Mulheres

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A cada dia internacional da mulher, digo que cresci rodeado de mulheres fortes. A começar na minha mãe. Mas todos os anos me recordo como o mundo foi – e ainda é – mais difícil para elas. O artigo 23º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia continua tão atual como sempre: “Deve ser garantida a igualdade entre homens e mulheres”.

Em 2018, no Tâmega e Sousa, uma mulher ganhava em média menos cem euros por mês do que um homem. A nível nacional, entre as famílias monoparentais, a cada oito famílias lideradas por mulheres, uma era pelo pai. Há três homens por cada 100 domésticas. Custa a crer que tudo isto seja fruto da vontade pessoal e não resultado da expectativa social, do que os outros esperam delas. Em contexto de pandemia, este quadro ainda se pinta mais em tons mais negros, e este dia assume renovada importância para recordar os efeitos trágicos desta pandemia: aumento da violência sobre as mulheres, maior dificuldade em recuperar emprego ou rendimentos, uma pressão desproporcionada para se aguentar em todas as frentes: mãe, mulher, trabalhadora.

As mulheres da minha infância não foram fortes porque tiveram grandes carreiras profissionais, ou porque fossem ativistas contra a discriminação. Foram fortes porque são o que escolheram ser, aguentaram uma enorme carga de trabalho(s), desafiaram estereótipos e conseguiram ser felizes.

É certo que evoluímos muito nas últimas décadas. Sobretudo graças ao acesso à educação, que já não é um mundo dos homens. A escola é a arma mais poderosa que temos à nossa disposição na luta por um mundo menos desigual e mais livre.

A igualdade plena apenas se realizará quando elas puderem escolher, com toda a liberdade, o caminho que quiserem: seja CEO de uma multinacional ou professora primária; seja costureira ou mecânica; seja privilegiar a carreira ou a vida familiar.

Feliz dia da mulher!