Apenas três horas antes da tomada de posse do novo presidente da Câmara Municipal de Paredes, Alexandre Almeida, o presidente cessante, Celso Ferreira, realizou uma cerimónia insólita de despedida, no salão nobre do concelho. Este sábado de manhã, o autarca tinha também realizado inaugurações de última hora em Lordelo.

Durante a sessão, Celso Ferreira disse-se preparado para deixar o cargo. “Quem toma posse de um cargo público tem que estar preparado para sair. Disse-o na minha tomada de posse, em 2005. Saio com o sentido de dever cumprido, realizado e feliz”, afirmou.

“Esta é a minha despedida. Eu fui o rosto mas isto foi um trabalho de equipa”, referiu. No meio de agradecimentos, o social-democrata lembrou que dos seus 12 anos de mandato 9 foram de crise. “Tomamos muitas decisões difíceis”, sustentou.

Ainda enquanto presidente da Câmara Municipal de Paredes, entregou ao até agora vereador e vice-presidente da autarquia, Pedro Mendes, e ao chefe de gabinete, Luciano Gomes, a Medalha de Ouro do Município, distinções que terão que ser ratificadas em reunião de câmara pelo novo executivo, agora liderado pelo PS.

Foram também distinguidos 11 funcionários da Câmara Municipal de Paredes com a Medalha de Mérito de Serviços Distintos, entre eles Rui Moutinho, até agora director financeiro da autarquia e candidato do PSD derrotado nas últimas eleições.

Celso Ferreira e Granja da Fonseca, que deixou hoje de ser presidente da Assembleia Municipal, não abandonaram funções sem deixar eternizados nas paredes da câmara os quadros com as suas fotografias, junto da galeria de ex-autarcas já existente.

Lembradas as principais conquistas do autarca

Num texto lido sobre os 12 anos de mandato de Celso Ferreira foram destacadas as principais conquistas das suas políticas que “elevaram o concelho de Paredes a nível nacional e internacional”.

A educação, e a carta educativa, uma das mais ambiciosas de Portugal, foi apresentada como uma das suas maiores bandeiras. Assim como as medidas de combate ao abandono e insucesso escolar, o pioneirismo na definição da escolaridade obrigatória até ao 12.º ano. Ainda ligado a educação, foi salientado o impulso que a entrega das 64 escolas desactivadas pela construção dos novos centros escolares trouxe às associações de carácter social, cultural e desportivo.

Por outro lado, foi realçado o trabalho realizado na captação de investimento e no alargamento das zonas industriais, a redução do desemprego, a realização de grandes eventos como o Art on Chairs e o consequente prémio europeu Régio Stars.

Entre as principais conquistas do autarca cessante estiveram ainda a criação do Parque do Rio Ferreira, a aposta em termos desportivos, com o início da construção da Cidade Desportiva, a criação de vários campos sintéticos e a construção de 21 pavilhões gimnodesportivos, e ainda a aposta na Protecção Civil, com a construção de infra-estruturas e mais de 1,5 milhões de euros em apoios financeiros.

Apresentado livro sobre presidentes da Câmara de Paredes

No início da sessão, foi apresentado o livro “Presidentes da Câmara de Paredes 1837-2017”, ainda sem versão impressa.

Cristiano Marques, que coordenou a obra, explicou que se trata de um livro que traça o percurso biográfico e da obra feita de todos os presidentes de câmara, desde a fundação do concelho até Celso Ferreira.

O objectivo é reavivar a memória do concelho. “A história de Paredes está por fazer”, sustentou.

Paredes teve já 50 presidentes de câmara e outros quatro em comissões executivas. Houve um presidente que esteve apenas quatro dias em funções, enquanto o que esteve mais tempo – 5977 dias – foi Jorge Malheiro.

Na sessão estiveram outros ex-presidentes do concelho, além de  Granja da Fonseca e, agora, Celso Ferreira, como Alberto Pereira Leite, Jorge Malheiro e Francisco Ribeiro da Mota.