Depois de vir a público que uma consulta de Cardiologia no Hospital Padre Américo, que integra o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, é de 1307 dias, os deputados do CDS-PP do círculo eleitoral do Porto deram entrada, na Assembleia da República, a uma série de perguntas sobre estes tempos de espera.

Sustentando que estes tempos de espera “muito acima dos previstos por lei, representam extrema gravidade e são fonte de preocupação” por poderem colocar alguém em risco, o CDS-PP deixou várias questões à Ministra da Saúde. Desde logo se confirma os tempos de espera superiores a 1.300 dias para uma consulta, o que justifica estes tempos de espera, se há outras especialidades nesta situação, se está garantido o acesso aos cuidados de saúde a esta população, além de quais as medidas de carácter de urgência que podem ser adoptadas para resolver o problema “de forma a não colocar em causa a saúde e a vida dos doentes”.

Questionado pelo Verdadeiro Olhar, o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa lembra que é “um dos maiores centros hospitalares do país no que concerne à população abrangida (mais de 5% da população portuguesa, 520.000 pessoas)e à área geográfica coberta (12 concelhos em quatro distritos)”.

“Isto provoca uma grande carga assistencial e grande afluxo de doentes a que há que responder, sendo que aquando da constituição do Centro Hospitalar, não se previa esta dimensão no afluxo”, sustenta a mesma fonte.

E se, em algumas especialidades médicas, tem vindo a ser corrigida a carência de recursos há casos em que ainda não foi possível promover a colocação de especialistas, como acontece com a Cardiologia. “Acresce ainda que há pouco mais de um ano houve mesmo a rescisão de alguns contratos por médicos que decidiram optar por outro percurso profissional, reduzindo a capacidade de resposta”, diz o CHTS.

O Centro Hospitalar garante que tem pedido reforço de meios, com a colocação de profissionais desta especialidade. “Estamos crentes que, à semelhança do que tem acontecido com outras especialidades, venham a ser contempladas vagas nos próximos concursos para permitir uma resposta mais adequada a este tempo de consulta”, indica a resposta enviada ao nosso jornal.

O CHTS salienta ainda que a qualidade do Serviço de Cardiologia também tem aumentado “muito significativamente a referenciação dos cuidados primários”, com os utentes a não quererem ir para outros hospitais “mesmo tendo hoje liberdade de escolha para o fazer”. Prova disso é que os nove médicos existentes, explica o centro hospitalar, fazem cerca de 9.000 consultas por ano, dão suporte aos cuidados intensivos, acompanham o internamento, fazem consultadoria às outras especialidades que o solicitam e realizam ainda um grande número de meios complementares de diagnóstico e terapêutica.