O apelo da GNR é simples: não aos excessos e aos comportamentos de risco nas viagens de finalistas. Face aos problemas que têm existido nos últimos anos, a aposta passa, cada vez mais, pela prevenção. Cerca de 50 alunos assistiram, esta quarta-feira, em Valongo, a uma acção de sensibilização que os alertou para os cuidados a ter e para os problemas causados pelo consumo de álcool e drogas.

A operação “Spring Break 2019” envolve ainda fiscalização nas fronteiras e fiscalização de estabelecimentos comerciais e decorre até 21 de Abril. Ainda que sem dados estatísticos, a GNR diz que tem havido um agravamento do consumo de álcool e drogas pelos jovens.

“Se eu vos dissesse que a cocaína leva cimento vocês tomavam?”

A Guarda Nacional Republicana começou, no dia 1 de Abril, uma operação policial, em todo o território nacional, que visa a sensibilização junto da comunidade escolar e a fiscalização nas fronteiras terrestres de Vilar Formoso (Guarda), Caia (Portalegre) e Vila Real de Santo António (Faro), com o objectivo de prevenir a adopção de comportamentos de risco inerentes ao consumo de drogas e álcool, por parte da população jovem, que se desloca nesta altura do ano para o sul de Espanha e Catalunha em férias escolares.

Em Valongo, a sessão, promovida pelo Comando Territorial do Porto, contou com os militares da Secção de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário de Santo Tirso.

Coube ao cabo Henrique Vicêncio deixar aos alunos alguns conselhos, primeiro a ter com a viagem e depois também no que diz respeito aos cuidados com os excessos e os consumos de álcool e drogas.

“As vossas famílias têm que saber para onde vocês vão e ter os contactos úteis”, salientou o militar, deixando outras dicas como ter sempre fotocópias autenticadas dos documentos ou levar receitas médicas para provar que precisam de determinados medicamentos. “Uma substância licita neste país noutro não é”, referiu.

Por outro lado, aconselhou a guardar coisas de valor, como passaportes e bilhetes de avião, no cofre do hotel, não levar joias nem objectos de valor, evitar ruas mal iluminadas à noite e não perder a bagagem de vista nem guardar aí nada de outras pessoas sem saber o que é.

Numa segunda fase da conversa com os jovens, Henrique Vicêncio abordou o tema álcool e drogas. “Não cedam a pressões, não precisamos de tomar nada para nos divertirmos”, disse, alertando para os tipos de drogas e os seus efeitos.

“Há quem diga que o haxixe é como o tabaco e não faz mal a ninguém. O problema é sabermos o que está lá dentro”, avisou, falando ainda do ectasy e da sua fatalidade quando ingerido com álcool. “Se eu vos dissesse que a cocaína leva cimento vocês tomavam?”, questionou o militar. “O problema maior das drogas é que não sabem o que estão a consumir. O álcool e tabaco já prejudicam e são testados antes de serem vendidos ao público. Isto não é testado. O teste são vocês”, frisou.

“As viagens de finalistas são para se divertirem, não estraguem as férias com excessos”, preveniu ainda Henrique Vicêncio.

Segundo a tenente Joana Alves, adjunta do Destacamento Territorial de Santo Tirso tem havido um agravamento, desde 2012, nos problemas identificados ligados ao consumo de álcool e estupefacientes.  “Não temos dados estatísticos para falar desse agravamento, mas ao longo das nossas fiscalizações temos vindo a detectar maior consumo de estupefacientes e álcool”, sustentou.

Nesta operação, o foco são “os estupefacientes, o álcool e os conselhos a ter antes da viagem, desde o passaporte e vacinas, na viagem e durante a viagem”. “O nosso maior problema é mesmo o consumo de matéria estupefacientes. Vão para uma terra diferente, estão todos juntos, têm curiosidade e essa curiosidade e a primeira experiência podem ser um futuro de consumo”, disse Joana Alves.

“Já me apercebi noutras escolas onde andei que havia excessos, sobretudo ligados ao álcool”

Os alunos da Escola Profissional de Valongo não têm tradição em viagens de finalistas. Mas, para o ano, estão a pensar estrear-se nessa experiência. Por isso, as recomendações, como as que foram hoje dadas pela GNR nunca são demais, acreditam os jovens.

Pedro Oliveira e Sérgio Nogueira, são presidente e vice-presidente da Associação de Estudantes da escola. Têm 19 e 17 anos, respectivamente, e cabe a eles a organização do evento que só terá lugar no próximo ano.

“É a primeira vez que a escola organiza uma viagem de finalistas. Queremos fazê-lo tomando precauções. Os alunos devem estar informados e a par destas questões. A palestra foi muito útil, assumem.

A viagem de finalistas pode envolver as três turmas dos cursos profissionais, num total de 60 alunos, e estão a considerar a vizinha Espanha como destino.

Face às situações de viagens problemáticas de que vão ouvindo falar, dizem que vão “fazer o que é possível para avisar do que possa acontecer” e pedir aos colegas “que tenham consciência do que estão a fazer”. “É bom divertir-se, mas sem excessos”, diz Sérgio Nogueira. “Já me apercebi noutras escolas onde andei que havia excessos, sobretudo ligados ao álcool”, admite.

“Vamos começar a trabalhar para que no próximo ano tudo corra pelo melhor”, garante Pedro Oliveira.

A escola promete apoiar. “Os nossos alunos não vão fazer agora viagens de finalistas porque, como são de cursos profissionais, estão em período de formação em contexto de trabalho. A nossa responsabilidade, enquanto escola, é a de sensibilizar estes alunos para estas férias, sejam elas em contexto escolar ou familiar”, acredita José Manuel Leite.

Depois da sessão, o director pedagógico da Escola Profissional de Valongo disse acreditar que estas dicas são sempre importantes. “Mais que formar profissionais queremos formar cidadãos responsáveis e estas iniciativas são sempre fundamentais. Esta parceria com a GNR não é inédita”, salienta dizendo que os militares já costumam vir à escola alertar para diferentes temas.

“A escola está aqui para os orientar para que se possam divertir. Sentimos que, cada vez mais, por estas notícias que se ouvem anualmente há uma preocupação crescente por parte dos encarregados de educação. Os pais acabam por ficar mais tranquilos por saberem que a escola está ao lado deles a ajudar a sensibilizar os filhos”, acredita José Manuel Leite.