Madalena Teixeira tem 60 anos e é de Paredes. Dedica a sua vida ao cultivo e venda de tremoços há cerca de 20 anos, juntamente com frutas e legumes. Até domingo, está na Praça José Guilherme (Paredes), na Festa do Tremoço.

Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

“Gostei sempre do negócio. Já não me dou por casa”, revela, explicando que sempre se ocupou dos terrenos que tem, cultivando vários alimentos, que depois vende em feiras da região como Penafiel, Paços de Ferreira e Rebordosa.

Dos mais novos aos mais velhos, Madalena Teixeira diz que “toda a gente gosta de tremoços” e compra, mas que as vendas variam muito com os dias e as pessoas que passem no local.

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Quando vai para as feiras, é a amiga – que também vem de uma família que produzia tremoços – e a empregada que tomam conta da banca que tem por estes dias na Praça José Guilherme. Lá vende tremoços e azeitonas que produz e outros que compra, mas garante que vende mais os produtos caseiros.

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Já em casa, conta com a ajuda do marido e do filho, que vai garantir que esta tradição não se perca nas gerações.

E há muito trabalho a fazer antes do tremoço ficar com a cor amarela e o sabor salgado tão característicos. Madalena Teixeira explica que a época de semear é em Fevereiro/Março e a de colheita para todo o ano em Outubro.

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Nasce das vagens de uma planta, que têm de ficar secas para se poder extrair o tremoço. Segue-se a fase da malhada, para retirar a semente (tremoço), sendo que depois é demolhado, cozinhado e, posteriormente, colocado num local com água fresca, para retirar a amargura, durante três a quatro dias. “É uma sujeira que uma pessoa nem calcula”, exclama a amiga de Madalena Teixeira, Maria Durães.

Festa do Tremoço termina no domingo

Até domingo, a Praça José Guilherme, em Paredes, recebe a Festa do Tremoço, que comemora uma tradição do concelho cujos habitantes são conhecidos pelos tremoceiros. Tal acontece porque, no passado, muitas mulheres ganhavam o sustento vendendo este alimento nas festas, romarias, feiras e até nos finais das missas de domingo.

Hoje em dia, esta iguaria é popularmente conhecida por ser um petisco a acompanhar com uma cerveja. João Paulo Sousa, habitante de Vandoma que estava sentado numa das mesas expostas na praça, é um desses casos. “É um problema grave. Quando começo a comer, com cerveja, nunca mais acabo”, brinca.

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Soube por acaso do evento e acabou por vir jantar no local, que tem várias tasquinhas com diferentes tipos de comida e música a animar. Defende que esta e outras tradições se devem manter. Ao seu lado, Maria José Sousa conta que gosta muito de tremoços e que também soube desta festa quando passou, por acaso, pela praça uns dias antes.

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Mais à frente, já na sobremesa está Cidália Santos, acompanhada pela Mafalda, pelo Diogo e pelo Santiago. É de Duas Igrejas e já veio jantar nas “tasquinhas” presentes na Festa do Tremoço mais do que uma vez e diz que o evento se devia prolongar.

Todos confirmaram gostar de tremoços, mas Diogo revela que só se forem salgados.

A habitante de Duas Igrejas acredita que os paredenses ainda se identificam com os tremoceiros. “Acho que ainda se mantém a tradição. Pelo menos, tenho pessoas que conheço que cozem ainda em casa e que vendem”, refere.

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