Nas últimas semanas, e pelas piores razões, o Hospital Padre Américo tem vindo a ocupar as primeiras páginas dos jornais e a preencher as aberturas dos telejornais. Como seria de prever, num hospital em que todos os anos, com a chegada das infecções respiratórias, fica com as urgências a rebentar pelas costuras, o aumento do número de infecções por Covid 19 gerou uma situação de verdadeira ruptura. As imagens das enfermarias lotadas, com doentes com covid e não covid misturados e amontoados, que nos entravam pela casa dentro na hora dos telejornais e enchiam páginas de jornais, provocaram uma onda de revolta que juntou profissionais de saúde, utentes e instituições.

E se é verdade que o Hospital Padre Américo serve uma área territorial especialmente afectada pela pandemia e que provocou um aumento muito acentuado de internamentos, não é menos verdade que as medidas que foram entretanto adoptadas poderiam tê-lo sido há várias semanas atrás, evitando-se tantos constrangimentos aos utentes e aos profissionais de saúde.

O Presidente da Câmara Municipal Penafiel, única voz autárquica que se tem feito ouvir relativamente a este assunto tão grave, já em meados do mês de Outubro chamava a atenção para a situação e apelava ao Ministério da Saúde para que se tomassem medidas. Em declarações à lusa, Antonino de Sousa referia mesmo “uma circunstância excepcional exige medidas excepcionais”.

Mas nada.

O Ministério da Saúde continuava completamente alheado da grave situação do Hospital Padre Américo. Alguns dias depois, perante a passividade do Ministério de Marta Temido, o Presidente Antonino de Sousa voltou a apelar a que fossem adoptadas, com urgência, medidas tendentes a atenuar a grave situação no Hospital, sugerindo o estabelecimento de parcerias com privados para transferência de doentes, a retirada dos testes de dentro do hospital e das proximidades da urgência e o reforço dos profissionais de saúde, e ainda uma maior articulação com os cuidados de saúde primários com o objectivo de evitar que os doentes se vissem obrigados a recorrer à urgência. Mas, da parte do Ministério da Saúde, mais uma vez, zero!

Só quando um mail do Senhor Presidente do CA do CH-TS dirigido ao Presidente da ARS, com um desesperado pedido de ajuda, foi parar aos jornais é que o Ministério da Saúde decidiu, finalmente, adoptar algumas medidas e vir ao território conhecer a realidade. Bem podia a Senhora Ministra ter aproveitado a vinda a Penafiel para deixar um pedido de desculpas aos utentes do nosso Hospital. Nem por acaso, as medidas recentemente adoptadas foram aquelas que o Presidente da Câmara de Penafiel sugeriu várias semanas antes. Quanto sofrimento teria sido evitado se as palavras do Presidente da Câmara tivessem sido ouvidas…

Termino, deixando uma palavra de apreço, admiração e reconhecimento aos extraordinários profissionais do Hospital Padre Américo.

Todos, sem excepção, médicos e enfermeiros, técnicos de diagnóstico, assistentes operacionais, assistentes administrativos, têm sido uns verdadeiros heróis que, tantas vezes sem o mínimo de condições e com tantos sacrifícios, trabalham afincadamente para assegurar as melhores condições de acesso à saúde dos nossos concidadãos.

Para eles um grande bem-haja!