Se, como afirmou Mahatma Gandhi, a grandeza de um país e o seu progresso podem ser medidos pela maneira como trata os seus animais, então temos bons motivos para pensarmos que somos uma sociedade cada vez mais desenvolvida a todos os níveis (apesar de alguns condenarem a evolução e preferirem ancorar na tradição formas de “arte” cruéis para os animais). Ignorando, então, aqueles para quem nesta matéria manda a tradição, ao longo dos tempos, o tratamento cruel dos animais, mesmo que para alimentação, realização de trabalhos agrícolas ou na construção, foi sendo encarado como um ato desumano, atualmente passível de ser punido criminalmente. Mais recentemente, a lei que proíbe o abate de animais de companhia para minimizar o problema dos cães e gatos abandonados, amontoados nos canis e gatis municipais, foi um avanço louvável no reconhecimento dos direitos dos animais.

Apesar de o caminho percorrido ser positivo, é desejável que não nos fiquemos apenas pelas palavras bonitas no papel e que a realidade espelhe a letra da lei. Ao proibir o abate de animais nos canis e gatis, a lei criou alguns problemas às autarquias, que se veem confrontadas com um grande número de animais na rua, alguns correndo riscos e representando perigo para a saúde pública. Mas os albergues municipais estão cheios. O que fazer?

Não me parece que, se nada mais for feito, os canis por si só sejam alguma vez suficientes para albergar todos os animais que necessitam de uma casa. Por isso, mais do que arranjar-lhes um teto, é preciso ajudá-los a encontrar um lar. É precisamente o que a autarquia tem de fazer: incentivar a adoção, criando mais condições para que tal possa acontecer. Sei, como muitos dos leitores que têm animais, que  levar um animal para casa implica, para além dos custos com a alimentação, cuidados médicos imprescindíveis, a que muitos cidadãos, embora aptos para realizarem uma adoção responsável, não podem recorrer. É aqui que a Câmara Municipal pode e deve atuar, ao invés de pensar apenas no espaço físico onde possa meter os cães e gatos abandonados. Comparticipação das  primeiras despesas veterinárias, de esterilização, protocolos com clínicas e associações de defesa dos animais, associadas a uma boa ação de sensibilização, são medidas que podem fazer a diferença. É disto que estou à espera há muito tempo em Lousada.

É urgente pensar em soluções. Agora que estamos quase em período de férias,  a altura em que se registam mais casos de abandono de animais de estimação, o problema irá certamente agudizar-se. E aqui, com imaginação, trabalho e pouco dinheiro, a Câmara poderia pensar em projetos com o objetivo de disponibilizar albergues temporários “low cost”, que muito ajudariam a resolver os problemas das famílias. Através de parcerias com voluntários das associações, ou outras instituições da sociedade. É apenas uma ideia, entre tantas outras.

Há tanto que pode ser feito pelos nossos fiéis amigos.  Eles continuam à espera de ajuda. Estamos todos à espera!

À espera estamos também das festas do próximo fim de semana. As Grandiosas farão, certamente, jus a este epíteto que tão bem as carateriza. Também em Lustosa teremos a tradicional festa em honra de S. Tiago, este ano num espaço temporal alargado e com um cartaz imperdível. Por isso, consulte o programa das duas grandiosas e escolha os espetáculos preferidos. Boas festas!