“Muita dedicação” a confeccionar o prato! Foi este o segredo do Restaurante São Domingos, situado em Paços de Ferreira, para conseguir arrecadar o prémio de melhor ‘capão à Freamunde’, no âmbito do Concurso Gastronómico, que decorreu na noite de segunda-feira, na Quinta do Pinheiro.

11 restaurantes entraram na ‘corrida’, mas o proprietário deste restaurante conseguiu convencer o júri, não só pela dedicação e tempo disponibilizado a confeccionar o prato, mas “também pelo recheio”.

Esta não é a primeira vez que o São Domingos concorre, mas, e porque esta é uma época de “muita trabalho”, talvez, em anos anteriores, não tenha havido tanto empenho. Mas este ano, e devido às condicionantes económicas que se vivem em todo o país, e que se traduzem num menor movimento no restaurante, “houve tempo para investir” neste prato´, contou ao Verdadeiro Olhar, o proprietário do espaço.

Foi há 40 anos que António Santo resolveu adquirir este restaurante. “Na altura tinha 23 anos. Há uma vida que trabalho aqui”, confessou. É um trabalho que exige “muita dedicação” em paralelo com “abdicar de muitas coisas, tanto a nível familiar como social”.

E estes últimos anos “não têm sido nada fáceis”. Primeiro foi a pandemia e agora a crise mundial. Mas esta distinção “vem mesmo a calhar” e talvez represente uma lufada de ar fresco para um espaço que privilegia “os sabores com tradição”, como se pode ler no menú.

Para além destas condicionantes, um dos maiores problema com que se debate o sector é a falta de pessoal. Por isso, o São Domingos deveria ter uma 12 pessoas a trabalhar, mas não consegue mais do que “nove ou dez”. Mas, e ainda assim, conseguiu este prémio, inserido na Semana Gastronómica do Capão à Freamunde.

Mas que prato é este? O capão resulta da castração de um frango, com cerca de três meses, ao qual é cortada a crista, e cresce até aos nove meses, atingindo cerca de sete quilos. Alcança também um aspecto imponente, quando é abatido para consumo.

Os apreciadores dizem que a ave tem uma carne mais tenra e um sabor diferenciado em relação ao frango. Os 11 restaurantes aderentes, que participaram neste concurso, estão localizados em vários pontos do município e tinham a missão de preparar esta ave, de acordo com o receituário tradicional.

E foi precisamente isso que fez o São Domingos. Mas este não é um prato fácil de fazer, revela António Santos. Primeiro porque demora “cerca de três horas e meia no forno”, uma vez que tem que ser assado “muito lentamente. “Se acrescentarmos mais “uma hora de confecção” percebe-se que é uma receita “que implica muita disponibilidade” por parte da cozinha de um restaurante, porque além das horas que demora, “requer uma pessoa com dedicação total para a preparação”.

Mas quando há amor, tenacidade e vontade todos os obstáculos “são ultrapassados”. Foi o que aconteceu, este ano, com o São Domingos que se empenhou com o intuito de vencer e conseguiu convencer.

António Santos explicou ao Verdadeiro Olhar que não é só nesta altura que o prato está no menú, mas ao longo de todo o ano. E quem quiser degustar o melhor capão da zona pode fazê-lo no São Domingos, mas “terá que fazer marcação prévia”, porque, como já se referiu, a confecção é morosa.

De referir que, o capão também é um animal “muito caro”, podendo chegar “aos 150 euros”, revelou o dono do São Domingos, mas como é um prato que dá para “seis ou sete pessoas, acaba por não ser muito dispendioso”.

Depois desta distinção, António Santos, que diz sentir-se “muito feliz”, aproveita para deixar o convite a todas as pessoas que queiram ter um encontro feliz com a tradição e a degustação de um capão premiado. Para isso, só têm que fazer marcação e dirigirem-se à Rua de São Domingos, mesmo na cidade de Paços de Ferreira, e degustarem este prato, que se apresenta com uma textura e sabor suculentos e uma qualidade ímpar.

Além do melhor restaurante que confeccionou o prato, a Semana Gastronómica do Capão de Freamunde incluiu a Feira dos Capões onde, há cerca de 300 anos, são comercializados exemplares vivos desta ave.

E também aqui houve uma distinção que foi para António Augusto, criador, que venceu o Concurso de Melhor Capão Vivo, com um exemplar que pesa 8,450 quilos. O prémio foi atribuído esta terça-feira, durante a Feira de Santa Luzia.

Todo este evento, é organizado pelo município de Paços de Ferreira, pela Junta de Freamunde, a Associação de Criadores de Capão de Freamunde, entre outras entidades locais, tendo como objectivo “promover a gastronomia do concelho”.