A Glamour, empresa localizada em Paços de Ferreira, com apenas três meses de existência, que se dedica ao restauro de mobiliário, está presente, pela primeira vez, na maior feira de mobiliário e decoração que decorre de 29 de Julho a 6 de Agosto, no Parque de Exposições de Paços de Ferreira.

A responsável pela empresa Ângela Moreira, designer, defendeu que a empresa surgiu com o objectivo de recriar o mobiliário antigo transformando-o em artefactos únicos, devolvendo-lhes o significado glamoroso que encerram.

As peças recuperadas são totalmente manufacturadas.

Ao Verdadeiro Olhar, a empresária da Glamour adiantou que ela e o marido há 14 anos que fotografam móveis e o gosto pelas peças antigas levou-os a querer encetar uma actividade na área do mobiliário, dando uma nova vida às peças que adquirem e têm no seu espólio.

“Existem inúmeras peças antigas que estão entregues à sua sorte e o que eu e o meu marido fazemos é restituir-lhes a dignidade”

“Como sou design virei-me para a área da fotografia do mobiliário e de repente vi-me absorvida por toda esta lenha da terra e surgiu a oportunidade de comprar uns móveis para reciclar”, disse, salientando que este é um projecto que procura transformar peças antigas em verdadeiras obras de arte.

“Existem inúmeras peças antigas que estão entregues à sua sorte e o que eu e o meu marido fazemos é restituir-lhes a dignidade”, avançou.

Ângela Moreira, admitiu que é uma apaixonada por talha, corações e flores e as suas peças são maioritariamente feitas com talha portuguesa.

“A maioria são móveis maciços, que já ninguém os queria, e optamos por reconstrui-los e devolver-lhes uma nova funcionalidade, reciclando-os”, expressou.

Ângela Moreira manifestou,também, que algumas das obras que fazem parte da sua colecção são em madeira maciça, o que faz com  que praticamente não necessitem de restauro.

“A nossa missão passa por colori-los e torná-los mais agradáveis”

“Nestes casos, a nossa missão passa por colori-los e torná-los mais agradáveis”, avançou, salientando que gosta de cores vivas e reveste as suas peças com essas cores o que suscita a empatia o interesse imediato dos visitantes e dos verdadeiros apaixonados por este tipo de produtos.

“Estamos a falar de pinturas feitas à mão. Isto é pintado, não é lacado. É um trabalho diferente. Aqui já se verifica a arte do pintor. Como são móveis de qualidade, de madeira maciça era uma pena lacá-los”, acrescentou.

Ângela Moreira revelou, ainda, que cada peça é  única e irrepetível.

“Evidentemente que nem todos os móveis antigos dão para fazer restauro, mas há coisas antigas que bem procuradas dão para fazer peças fantásticas. O primeiro impacto que as pessoas têm é que acham que não são móveis antigos, pensam que são novos, mas depois olhando bem é que percebem que aquilo já está ali, tem muitos anos e o objectivo é que perdurem muitos mais ”, asseverou.

Falando do mercado do restauro, Ângela Moreira realçou que existe procura para esta actividade, sendo esta uma área que não passa de moda e que tem compradores.

“Estamos a falar de produtos que não passam de moda, são produtos muito específicos que quando devidamente trabalhados conferem uma nova dignidade aos espaços e dão a esses espaços, até, um aspecto luxuoso”, assegurou, confessando que só trabalha com produtos de qualidade como o castanho, carvalho francês entre outros.

Ângela Moreira revelou, também, que a sua empresa além de restaurar peças antigas, faz uma procura activa de peças antigas, compra-as e transformando-as a preços simbólicos.

“Educar as pessoas para a reciclagem e salvaguardar um património que nos foi transmitido pelos artesãos do mobiliário”

Falando acerca da sua presença da 49.ª Capital do Móvel, Ângela Moreira constatou que acedeu ao convite para estar no certame com o objectivo não apenas de dar a conhecer o projecto, mas, também, para incitar as visitantes a valorizar o antigo e valorizar produtos clássicos que apesar da sua longevidade são verdadeiras preciosidades quando devidamente trabalhados.

“Sou designer, estou virada para a reciclagem e não gosto do obsoleto e do inútil. Quero com este projecto preservar o que temos de melhor nas madeiras, salvaguardar o know how e o conhecimento que os artesão e os nossos antepassados nos transmitiram”, declarou.

Quanto ao público-alvo da Glamour, Ângela Moreira admitiu que a empresa apesar de estar a dar os primeiros passos vai impor-se no mercado da restauração do mobiliário.

De acordo Ângela Moreira, o mercado da restauração de móveis é um mercado aliciante, que ganha cada vez mais adeptos e a preferência por móveis reciclados constitui, também, uma oportunidade para abrir novos negócios.

“O projecto iniciou porque compramos uma casa em Trás-os-Montes e fomos procurando móveis para restaurar, mas rapidamente percebi que poderia fazer algo com as peças e o gosto pela restauração associado à vontade de conferir uma nova identidade às peças acabou, a criatividade e a originalidade fez o resto”, sustentou.