A paisagem vai servir de laboratório à III Bienal da Ardósia que está a decorrer até novembro em Valongo. Esta iniciativa pretende preservar memórias e património do município que não podem ser esquecidas.

Residências artísticas e tecnológicas, seminários, exposições, peças de teatro e oficinas vão ser ‘talhadas’ neste evento que vai dedicar ainda um espaço a comemorar o centenário do nascimento do arquiteto Fernando Lanhas, “um autêntico Homo Universalis dos nossos dias, a quem Valongo tanto deve”, justifica o município.

Têm a assinatura do arquiteto as primeiras intervenções artísticas na Serra de Valongo nos anos 40, assim como o estudo e sistematização das trilobites aqui encontradas, terminando nos anos 70 com novos conceitos de museologia que abrangeram os brinquedos de Alfena e Ermesinde, integrando os seus fabricantes e modos de produção, no Museu de Etnografia e História do Porto.

Assim, vê-se que o tema “A paisagem como laboratório” não é inocente, porque pretende ser uma consagração à ‘Arte da Terra’, “onde a Natureza em geral e o território de Valongo em particular, será diretamente trabalhado pelos artistas enquanto tela e meio, através da lousa e das rochas do complexo xisto-grauváquico”.

O evento já começou em junho, mas prossegue até setembro com a inauguração de uma exposição com obras resultantes das residências artísticas e tecnológicas decorridas entre julho e setembro, com a assinatura da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Nos dias 19 e 20 de outubro o ” Cabeças no Ar e Pés nas Terra” apresentam-se no Centro Cultural De Campo com uma peça de teatro subordinada ao tema da ardósia, com sessões dedicadas também ao público escolar. Esta rocha também vai ser a personagem principal numa encenação do Grupo Dramático e Recreativo da Retorta que sobe ao palco também no mês de outubro.

Do programa fazem ainda parte oficinas de instrumentos musicais feitos de lousa, os slatefones, dirigidas ao público sénior e com apresentação pública desenvolvida pelo ‘RePercussion Trio’.

 A ardósia tem uma vertente industrial, mas não só, porque permite a criação de trabalhos artísticos únicos. Valongo tem colocado este bem, que faz parte do património do concelho, no epicentro de muitas iniciativas. A bienal é uma delas, porque a autarquia pretende fazê-la trespassar pela história.