“Desafio o PSD para votar favoravelmente estas contas. São as melhores contas que apresentamos até hoje”, garantiu, em Assembleia Municipal, Joaquim Sousa. “Pagamos os investimentos, pagamos as nossas despesas e ainda conseguimos pagar as vossas”, sustentou ainda o vereador das Finanças da Câmara de Paços de Ferreira.
Mas o PSD não ouviu. Os documentos de prestação de contas de 2021 foram aprovados com os votos favoráveis da bancada do PS e de todos os presidentes de junta.

Faltam projectos estruturantes, diz PSD

Rui Chamusca avisou: “não vou apresentar propostas”. Ainda assim, isso foi cobrado, mais à frente, ao eleito do PSD.

O deputado municipal alegou que a prestação de contas apresentada demonstra uma “preferência pela gestão corrente baseada na acção imediata, necessária é certo, mas descurando projectos estratégicos e estruturais que dinamizem o concelho e o coloquem num patamar de excelência e preferencial para jovens, seniores, famílias e empresas”. “Entendo que projectos estruturantes não recolham dividendos de curto prazo, mas são essenciais para o futuro do concelho”, argumentou, dando como exemplo as políticas de desenvolvimento e apoio ao tecido empresarial, a promoção da marca Capital de Móvel, as acções de captação de famílias e jovens, a dinamização da cultura ou das potencialidades do concelho.

“Em suma, um conjunto de políticas de médio e longo prazo que permitam combater os desafios de futuro”, sustentou Rui Chamusca.

Segundo o social-democrata, o município teve um nível de receitas superior ao de 2019, pré-pandemia, sendo que a carga fiscal “teve um papel preponderante nesta receita, apesar da redução da taxa de IMI”. “Dizer que a receita dos impostos directos resulta da dinâmica económica do concelho é um pouco perigoso”, avisou.

Apontou ainda um aumento das transferências correntes, ou seja, transferências do Estado, que cresceram em cerca de dois milhões de euros face ao último ano. “Mas verificamos também um aumento da despesa total, fruto da pandemia, é certo, mas será que foi apenas isso?”, deixou no ar. “A pandemia também explica a redução dos resultados operacionais em 41% e dos resultados líquidos em 72%?”, questionou.

“O PSD só sabe votar a favor de contas que são más”

“É possível fazer obra e ter as contas certas”, respondeu Ricardo Costa, pelo PS. É que o executivo socialista tem contas com saldo positivo desde 2015, enquanto o PSD deixou um legado de 68 milhões de euros de dívida, lembrou.

O socialista citou números, adiantando que, entre 2013 e 2021, o município fez investimentos de 32 milhões de euros, como foram exemplos, entre muitos outros, a troca da iluminação para led, a reversão da concessão de recolha do lixo, o processo de criação de sintéticos em todas as freguesias, a compra de autocarros escolares ou a “a maior regeneração de sempre em Paços de Ferreira e Freamunde” (ainda em curso).

Nesse período, relevou, a “dívida reduziu em 27 milhões de euros” e, em pleno período pandémico o município aumentou os apoios sociais. Destacou também as taxas de execução de receita e despesa elevadas e os resultados positivos de 645 mil euros.

 “O PSD só sabe votar a favor de contas que são más” foi, ironicamente, Hugo Lopes (PS) dizer ao púlpito.  

E foi também dessa premissa que partiu Humberto Brito. “Os senhores deputados do PSD só votavam a favor das contas se fossem más, como elas são boas, previsivelmente não vão votar a favor. Essa é a história do concelho: com contas boas votam contra, contas más os senhores aprovam”, afirmou o presidente da Câmara, acusando o PS de ter uma análise “feita de frases abstractas e questões pouco concretas”. “Não há nenhuma ideia do PSD relativamente a este concelho a não ser a do regresso ao passado de má memória, que é o que não queremos”, sustentou ainda.

“Demonstramos que era possível reduzir a dívida municipal, pagar as vossas dívidas e fazer obras. E continuamos a fazer obras mesmo não estando em eleições e damos apoios sociais a todos os níveis. As famílias conseguem poupar 40 euros por mês por cada filho. Não há paralelo na região. E fizemo-lo sempre com os impostos no mínimo”, concluiu o autarca, antes de passar a palavra a Joaquim Sousa.

O vereador defendeu as mesmas ideias: “A dívida reduziu-se neste período, a execução orçamental é das melhores de sempre, os resultados são positivos, e foram sempre à excepção de 2014, o prazo médio de pagamento reduziu-se. Vocês demoravam três anos a pagar a fornecedores, hoje pagamos a pronto e não há pagamentos em falta. Em 2021 fizemos oito milhões de euros de investimentos, foi o melhor ano de sempre em termos de investimento. Pagamos os investimentos, pagamos as nossas despesas e ainda conseguimos pagar as vossas. Desafio o PSD a votar favoravelmente estas contas”, apelou.