Ano sim, ano não a tradição repete-se para Joaquim Fernandes. Calha a ele, um dos dois armadores existentes na freguesia, preparar o andor grande das festas em honra de Nossa Senhora Aparecida, no Torno, em Lousada. Além do “maior andor do mundo”, que tem mais de 22,5 metros e 1.500 quilogramas de peso e recorde registado no Livro do Guinness, são ele e a família que preparam e decoram mais dois andores, com cerca de 13 e 14 metros, e outros 16 com flores naturais.

O homem, de 54 anos, natural do Torno, que prepara andores em vários pontos do Norte do país, não esconde o orgulho que é trabalhar para a terra que o viu nascer. “É o andor da minha terra. Trabalho com mais gosto e mais alegria e é um orgulho quando o vejo na procissão”, explica.

Joaquim Fernandes conta que também é ele que arma outro dos maiores andores do país, na Senhora da Pena, em Vila Real, mas, garante: “o nosso é único”.

O lousadense nunca carregou o andor grande na procissão, mas desde pequeno que a sua vida se cruza com a desta tradição. “Com menos de seis anos já andava aqui empoleirado a desarmar a coroa lá em cima. O meu pai era o armador mais antigo das redondezas e costumava ajudá-lo. Acompanhava-o sempre às festas”, recorda o armador.

Depois de anos a ajudar o pai, o proprietário da Funerária Senra estabeleceu-se por conta própria. E há mais de 25 anos que se dedica a este trabalho. Preparar o andor grande demora mais de um mês. Aposta sempre em tons semelhantes, como azuis, rosas, branco e dourado, e usa cetins, rendas, espelhos e lantejoulas. A decoração sai sempre diferente. “Podia ser armado em metade do tempo, mas gosto de fazer bem”, sustenta.

Não esconde que gosta de se superar e, este ano, acredita que o voltou a fazer. “O senhor padre já me disse que este era o mais bonito de todos os tempos. Estou orgulhoso”, garante Joaquim Fernandes.

Os andores, até agora guardados, foram armados esta manhã por dezenas de homens. A procissão sai à rua pelas 18h00.

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