O CEO da Be Water, Alberto Carvalho Neto, aproveitou a sessão de inauguração das obras de remodelação da ETAR de Campo, em Valongo, para mandar um recado ao presidente da Câmara de Paredes sobre o resgate da concessão de água e saneamento à Águas de Paredes, que já seguiu para tribunal.

“Ao nível do grupo Be Water estamos sempre disponíveis para fazer parte da solução. Muito em particular na boa e adequada gestão destes serviços públicos essenciais. Como tal apelo a que se deixem determinadas demagogias e mitos urbanos sobre a necessidade de se reverter concessões para se possa usufruir de financiamento por parte de entidades como o POSEUR. Como podemos verificar no dia de hoje estamos a inaugurar uma obra da concessão Águas de Valongo que trata 60% de saneamento de Valongo e 40% de Paredes”, afirmou.

“Em Paredes, seja quem for o executivo que esteja à frente do município em Janeiro, o tema da água e saneamento vai ocupar muito o próximo executivo. E esta infra-estrutura é, por isso, também desejada. Iremos ter os serviços municipalizados de água e saneamento e vamos ter muito investimento a este nível”, afirmou Alexandre Almeida, autarca de Paredes, na sua curta intervenção, quase numa resposta indirecta.

Confrontado com as declarações, Alberto Carvalho Neto diz que continua a ouvir dizer que é preciso “resgatar a concessão, nomeadamente a de Paredes, para ter apoio e financiamento do POSEUR”, um “mito urbano”. “Hoje está mais que provado que não há necessidade disso, pode haver trabalho em conjunto”, frisou.

“O caso de Paredes está em tribunal e depende de como o juiz vai analisar o interesse público, que é muito relativo”, mas, garantiu o CEO, a “Águas de Paredes quer fazer obra”.

“O que nos propusemos foi a fazer exactamente o que estamos a fazer hoje, conseguir arranjar financiamento e trabalhar em conjunto com as autarquias, a nível nacional, para se conseguir ir buscar investimento e não onerar a tarifa. Desde que houvesse diálogo podíamos ter feito isso”, sustentou Alberto Carvalho Neto ao Verdadeiro Olhar, reiterando que da parte da concessionária não faltou vontade de dialogar, mas que foi por parte da autarquia de Paredes que aconteceu uma “mudança de paradigma”.

“Precisamos e solicitamos sempre que nos entregassem as freguesias que estão dentro do nosso contrato. Só pedimos que respeitem o contrato. Se entregassem as freguesias podíamos cumprir o investimento. Continuamos disponíveis para isso e para o diálogo”, alegou o CEO da Be Water, referindo-se aos sub-sistemas de água do sul do concelho. “Ainda faltam 15 anos de contrato, como é que podem falar de incumprimento se não nos entregaram as freguesias”, pergunta ainda.

Questionado pelo Verdadeiro Olhar, Alexandre Almeida disse que não reagia a provocações. Reiterou apenas o processo já conhecido. “Houve uma fase de negociações. Entendemos que não estavam a defender o interesse público e avançamos com o resgate, em Dezembro. Está a decorrer prazo de 12 meses para tomarmos conta do serviço. Foi interposta, entretanto, uma providência cautelar à qual reagimos e acreditamos que o tribunal nos vai dar razão. Qualquer valor, se não concordarem com o proposto, será depois discutido depois em tribunal”, resumiu o autarca.