Foto Rota do Românico

Para homenagear as pessoas que cuidam dos monumentos da Rota do Românico, está patente no Centro de Interpretação do Românico, em Lousada, uma exposição fotográfica dedicada aos ‘Cuidadores do Património’.

Em nota de imprensa, a Rota explica que as fotos são da autoria de Luís Barbosa e destacam, “num registo intimista, as relações de afeto que unem estas pessoas, de várias idades, aos bens patrimoniais da Rota do Românico”.

A mostra poderá ser visitada de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 18h00, até 30 de Janeiro de 2022.

Foto: Rota do Românico

“A Rota do Românico instituiu o dia 18 de Outubro como o dia do Cuidador do Património. Celebrada em 2020 pela primeira vez, esta iniciativa inédita em Portugal pretende homenagear todos aqueles que, de forma dedicada e incondicional, zelam e acarinham os nossos monumentos, constituindo também uma inestimável memória viva do local”, salienta a Rota.

Os Cuidados já receberam também cabazes de produtos regionais e participaram em encontros intergeracionais em seis escolas do território partilhando com os alunos as memórias e os serviços que prestam nos monumentos.

O nome e uma pequena descrição sobre cada um está disponível no site da Rota do Românico. Recorde-se que o projecto Cuidadores do Património foi um dos 11 vencedores do concurso Histórias do Património Europeu 2020, promovido pelo Conselho da Europa e pela Comissão Europeia.

Foto: Rota do Românico

Conheça quem são os cuidadores do património nos monumentos dos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel.

Os Cuidadores (segundo a Rota do Românico)

Igreja do Salvador da Aveleda

Aurora Leite, Lousada

“Desde os seus 16 anos que a dona Aurora tem participado ativamente na paróquia de Aveleda: pertenceu ao grupo coral, foi catequista, zeladora de um altar desde 2008, e responsável também pela abertura da Igreja.
Emocionada, recorda muitos dias de festa realizados naquele local, como casamentos (o seu e de familiares), bem como muitos batizados e comunhões.
Afirma que é uma Igreja muito interessante e que muitos visitantes admiram a beleza do teto da capela-mor.”

Igreja de Santa Maria de Meinedo

Manuel Silva, Lousada

“O senhor Manuel revela-nos que, desde os nove anos e a pedido do pai, tocava o sino da Igreja de Meinedo, para anunciar as celebrações eucarísticas. A esse propósito, conta-nos uma história com um burro… Em 1987, após o falecimento do pai, assumiu a função de sacristão da Igreja.
Desde que se reformou, passa os seus dias a trabalhar para a paróquia. Abre a porta da Igreja aos visitantes e peregrinos, e auxilia o senhor padre em tudo o que necessita.
Tem boas e emocionantes recordações vividas na Igreja de Meinedo, como o dia do seu casamento.”

Mosteiro de São Pedro de Ferreira

José Gomes, Paços de Ferreira

“O senhor José da Mouta, como é conhecido, abre a porta da igreja do Mosteiro de Ferreira desde 2018. Na paróquia, faz tudo o que gosta: é leitor, membro do grupo coral e auxilia o pároco em tudo o que ele necessita.
É um Mosteiro muito especial e sobre o qual guarda boas recordações: “Eu fui batizado aqui, eu comunguei aqui, casei aqui, os meus filhos também casaram aqui, gosto disto…”. E os turistas também, revela com orgulho.”

Capela da Senhora da Piedade da Quintã

Luísa Sousa, Paredes

“A dona Luísa é cuidadora da Capela da Quintã desde os inícios da década de 1980. Ficou responsável pela limpeza, já que os filhos iam para ali brincar… Mais tarde, quando a Capela deixou de prestar culto, começou a cuidar do altar. Em maio e outubro, reza o terço na Capela. “Eles [os filhos] aprenderam aqui a rezar, eles aprenderam aqui comigo porque eu rezava o terço, … estavam aqui caladinhos, ninguém os ouvia falar”, revela a dona Luísa.
Recorda com emoção as várias procissões que lá se faziam, assim como as celebrações mais íntimas, como a comemorativa dos seus 25 anos de casada, o casamento da filha mais nova e o batizado do seu neto.
Participou nos eventos da Rota do Românico já realizados na sua Capela, e comenta que foram muito bonitos e repletos de público.”

Mosteiro de São Pedro de Cete

António Maria, Paredes

“O senhor António Maria abraçou, em 2021, o desafio de ser cuidador do Mosteiro de Cête, a pedido do pároco local. Além de abrir a porta da igreja aos visitantes, é catequista e leitor nas eucaristias.
Apesar de não ser natural de Cête, confessa que a beleza arquitetónica do Mosteiro sempre o impressionou. O portal principal, a capela-mor, a sacristia e o claustro são os locais do mesmo que mais admira. Os turistas ficam encantados com a originalidade do Mosteiro, revela.”

Ermida da Nossa Senhora do Vale

Ana Moreira, Paredes

“A dona Ana foi, desde muito nova, zeladora da Ermida do Vale. Depois de um interregno, regressou a essa função por volta do ano de 2015. Vive muito próximo da Ermida, que considera um monumento especial: “Gosto muito de lá trabalhar, de enfeitar os altares do Senhor dos Passos e da Nossa Senhora das Dores”.
Partilha uma lenda que os seus padrinhos lhe contavam “Nossa Senhora apareceu aqui no meio do monte, num dia em que houve um incêndio…”
Afirma que os turistas gostam de visitar a Ermida e o que mais apreciam são as imagens dos santos e a pintura a fresco da capela-mor.”

Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa

Elisa Moreira, Penafiel

“A dona Elisa é cuidadora do Mosteiro de Paço de Sousa desde 2010, sensivelmente. Além de abrir a porta da igreja aos visitantes, vai todos os dias verificar a lamparina do Santíssimo Sacramento, é responsável pela limpeza do mosteiro, leitora e cantora no grupo coral.
É um monumento muito especial para si, do qual guarda boas recordações, nomeadamente as festas religiosas.
Refere que os visitantes gostam muito de apreciar o túmulo de Egas Moniz e a beleza dos diversos altares.”

Igreja de São Pedro de Abragão

Júlia Ferreira, Penafiel

“A dona Júlia é natural de Abragão, sendo zeladora da Igreja de São Pedro desde os inícios da década de 1990. Além de decorar os altares, faz também a limpeza da Igreja, monumento de que se orgulha muito: “Foi onde fui batizada, foi onde fiz a primeira comunhão, foi onde fiz a segunda, foi onde me casei, claro que é importante. Gosto da minha igreja e da minha terra.”
Guarda como melhor recordação o batizado dos seus filhos e netos, e revela que o túmulo e o arco triunfal são os elementos de que os turistas mais apreciam na sua Igreja.”

Igreja de São Gens de Boelhe

Manuel Dias, Penafiel

“O professor Dias começou a abrir a porta da Igreja de Boelhe desde os inícios da década de 1990. Além deste papel, é sacristão, tocador do sino e diácono. O melhor momento na Igreja foi quando celebrou um casamento, como ministro oficial da cerimónia.
Declara que os turistas, na sua maioria portugueses, apreciam a visita à Igreja de Boelhe e comentam: “Gostei! É bonita! Dá prazer vir aqui!”
Revela ainda que a sua Igreja é procurada também para formação, por alunos “para tratar temas recomendados pelos professores”.”

Igreja de São Miguel de Entre-os-Rios

Manuel Silva, Penafiel

“O senhor Manuel ficou com a responsabilidade de abrir a Igreja de Entre-os-Rios em 2015, ano em que entrou para a Comissão Fabriqueira. O dia mais importante vivenciado naquela Igreja foi o do seu casamento.
Hoje, com a Igreja na Rota do Românico, recebe imensas excursões. As pessoas gostam da visita.
O senhor Manuel gostaria de ver a Igreja mais iluminada no exterior, para que tivesse maior visibilidade durante a noite.”