sempre a descer.

 

6.º Dia

Estávamos na última etapa e cento e poucos quilómetros eram os que faltavam. Já me estava a imaginar a abraçar o mítico marco dos 738 KM. Depois ainda íamos ter que pedalar mais 10 quilómetros até ao merecido banho.

Com Ferreira do Alentejo para trás, e com uma passagem por Aljustrel, Castro Verde é uma lindíssima e histórica vila alentejana, sede de concelho, situada no coração do chamado “Campo Branco”, por entre as planícies do Alentejo que encostam à serra do Caldeirão. Por fim, antes de pararmos numa zona fantástica para nos refrescarmos, passamos por Almodôvar que está situado entre a Serra do Caldeirão e a planície alentejana, em que a aridez vai dando lugar ao verde da serra e as temperaturas vão amenizando.

Ameixial: fantástica aldeia, com um parque verde deslumbrante e com uma praia fluvial que nos fez as delícias. Um banho refrescante, que nos ia dar um ânimo extra para os quilómetros que restavam e o tão aguardado marco dos 700 KM. A partir daí, apenas 38 quilómetros nos separavam de Faro, mas ainda nos faltava vencer mais algumas subidas. Depois de chegarmos ao Miradouro do Caldeirão foi sempre a descer até São Brás de Alportel. A partir daqui, é pedalar e mais pedalar e vamos esquecendo as dores nas pernas. O cansaço vai dando lugar à euforia.

N2, cá estamos a chegar ao marco dos 738. Até há algum tempo este ficava num simples cruzamento, onde ninguém dava nada por ele. Mas com o constante aumento dos visitantes e o querer tanto uma foto neste local, construíram uma rotunda onde de forma como que majestosa colocaram-no no centro. Todos querem registar esse momento.

CONSEGUIMOS, CONSEGUIMOS.